As pessoas nascem com tendências diferentes, tal fenômeno é perceptível e observável embora não se tenha chegado a um consenso de como isso se dá. Desse modo se tem pessoas com tendencia maior a serem religiosas ou a uma religiosidade e outras mais anárquicas, menos sucetíveis a repetições de coisas ou menos dependentes de processos litúrgicos, etc. Portanto mais desorganizadas ou menos "fieis" diante dessas mesmas liturgias, menos atentos a dogmas e até mesmo menos conhecedores da teologia de suas pretensas religiões, herdadas familiar ou tradicionalmente. Assim como há pessoas com mais prazer explícito na prática de um esporte, há pessoas que igualmente têm um claro prazer em práticas religiosas, seja qual religião for.
Isso é perfeitamente normal, foi em toda a nossa história pregressa e ainda é hoje nas novas denominações surgidas no meio protestante evangélico ou em movimentos carismáticos católicos. Eu mesmo, acompanhando minha mãe, passei com ela por algumas religiões em períodos simultâneos e diferentes e mesmo depois de convertido a Cristo, não poso ser considerado um "fiel" aos costumes e à cultura denominacional. O que é sério para muita gente, um acontecimento impactante, algo imperdível, para mim não tem nenhum atrativo maior.
O resultado que modismos vêm e modismos vão, novidades vêm e novidades vão e eu me surpreendo sim como pessoas que se mostraram vibrantes e tão impactadas por determinadas coisas que jamais voltam a falar nelas e pior: muitos se desviam do Evangelho e aquelas coisas tão grandiosas não servem nem ao menos para lembrá-los que a experiência com Deus deveria ao menos ser lembrada e retornada! Não vejo na minha igreja ninguém se referir nem de passagem ao episódio dos "dentes de ouro" e eu me pergunto por que não falam, não escrevem, não testemunham e não falam mais disso?
Inconscientemente sabemos hoje, e poucos são recalcitrantes em pensar o contrário, que a religião não salva o ser humano. Pouco são tão néscios em atribuir estritamente à sua religião o poder de salvação, mesmo ente os muçulmanos que consideram ( como os judeus no judaísmo ) a sua religião a única religião para salvação que certos atributos como justiça e bondade deve acompanhar a vida de quem parte dessa vida. Obviamente como crentes sabemos que a salvação real e verdadeira só se dá pela graça e por uma única pessoa: Jesus Cristo homem e Deus!
Mas mesmo no meio cristão, protestante, evangélico moderno, contemporâneo, há discrepâncias inconscientes: muitos sinceramente acham que Deus os tenha posto em determinada denominação e igreja por lá ser exatamente a melhor igreja! e convidam as demais pessoas perdidas, somente para a sua denominação, com toda a sua cultura denominacional desencorajando-as de irem a outra igreja! E se as pessoas perdidas não vão ou vão e não se adaptam, elas simplesmente perderam um importante e insubstituível suporte para a salvação delas! Na verdade não dizemos isso às outras pessoas, não dizemos isso aos demais irmãos de outras igrejas e denominações, mas de fato é assim que pensamos no fundo de nossa mente e pior agimos sem a menor autocrítica!
Não fora assim durante um tempo promissor para o Evangelho no Brasil! alguém pregava nas praças e ruas e as pessoas eram todas incentivadas a irem na igreja mais próxima de sua casa e milhões se converteram assim no Brasil há quarenta, trinta ou até vinte anos atrás! hoje muitos preferem protegerem as pessoas de determinadas igrejas mesmo que em tese possam ser atropeladas minutos depois sem serem salvas! Algo mudou para pior!
Elegemos "igrejas melhores" e igrejas piores" como se isso fizesse para Deus alguma diferença. Não poucos irmãos hoje, no Brasil, atualmente se engajam apaixonada e duramente em combates como "alguns contra o arminianismo" e outros "contra o calvinismo". Embora pessoalmente eu tenha convicção dos erros da teologia calvinista e aportunadamente denuncie seus desvios bíblicos, ser calvinista ou arminiano além de não ser algo fácil e acessível a 90% dos crentes ( por não estarem nem aí para essas questões ) não é garantia de santidade, de fé, enfim de salvação!
Logo Deus espera de cada um de nós atitudes e fé muito mais agradáveis que um simples embate movido ou pelo gosto pelo conhecimento ou pela vaidade de estar mais certo que o seu oponente. Deus sabe oque não sabemos! Deus sabe o que não entendemos! Deus sabe que só sabemos o que sabemos porque outro ser humano limitado como nós mesmos nos disse ou transmitiu tal conhecimento ou opinião para nós mesmos. E não haveria outro modo de saber isso, é um fato normal essa limitação da dependência do que o outro sabe e crê!
Se houvesse uma igreja, uma denominação, um pregador, um líder, com 100% de correção, Deus deveria se sentir responsável e obrigado em guiar todas as pessoas para ela e para seguir esse único líder, mas sabemos que não é assim, pois só há um pastor a quem todas as ovelhas devem ouvir a Sua voz: Jesus Cristo e não a um pregador em particular!
Portanto não há essa igreja e essa denominação! o que há é pregadores pregando a Palavra de Deus que é viva e que tem ação própria! eles pregam de acordo com a limitação de cada um, e são suficientes para que ouvindo sua mensagem, alguém seja salvo! Uma situação bem diferente de alguém que nunca viu uma igreja, nem mesmo católica, uma cruz sobre uma torre e nunca ouviu a biografia de Jesus Cristo contada de alguma maneira!
Todos os que em alguma época já travamos esse conhecimento básico, de ouvir falar de Jesus Cristo, já obtivemos elementos suficientes para sermos salvos ou não! Imagine um de nós nascido no Brasil do século XVI onde praticamente toda a população vivia sobre o domínio e influência do Catolicismo Romano com suas crendices, regras, dias santos, idolatria, dogmas e etc? Entretanto o Catolicismo Romano contou a história de Jesus Cristo e a fez conhecida naquele tempo, que desculpa, teria alguém vivido naquela época por não haver crido em Jesus como o Salvador? nenhuma! mesmo sem apelo para aceitar Jesus, sem escolas dominicais, sem curso de batismo, sem batismo pelas águas, etc.
Há na Bahia, em uma de suas mais famosas igrejas católicas, um epitáfio escrito em uma tumba nointerior dessa mesma igreja, na tampa do jazigo:"Aqui jaz um pecador". Um homem rico doou à igrej ao terreno e possivelmente bancara em vida a construção da mesma, mas a grande lição desse homem que ao ter crescido ouvindo a biografia de Jesus Cristo, ouvido falar da sua Salvação, ao morrer esse homem tinha total consciência de que era um homem pecador e perdido carente da Salvação e da Graça do Salvador. Na cultura que vivia e nas possibilidades de expressar a sua féno Salvador, com as posses que tinha, deixou um testeumunho público e permanente de como ele, pecador entendia a sua condição diante do Filho de Deus. Teria o testemunho dele menor valor e força do que o do Centurião Romano cuja fé fora eleogiada prontamente pelo Senhor Jesus? uma fé diametralmente oposta foi a da sincera dúvida de Nicodemos o religioso da única religião correta em sua época!
Da mesma forma nos dias de hoje, por estar na pressupostamente "melhor igreja" com as melhores pregações, com livros cristãos a rodo nas livrarias, com a melhor teologia, com incontáveis canções de todos os gêneros e gostos falando sobre Jesus Cristo, sobre salvação, curas e milagres, etc, etc. é garantia de salvação no melhor sentido da palavra! Somos salvos por algo simples e se nos perdermos quando nos perdemos por algo igualmente simples: a fé em Jesus Cristo ou a ausência dela!
Sou professor e tenho dois colegas e amigos professores que tiveram a liberdade e não por provocação em conversas dizerem duas coisas fatais para as suas almas: um disse-me certa vez "Jesus não é Deus!" O outro disse em outra ocasião da forma mais sincera: "Esse negócio de Jesus ser Deus não me desce... não consigo entender! O primeiro crê em coisas absurdas ligadas a esoterismo e reencarnação, gosta de falar em Deus e estimular as pessoas a agradecerem e a pedirem ao "Grande Arquiteto do Universo", o segundo estimula os seus filhos a terem alguma fé, a terem uma religião, mas ele mesmo não consegue crer!
Trata-se no exposto acima de dois exemplos desastrosos do contrário da fé e da segurança da salvação: boas pessoas negando justamente aquilo que as pode salvar, a única salvação, a fé Jesus Cristo no que Ele é, Deus, homem e Salvador!
A porta da perdição é larga, conforme afirmara o Senhor Jesus e a da salvação estreita! não que ser salvo seja exatamente difícil ( Jesus dissera que a salvação seria difícil aos ricos mas por esses terem a sua atenção voltada as suas facilidades e a ilusão de se sentirem autossufientes! ) mas sem dúvida se perder, perder a sua alma é extremamente fácil, basta crer em qualquer coisa que não seja a Salvação na pessoa de Jesus Cristo!
Por isso a razão e o objetivo dessa simples postagem: é necessário, é imprescindível "guardar a fé", guardar aquilo que é realmente mais importante e relegar a segundo plano tudo o que é mais passageiro, mutante, de época, cultural.
A nossa experiência na igreja ou nas igrejas é cultural, tratando-se apenas de uma experiência tão característica de uma época, de um tempo! Em quarenta e um anos desde que atendi ao apelo do querido pastor Márcio Valadão, em um culto de segunda-feira a noite, chamava-se "Culto de Poder", quase tudo mudou na mesma igreja, muitas coisas para melhor e talvez muitas para pior, mas não era e não é para a cultura da igreja que eu deveria ou devo olhar... olhando para ela quantos convertidos sinceros e abençoados a deixaram e muitos, de uma forma pior deixaram a fé em Cristo!
O mesmo sempre ocorreu e ocorre em tantas denominações! Alguns por sorte, mantém a sua fé deslizando de denominação em denominação, de igreja em igrejas, colecionando alegrias e tristezas, bençãos e desapontamentos, boas novidades e coisas ruins que vão minando a sua fé e passando muitas vezes algo ácido para seus descendentes, parentes, filhos criando uma barreira para que esses um dia nem cheguem a crer e serem salvos!
O propósito de Deus, e algo indesculpável pelo ser humano é que Deus não nos dá motivos para que percamos a fé. A segurança de que ninguém pode arrebatar-nos de suas mãos é real, verdadeira! e não como erroneamente é entendida como "uma vez salvo,salvo para sempre" como se o então "salvo" pudesse fazer o que fizer e continuar a ser salvo! Deus não é Deus de injustiça e confusão! Igualmente a salvação pela graça, bandeira única e irretocável de todos os Reformadores, não é coerente com a presunçosa predestinação calvinista. Se alguém fosse salvo predestinadamente deixaria de ser de graça e graciosamente, teria que ter um motivo e uma razão, a não ser que tenha sido um sorteio cósmico, coisa que certamente não foi, pois "Deus amou o mundo" e Jesus Cristo veio para que "todo aquele que nele crer tenha a vida eterna!"
Um dos criminosos nas cruzes ao lado do Senhor Jesus foi um homem salvo, sem ser religioso, sem ter testemunho de uma vida honradamente religioso, sem uma oração com imposição de mãos sobre a sua cabeça invocando que Deus o recebesse e escrevesse o seu nome no Livro da Vida, ele apenas após defender o Senhor Jesus diante da zombaria e escarnio do colega, se dirigiu ao Senhor Jesus e lhe dissera pessoal e objetivamente: "Senhor, lembra-te de mim quando entrares no Teu reino"!
Um soldado romano próximo à cruz dissera de forma audível aos que estavam a sua volta: verdadeiramente é o Filho de Deus!"
O que salva um ser humano da sua condição de perdido não é o conhecimento de um Jesus Cristo como personagem histórica! Poucos duvidam que tenham havido um Napoleão, um Alexandre, determinado Faraó, muitos da mesma forma creem em um Jesus histórico! os judeus acreditam que tenha havido um judeu historicamente conhecido como Yeshua ( Jesus ) tanto que o denigrem e e o difamam ativa e sistematicamente até os dias de hoje! os muçulmanos igualmente, não negam a existência de Jesus como profeta, até dizem que ele voltará, mas o denigrem e mudam as características que provariam a sua divindade! os kardecitas igualmente destacam o seu exemplo de amor, mas negam a sua divindade e negam o que Jesus enfaticamente dissera sobre o inferno, sobre o juízo e sobre realidade de apenas uma única vida para o ser humano nesse mundo, negando peremptória e objetivamente a possibilidade de reencarnação e uma pressuposta putrificação e/ou evolução a partir dela.
Que fé Paulo, o outrora e anterior Saulo guardara em seu testemunho final em uma de suas cartas?
Paulo, antes Saulo cria sinceramente e totalmente em Deus como Criador, Soberano, e todos os demais atributos revelados no Antigo Testamento! a nova fé de Paulo era justamente a fé oriunda, resultante do encontro real como ressuscitado Jesus Cristo o qual ele, Saulo, veementemente não acreditava e combatia!
A fé que devemos guardar e não devemos que nada e nem ninguém nos roube em circunstância nenhuma é a fé do encontro pessoal com Ele, a mesma fé que um dia nos deu a percepção da realidade de que Ele é, que Ele existe e é tudo o que Ele mesmo disse um dia!
Imagine que tenha conhecido uma grande personalidade humana um dia, qualquer uma! décadas depois tudo mude, a respeito daquela pessoa, e todo o contexto em volta dela e relacionado com ela. O que valerá para você? o seu contato pessoal com ela ou tudo o que ocorreu independentemente desse contado, o que as pessoas passaram a dizer, o que essa mesma pessoa se tornou, etc?
Ouvi essa história real de uma pessoa que teve tal experiência: um engenheiro brasileiro esteve no Iraque trabalhando lá em uma época que o Brasil e construtoras brasileiras tinham grande cooperação com o governo iraquiano. Quem governava o Iraque era o ditador Sadan Russen. Após voltar ao Brasil, muito impressionado com a rigidez mas hospitalidade oferecida por uma cultura oriental, no caso a iraquiana, anos depois, em seu aniversário o tal engenheiro mineiro, recebe pelo correio, uma caneta de ouro com uma carta assinada pelo próprio Sadan Russen.
Todos nós hoje conhecemos o triste final e os atos bárbaros do então governante iraquiano, porém para esse engenheiro, mineiro, brasileiro de Minas Gerais, ficou e ficará até ao final de sua própria vida a impressão do contado pessoal com aquele homem!
Essa deve ser a fé a ser guardada diate do Senhor Jesus! o nosso contato íntimo com Ele um dia ainda mais que contrariamente ao que foi o ditador Sadan Russen, Jesus Cristo é o mesmo hoje e sempre! Não deve haver mudança no que que creio a respeito dEle para pior! Ele é imutável, é o mesmo Jesus que andou por aqui na Terra há pouco mais de dois mil anos atrás! É o mesmo Jesus que nas minhas primeiras orações eu me dirigi a Ele e senti sendo ouvido e recebido! Ele não mudou! Ele não mudará! Por que então minha fé tenha que mudar?
Ele é a pedra de esquina, é a rocha firme sobre a qual devamos todos estar firmados! Ele é a nossa segurança! A nossa máxima, total e única segurança!
Não é o fato de ser batista, pentecostal, tradicional, reformado, calvinista, neo pentecostal, etc que me dá segurança, ou nos dá segurança, ou aumenta a nossa segurança! Se cremos nEle, todos já temos total segurança nEle!
Essa é a semente caída e brotada no melhor solo!
É legítimo estarmos em uma igreja, em uma denominação, em contato com irmãos e crentes mas nem isso mesmo é a nossa segurança, tudo isso apenas é um contexto que pode ser mais ou menos favorável, como morar em um país melhor ou em um país pior, em uma cidade pior ou em uma cidade melhor, em estudar em uma escola mediana ou ruim ou em uma escola melhor, mas o que conta finalmente é o que somos apesar das circunstâncias e contexto em que estamos.
Quanto tempo perdido e a quanta atenção despendida com o que não é definitivamente o mais importante!
Após o falecimento de minha sogra, soube por depoimento de minha esposa que preste a morrer em decorrência de uma pneumonia, no leito sem melhoras ela perguntara ultimamente: "... e Deus, ode está Deus?" ao que não sei se houve tempo ou uma resposta que lhe desse paz definitivamente naquele momento.
Minha mãe morreu no hospital em decorrência de um câncer para o qual não havia mais solução médica. Um dia em uma visita, por causa do horário da visita, tivemos que acordá-la, ao que ele ao acordar dissera: "Huum! vocês me acordaram... eu estava num lugar tão bonito!"
Minha sogra não quis seguir o exemplo de meu sogro e se converter ao Evangelho... minha mãe creu antes de mim e me levou a conhecer a Cristo.
Essa é a diferença!
Há um provérbio mais ou menos novo nascido na modernidade evangélica, mas é verdadeiro:
"Você pode viver sem Cristo! mas você não pode morrer sem Ele!"
Que essa postagem seja de alguma forma benção para você na sua vida!
Por Helvécio S. Pereira*
* graduando em teologia