Mais um ano se inicia ( 2012 ) e um sentimento recorrente para muitos crentes é um desconforto pelo que uma população de cristãos evangélicos tem, devido a várias influências e circunstâncias, apresentado um conturbado e pouco claro perfil, que além de multiforme ( no mau sentido ) é claramente contraditório e escandaloso.
É naturalmente humano nos identificarmos com um grupo de pares: torcedores de um time de futebol ao se identificarem com determinado clube, assumem e se orgulham das características autoimpigidas tanto dos torcedores como dos atletas e dirigentes, como valentes, corajosos, habilidosos, inteligentes, etc, etc. No âmbito da religião, católicos romanos permanecem católicos apostólicos romanos, muitas vezes sem conhecerem a complexa e nem sempre honrosa história do catolicismo, devido ao seu peso histórico, afinal é uma igreja de pelo menos mil e quinhentos anos. A idéia vaga e nem tão verdadeira de sólida, resistente a todas as mudanças cativam grande parte das pessoas. do lado dos protestantes, a saga e a odisséia dos reformadores, lutando contra uma oligarquia maior do que eles mesmos e a sua denúncia contra as falácias teologias do catolicismo apaixonam legitimamente não poucas pessoas.
Ainda nos arrais renovados, carismáticos, pentecostais e neopentecostais, o fervor patente, as declarações e confissões, sem respeito ao que opositores possam declarar sob qualquer argumento, cativa não menos pessoas. Portanto para diferentes pessoas é fácil em princípio, fazer uma opção entre a aparente solidez do catolicismo romano, confessando que jamais deixarão de ser católicos romanos, mesmo diante de qualquer argumento contrário. A aparente solidez institucional católico romana as fascina de forma contundente.
No seio reformado, a inteligência e a argumentação de João Calvino e de outros reformadores pode legitimamente ser a bandeira adotada por considerável número de cristãos. Afinal estes reformadores contra forte oposição e bem menos recursos de comunicação e movimentação sacudiram literalmente o mundo a quinhentos anos atrás. Sua história, sua argumentação, seus escritos, seus pensamentos abrangentes, suas conclusões pragmáticas e objetivas são apaixonantes.
Com o advento do pentecostalismo com suas inegáveis demonstrações testemunhadas, levando a experiência religiosa cristã um passo além, não do discursivo, além do teórico, mas revivendo publicamente boa parte dos sinais, encontrados nos registros neotestamentários, faz com que os que vivenciaram, vivencia ou simplesmente testemunham in loco, tais fenômenos não prefira a calma e a condição religiosa tradicional, que atravessara todo o catolicismo romano ( e não somente ) e que não era mito diferente entre os protestantes, em termos de ordem de culto, liturgia, etc.
Ainda os neopentecostais vão a um passo além, relevando parte do exibicionismo carismático pentecostal, mas anunciando que tudo deve culminar em resultados, os dons são meios e não fins em si mesmos. Não convém falar em línguas publicamente ou profetizar publicamente como demostração de cristandade e espiritualidade, há de materializar visivelmente na vida do crente condições, que sejam condizentes com a sua condição de quem conheça e ande com Deus. Se Deus é vitorioso, o crente deve sê-lo, na medida em que a sociedade a sua volta possibilite isso aos incrédulos, logo esse crente deve ser cabeça e não cauda, em meio aos demais crentes e incrédulos.
Guardadas as proporções, toda essa multidão de cristãos nominais ou não, têm razão em alguma monta. O respeito ao sagrado por parte dos católicos romanos ainda que diante de seus ídolos e do espaço do sagrado, foi perdida em certa monta pelos atuais crentes, excessivamente secularizados, "enturmandos" no mundo, de modo que você tem hoje "evangélicos" e "evangélicas" em reality shows que demostram tanta ou mais fragilidade humana do que o mais empedernido incrédulo.
A falta de auto crítica por parte de pentecostais e neopentecostais além de uma ética estranha e incoerente é outro dado bastante patente que escandaliza a não poucos. Reformados e protestantes históricos, empedrenidos e guiados por defuntos que teimam em desonestamente ignorar absurdos compreensíveis e de reformadores, que naturalmente erraram em certas questẽos e não em coisas tão simples e passíveis de serem ignoradas.
Além de erros teológicos patentemente bíblicos ( tanto Lutero e Calvino ) entre acertos fundamentais, suas biografias registram assassinatos por parte de Calvino e incitação a matança de Judeus por parte de Lutero. Somos resultados de suas aventuras históricas, movidos eles por Deus, e devido a esses homens e outros seus contemporâneos, e os que vieram depois deles, temos muito do que temos hoje, mas fazê-los gurus espirituais evangélicos, únicas e inabaláveis referências, excede o que a própria Bíblia aponta pra nós hoje, embora muitos digam que isso não acontece de fato, é indesculpável e algo a ser abandonado definitivamente.
Além de erros teológicos patentemente bíblicos ( tanto Lutero e Calvino ) entre acertos fundamentais, suas biografias registram assassinatos por parte de Calvino e incitação a matança de Judeus por parte de Lutero. Somos resultados de suas aventuras históricas, movidos eles por Deus, e devido a esses homens e outros seus contemporâneos, e os que vieram depois deles, temos muito do que temos hoje, mas fazê-los gurus espirituais evangélicos, únicas e inabaláveis referências, excede o que a própria Bíblia aponta pra nós hoje, embora muitos digam que isso não acontece de fato, é indesculpável e algo a ser abandonado definitivamente.
De forma resumida, todos, ou a grande maioria dos cristãos de hoje, nos encontramos em uma dessas situações, em alguma dessas igrejas, e temos razões humanamente lógicas para permanecermos em uma delas, como simples fiéis, como membros de igrejas ou religiosos ( padres e pastores ). Mas gostaria de lembrar que a despeito da história individual de cada um de nós, cristianismo não é religião, no sentido de ser uma religião, uma igreja cristã com toda as suas implicações materiais e práticas, vai muito além disso, sob todos os aspectos. Há algo que antecede e prevalece sobre essa experiência pragmática e real de optar e de se dizer pertencer a uma igreja, seja qual ela for.
Ser cristão é estar além desses elementos visíveis. É certo que há igrejas e igrejas, melhores e piores, momentâneamente melhores, circunstancialmente melhores, ou piores, etc. Mas vai sempre além disso. Penso nesse caso sempre como a oferta da viúva pobre no grande e suntuoso templo de Herodes a quem o Senhor Jesus valorizara. É claro que, na minha opinião e experiência, a Igreja Católica Romana, é um mau lugar para a vivência da verdadeira e bíblica experiência do cristianismo. E todos quantos a tem, lá dentro de suas paredes institucionais, são expulsos de lá ou impedidos de irem na verdadeira e boa direção.
Logo a opção é protestantismo histórico em suas várias vertentes, primeiro pelo livre exame das Escrituras, e consequentemente livre interpretação, algo fundamental e inevitável para ouvir a revelação de Deus, só encontrada na Bíblia. Dessa forma reformados, igrejas reformadas, propiciam melhormente o contato com a fé bíblica e conhecimento da Palavra de Deus, mas não somente eles, mas em geral em boa medida todas as igrejas chamadas evangélicas, distribuídas socialmente em todas as camadas sociais e intelectuais. Pentecostais e Neopentecostais apregoam e propiciam uma experiência fenomenológica neotestamentária, algo teimosamente negado por reformados e tradicionais mesmo sendo arminianos. Há uma pequena parcela de calvinistas pentecostais bem como paraprotestantes pentecostais ou renovados, como Adventistas da Promessa e outros grupos menos conhecidos.
Mas se há quem julgue que as coisas sejam tão simples assim, não o são de fato. Há só uma experiência verdadeiramente bíblica, teologicamente correta mas que nem por isso pode ser impingida e fabricada, nem pela mais apologética teologia bíblica, que é exatamente a do Novo Nascimento, efetuado pelo próprio Deus ao crente. Ou seja, biblicamente, quem não nascer de novo não pode ver o reino de Deus. Isso significa que ainda que o cristão auto denominado assim, esteja na melhor igreja, se não tiver essa experiência, só tem um ralo e razo verniz religioso cristão, e não é um convertido de fato. Sua condição cristã é um alinhamento posicional com algo que teve simpatia e não uma experiência biblicamente real.
Deus tem filhos e não netos, simples herança cristã, assentimento puro e simples ao que lhe foi ensinado, algo legítimo e útil, não são suficientes como cristianismo. É urgente uma conversão como a de Saulo e a transformação desse em Paulo. Logo não é o reformado melhor que pentencostal ou do que o neopentecostal e nem melhor que o católico romano, o calvinista melhor que o arminiano, etc, mas todo os crentes, independentes de suas igrejas circunstanciais que de fato Nasceram de Novo. Há de se ter passado pela porta, por outro meio, e ladrão e salteador, dissera o Senhor Jesus.
Sem um encontro real com o Senhor da Igreja, universal e invisível, e não as institucionais e religiosas, ainda que cristãs, não há cristianismo, vida cristã e nem o crente de fato. Sem o arrependimento de Zaque, a confissão do centurião diante da morte de Jesus não há crente e nem cristão. Não se pode fabricar um crente, um cristão, um padre, um pastor. As religiões e igrejas institucionais podem fazê-lo todos os dias, mas eles nada são. Deus não os conhece e nem os reconhece.
Logo não temos de nos envergonhar se tais e tais pessoas, autodenominadas cristãs ou "evangélicas", escandalizam o evangelho. São produto circunstancial de um fenômeno: a relação e aglutinação humanas em torno de tantas coisas, inclusive religiosas, por que não? Isso sempre aconteceu. Pessoas não nascidas de novo fizeram da Igreja católica romana o que ela é hoje, apóstata. Calvinsitas históricos não renascidos fizeram de boa parte da Igreja Presbiteriana americana, o sepulcro caiado que é hoje,só a título de exemplo. Mas as demais igrejas cristãs não estiveram e não estão ilesas de sofrerem a mesma influência.
Em ocasiões de perseguição e oposição só os verdadeiros crentes permanecem com sua fé bíblica, os demais se vão. Curiosamente quando as circunstâncias favorecem o assentimento a fé cristã, muitos se bandeiam apressadamente para o lado da igreja e da experiência religiosa. A conversão deixa de ser uma experiência e prerrogativa e basta uma confissão simpática a uma maneira genérica de ser cristão ou crente. Dessa forma cabem todos, os que de fato se convertem e têm experiências com Deus e a turma do ôba-ôba.
Felizmente, há pessoas com experiências reais em todas as tendências cristãs, dos reformados aos neopetecostais. Aliás é a graça de Deus que nos acolhe a todos, não é em verdade a teologia mais refinada e abrangente, nem a também a experiência mais carnavalesca. Os milhares de joelhos que não se dobram a Baal estão em vários lugares, e Deus mesmo os conhece a todos, os usa para realizar a sua vontade, todos os dias, e a obra de Deus jamais retrocede ou ao menos se detém.
O melhor do melhor que não é algo novo, mas totalmente bíblico deve acontecer: o amor e cuidado em examinar e defender as Escrituras e tentar manejá-la sabia e habilidosamente dos reformados e dos tradicionais ( nem todo reformado e tradicional conhece de fato a Bíblia, mas muitos a conhecem de fato ) e a coragem e posicionamento arrojado dos pentecostais e neopentecostais ( eles não ficam em cima do muro ) deve permear a nova geração de crentes que assim possam ensinar ao mundo a verdade Bíblica contra toda oposição e demonstrar diante desse mesmo mundo sinais inconteste da realidade divina. Mas só de ambos os grupos, crentes nascidos de novo poderão e farão essa obra, curiosamente a obra feita no Novo Testamento, diferente em muito da religiosidade cristã, até mesmo evangélica muitas vezes prevalente e agora constatada publica e mediaticamente nos dias de hoje.
Mas afinal o que é o Cristianismo autêntico?
O Cristianismo autêntico não é uma instituição, uma tradição e nem tão pouco um monte de registros históricos acerca de alguma coisa, mas um encontro real com uma pessoa da qual nem sempre se tinha conhecimento teórico. Afinal o encontro real é surpreendente, relaciona, de mão dupla: você fala com esse alguém e essa pessoa, e esse alguém, fala com você. Você tem uma vontade e esse outro alguém tem uma outra vontade que sendo melhor que a sua , você se submete a ela e a essa pessoa. O verdadeiro cristianismo não é falar sobre alguém, guardar e construir informações acerca de alguém. É como conhecer uma celebridade qualquer, um presidente, um papa, o Dalai Lama ( não claro por suas respectivas importâncias, que a meu ver são zero ), mas se essas celebridades o conhecem. Uma pergunta: você conhece pessoalmente a Jesus Cristo e Ele, Jesus Cristo conhece você? Não fisicamente claro, mas relacionalmente? Isso é o autêntico cristianismo. Nenhuma "igreja", nenhuma religião pode fazê-lo por dogma ou por ordenança, sem o Novo Nascimento operado por Deus, um filho de Deus, biblicamente, conforme revelam as Escrituras e principalmente o Novo Testamento, e nele principalmente os Evangelhos. É isso que quero que entenda.
Mas afinal o que é o Cristianismo autêntico?
O Cristianismo autêntico não é uma instituição, uma tradição e nem tão pouco um monte de registros históricos acerca de alguma coisa, mas um encontro real com uma pessoa da qual nem sempre se tinha conhecimento teórico. Afinal o encontro real é surpreendente, relaciona, de mão dupla: você fala com esse alguém e essa pessoa, e esse alguém, fala com você. Você tem uma vontade e esse outro alguém tem uma outra vontade que sendo melhor que a sua , você se submete a ela e a essa pessoa. O verdadeiro cristianismo não é falar sobre alguém, guardar e construir informações acerca de alguém. É como conhecer uma celebridade qualquer, um presidente, um papa, o Dalai Lama ( não claro por suas respectivas importâncias, que a meu ver são zero ), mas se essas celebridades o conhecem. Uma pergunta: você conhece pessoalmente a Jesus Cristo e Ele, Jesus Cristo conhece você? Não fisicamente claro, mas relacionalmente? Isso é o autêntico cristianismo. Nenhuma "igreja", nenhuma religião pode fazê-lo por dogma ou por ordenança, sem o Novo Nascimento operado por Deus, um filho de Deus, biblicamente, conforme revelam as Escrituras e principalmente o Novo Testamento, e nele principalmente os Evangelhos. É isso que quero que entenda.
Mas a despeito do pessimismo que muitos de nós possamos sentir e adotar, o Senhor é senhor da história, e uma obra maravilhosa continua a ser feita diante de nossos olhos, com milhares de salvos todos os dias, aqui no Brasil mesmo, e milhões em todo o mundo. Oremos por isso. Amém.
Por Helvécio S. Pereira
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