CRACÓVIA, Polônia -
O Papa Francisco advertiu nesta quarta-feira que o mundo está em guerra devido à perda da paz, em declarações a bordo do avião que o levou a Cracóvia, na Polônia, no dia seguinte ao assassinato de um padre na França por dois extremistas.
Com bandeiras do Papa Francisco, católicos se reúnem em Cracóvia para a Jornada Mundial da Juventude
Jovens católicos invadem Cracóvia para Jornada Mundial da Juventude.
O Papa Francisco advertiu nesta quarta-feira que o mundo está em guerra devido à perda da paz, em declarações a bordo do avião que o levou a Cracóvia, na Polônia, no dia seguinte ao assassinato de um padre na França por dois extremistas.
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"Fala-se tanto de insegurança, mas a palavra verdadeira é guerra. O mundo está em guerra porque perdeu a paz. Quando falo de guerra, falo de uma guerra de interesses, de dinheiro, de recursos, não de religiões. Todas as religiões querem a paz", afirmou na viagem que o leva a Cracóvia para a Jornada Mundial da Juventude.
"Depois de muito tempo, o mundo está em uma guerra fragmentada. A guerra que foi a de 1914, depois a de 39-45, e agora esta. Ela pode não ser a mais orgânica, mais organizada, mas é a guerra".
O Papa pediu ainda que o governo da polônia acolha os que "fogem das guerras e da fome". No castelo real de Wawel, o Pontífice falou às autoridades do país, insistindo que o "complexo fenômeno migratório requer um suplemento de sabedoria e misericórdia para superar os temores e fazer o maior bem possível".
"Faz falta disponibilidade para receber os que fogem da guerra e da fome, e solidariedade com aqueles que sofrem em seus direitos, incluindo os que têm problemas para professar sua fé", disse o Papa.
Neste sentido, ele também pediu que as causas do fenômeno da migração sejam identificadas, que se facilite a volta dos atingidos, que se dê solidariedade e liberdade e, principalmente, que se "dê testemunho com os fatos dos valores humanos e cristãos", acrescentou.
O governo conservador da primeira-ministra Beata Szydlo recusa-se a receber os migrantes, em nome da segurança.
Comentando diante das câmeras de televisão seus 30 minutos a sós com o papa, o presidente Andrzej Duda assegurou que eles não conversaram sobre a questão dos migrantes.
"Cada um ouviu as palavras do Santo Padre, só posso repetir o que eu sempre digo: Somos um país fundado em valores e não recusamos oferecer ajuda a ninguém. Se alguém quer vir para cá, especialmente se é um refugiado, fugindo da guerra, ele certamente vai ser bem-vindo", afirmou Duda.
Mas "não estamos de acordo com a ideia de que devemos impor à população da Polônia pessoas pela força", acrescentou, em uma alusão ao sistema de quotas de migrantes da UE, rejeitado por Varsóvia.
'WOODSTOCK CATÓLICO'
Francisco chegou na Cracóvia nesta quarta-feira. Ele começa uma intensa agenda de encontros, missas e visitas que se estende até domingo, quando termina a Jornada Mundial da Juventude, apelidada de "Woodstock católico". Mais de 200 mil pessoas participaram da missa de abertura do evento, um número menor que o esperado, possivelmente por conta do temor de atentados.
Nos próximos dias, o Papa vai visitar, por exemplo, o Museu Memorial de Aushcwitz, no antigo campo de extermínio nazista, onde cerca de 1,3 milhões de pessoas morreram durante a Segunda Guerra Mundial.
A violência que assola o planeta, mas, principalmente, a Europa e o Oriente Médio, deve ser um dos principais assuntos durante esta viagem. Nos últimos dias, uma série de atentados mostrou que o mundo não vive um momento seguro. No dia 14 deste mês, um terrorista dirigindo um caminhão atropelou mais de 80 pessoas durante a celebração da Queda da Bastilha, em Nice, na França. Na semana seguinte, um alemão filho de iranianos matou a tiros nove pessoas perto de um shopping em Munique, na Alemanha.
Nesta terça, dois agressores tomaram uma igreja na Normandia, na França, e fizeram seis reféns. Eles mataram um sacerdote e deixaram outra pessoa gravemente ferida. Em seguidas, foram mortos pela polícia local. O Papa já havia dito que estava horrorizado com o crime.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/religiao/o-mundo-esta-em-guerra-diz-papa-
A GUERRA DOS SEIS DIAS
A HISTÓRIA DE ISRAEL ( EM PORTUGUÊS )
Ocidente e Islã: choque de duas culturas
Terry Jones era um desconhecido pastor de uma igreja na cidade de Gainesville, de 114 mil habitantes, no Estado da Flórida. Ele chamou a atenção da imprensa internacional ao anunciar que queimaria exemplares do Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, no aniversário dos ataques de 2001. A intenção do religioso era protestar contra o projeto de construção de um centro islâmico próximo ao Marco Zero, local onde era situado o World Trade Center.
Temendo reações de extremistas islâmicos, autoridades como o Papa Bento 16, o presidente Barack Obama e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon , além de chefes de Estado da Europa, pediram que o religioso desistisse do ato. Ao mesmo tempo, três pessoas morreram em manifestações contrárias ao pastor no Afeganistão. A pressão, porém, surtiu efeito, e Jones desistiu de queimar o livro sagrado.
Episódios como esse têm se tornado mais comuns nos últimos anos. Em 1989, o escritor anglo-indiano Salman Rushdie ficou famoso depois do Irã decretar uma fatwa (sentença de morte) contra ele. Rushdie foi acusado de blasfêmia em seu romance Os Versos Satânicos. Desde então, passou a viver escondido e sob proteção policial, mesmo após o Irã suspender a condenação em 1998, atendendo aos apelos da comunidade internacional.
Em 30 de setembro de 2005, o jornal Jyllands-Posten, de maior tiragem na Dinamarca, publicou 12 caricaturas intituladas "As faces de Maomé". As charges provocaram manifestações violentas, incêndios em embaixadas dinamarquesas e uma crise diplomática com países árabes. O redator-chefe do jornal, que foi ameaçado de morte, pediu desculpas publicamente, enquanto outros jornais europeus publicaram as caricaturas em defesa da liberdade de expressão e de imprensa.
Mais recentemente, países europeus votaram leis restritivas aos costumes islâmicos em ações consideradas hostis pelos 15 milhões de muçulmanos que vivem no continente. Em 29 de novembro de 2009, a Suíça aprovou, mediante referendo, a construção de minaretes - torres de mesquita de onde se chamam os muçulmanos para as orações diárias.
No último 14 de setembro, o Senado francês aprovou uma lei que proíbe o uso de véus islâmicos integrais - a "burka" e o "niqab" - em espaços públicos do país. Os parlamentares alegam questões de segurança, além de respeito aos direitos das mulheres.
Mas a lei, que deve entrar em vigor no próximo ano, causou controvérsia no país que abriga a maior comunidade muçulmana da Europa. O islamismo é a segunda maior religião da França, atrás somente do catolicismo.
A norma prevê multa de 150 euros para quem desacatar a proibição do uso da vestimenta.
Estimativas apontam que cerca de 2 mil mulheres usam o véu no país. Propostas semelhantes foram aprovadas na Bélgica e na Dinamarca (proibição parcial), e entraram em discussão na Itália, Espanha, Reino Unido, Holanda e Áustria.
Raízes comuns
Islã ou civilização islâmica se refere aos povos que seguem a religião do islamismo, cujos fiéis são chamados muçulmanos ou islamitas. O islamismo foi fundado pelo profeta Maomé no século 7, na Arábia. Ele possui raízes comuns com outras duas religiões monoteístas, o cristianismo e o judaísmo.
Apesar de essa religião ter surgido entre os árabes, eles representam apenas 15% dos muçulmanos no mundo. O islamismo é predominante em mais de 50 países do Oriente Médio , Ásia, África e Europa, estando espalhado em comunidades em todo o mundo, inclusive no Brasil.
O Alcorão (ou Corão) é o livro sagrado dos muçulmanos. Eles consideram que a obra foi ditada a Maomé pelo arcanjo Gabriel.
Uma das principais diferenças dos países islâmicos em relação ao Ocidente é justamente não separar religião de Estado. O Alcorão serve de base para organização social, política e jurídica ("sharia"). Por esta razão, enquanto a maioria dos povos ocidentais adotou a democracia , os povos islâmicos vivem, em sua maior parte, em teocracias. A Turquia é um dos raros países de maioria muçulmana que também é secular e democrático.
Outro ponto de discórdia diz respeito a liberdades civis e direitos humanos, considerados uma conquista no mundo moderno. Uma interpretação mais rigorosa do Alcorão acaba confrontando alguns destes valores ocidentais.
Por conta desse estranhamento, para o Islã a cultura ocidental é materialista, decadente e imoral. Os ocidentais, por sua vez, costumam associar os muçulmanos a grupos terroristas, como a Al-Qaeda , o Hamas e o Hezbollah , e à violência contra mulheres e minorias. Ambas as visões, é claro, são equivocadas na maioria das vezes.
Cruzadas
As diferenças religiosas, culturais e políticas entre os povos islâmicos e os ocidentais se acentuaram a partir da segunda metade do século 20. Dessa forma, os principais conflitos do mundo contemporâneo, como as guerras do Iraque e do Afeganistão, possuem causas na animosidade entre as duas civilizações. A origem da discórdia, porém, é bem mais antiga.
Entre os séculos 7 e 8, os árabes dominaram o Oriente Médio, o Norte da África, a Pérsia e a Índia Setentrional. A reação da Cristandade começou no século 11, com a conquista do Mediterrâneo e o início das Cruzadas (1095). Por um século e meio, os cristãos resistiram em potentados na Terra Santa, até a invasão dos turcos otomanos, que retomaram o controle da região dos Bálcãs e do
Oriente Médio.
Até então, e durante a maior parte da história da humanidade, o contato entre povos foi escasso e pouco duradouro. O motivo eram as dificuldades para se transpor as barreiras geográficas. Isso começou a mudar a partir dos séculos 15 e 16, com a expansão colonial.
As principais nações imperialistas, como Inglaterra, França, Espanha, Alemanha e Estados Unidos, travaram guerras e promoveram campanhas expansionistas até o século 20. O imperialismo europeu levou seus valores ocidentais - oriundos de dois importantes movimentos, a Reforma Protestante e o Iluminismo - ao mundo árabe. Décadas depois, os Estados Unidos fariam o mesmo em guerras no Golfo Pérsico .
Acontece que tais iniciativas, promovidas mediante o poderio bélico, só alimentaram movimentos nacionalistas e de independência nos países árabes, que passaram a ver o ocidental como inimigo. Um bom exemplo disso é a Guerra do Iraque, que constituiu uma tentativa, até agora fracassada, de implantar a democracia à força. Como resultado dessas intervenções, os americanos se tornaram o principal alvo de grupos extremistas como a Al- Qaeda, suspeita dos atentados de 11 de Setembro.
Fundamentalismo
Mas como o Islã ganhou importância no panorama geopolítico do mundo moderno? Até poucas décadas atrás, durante a Guerra Fria, o mundo era dividido em três blocos econômicos e ideológicos distintos: havia o Primeiro Mundo, representado pelos Estados Unidos; o bloco socialista, liderado pela antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), e o chamado Terceiro Mundo, formado por países pobres e não alinhados (entre eles o Brasil).
Neste contexto, o islamismo surgiu em sua versão fundamentalista como movimento religioso e intelectual, nos anos 1970, e se espalhou rapidamente pelo Oriente Médio, África, Ásia e Europa. Para isso, contou com o financiamento de potências árabes, ricas em petróleo, e ocidentais, que os viram como alternativa a movimentos nacionalistas e comunistas.
Com o colapso dos regimes comunistas no final dos anos 1980, os choques culturais com o Islã substituíram a antiga disputa entre as superpotências.
Isso ocorreu primeiro devido à crescente importância das nações árabes, decorrente da alta do preço do petróleo, até os anos 1980, e depois em razão do crescimento populacional. O aumento da população de jovens também alimentou o fundamentalismo. Depois de doutrinados, os jovens se espalharam pelo Ocidente e, com a maior proximidade entre os povos, foram acentuadas as diferenças religiosas e de valores culturais.
Em segundo lugar, enquanto na maior parte da Europa a queda de ditaduras socialistas deu lugar a regimes democráticos, em países islâmicos, ausentes de tradição democrática, o fundamentalismo foi adotado. Um exemplo foi a Revolução Iraniana de 1979, que precedeu o fim do comunismo. Com a esquerda combalida, a afirmação de identidades regionais em torno do islamismo emergiu como principal resposta ao processo de globalização .
"O mundo está em guerra", disse o papa Francisco nesta quarta-feira (27/07), a bordo do avião que o conduzia para a Polônia, onde aterrissaria pouco depois, na cidade de Cracóvia. Francisco ressalvou que não se trata de uma guerra religiosa. "Há uma guerra de interesses. Há uma guerra por dinheiro, por recursos naturais, pela dominação de pessoas.
Esta é a guerra", afirmou. "O mundo está em guerra porque ele perdeu a paz." Francisco afirmou que os recentes ataques terroristas podem ser vistos como mais um grande conflito, mencionando a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Ele aterrissou na Cracóvia sob a sombra do ataque numa igreja na Normandia no dia anterior, na qual um padre octogenário foi degolado por dois homens que declararam lealdade ao grupo extremista "Estado Islâmico" (EI). "A palavra que se ouve com frequência é insegurança, mas a palavra correta é guerra, não devemos ter medo de dizer isso", disse o papa sobre o atentado. "Não estou falando de uma guerra de religiões. Religiões não querem guerra. Os outros querem guerra", reiterou.
Francisco chamou o padre Jacques Hamel, que foi morto por terroristas na Normandia, de um padre santo, mas acrescentou que ele é apenas uma entre tantas vítimas inocentes.
No aeroporto de Cracóvia, Francisco foi recebido pelo presidente polonês, Andrzej Duda, outras autoridades e centenas de fiéis que aguardaram por ele durante horas. O pontífice viajou ao país por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, que vai até o dia 31 de julho e deve reunir milhares de pessoas.
Além de participar do grande evento católico, Francisco aproveitará a ida à terra natal do papa João Paulo 2º para visitar o campo de concentração de Auschwitz e celebrar uma missa pelo 1050º aniversário do país.
Os ataques do 11 de Setembro nos Estados Unidos foram o ponto alto desse embate cultural. Desde então, a tensão entre os povos islâmicos e ocidentais tem ditado manobras diplomáticas e políticas, com um forte - e perigoso - apelo a radicais de ambos os lados.
LINK ORIGINAL:
http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/ocidente-e-isla-choque-entre-duas-culturas-define-mundo-contemporaneo.htm
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