Desde os primórdios da história humana e em todos os agrupamentos humanos e em todas as culturas humanas há indícios e provas que o ser humano sempre orou. A definição da palavra oração segundo o dicionário é:
1: súplica, pedido feito a uma divindade, a um ser superior;
2: prédica, sermão, pregação ( sentidos menos conhecidos )
3: na linguagem, ou na gramática é um conjunto linguístico que se estrutura em torno de um berbo ou sujeito.
Uma oração contém uma ou mais frases, uma frase é um enunciado de sentido completo podendo ou não conter um verbo. Uma frase porém sempre possui sentido completo.
Uma frase pode ser:
- interrogativa;
- afirmativa;
- exclamativa
- imperativa
- optativa
Uma oração pode conter ou ser resultado de uma ou de várias frases cada uma ou muitas dessas com uma das características listadas acima.
Uma oração, como já dito anteriormente se organiza em torno de um verbo, já o período pode ser organizado em torno de um ou mais verbos.
Na prática, todos os seres humanos em todas as situações religiosas em toda a história humana sempre oraram e oram até hoje, independentemente se é no cristianismo ou em outra religião não cristã, fato é que essa manifestação humana universalmente conhecida inclusive por não religiosos é amplamente familiar e facilmente reconhecida em todas as suas manifestações.
POR QUE ORAR
Comecemos a nossa abordagem e reflexão respondendo a pergunta "por que orar?" já que é algo fácil e amplamente aceito como algo natural e perfeitamente integrado a existência humana. Oramos para buscarmos e conseguirmos uma superação em situações que não dominamos, ou tenhamos poder total sobre elas, esse é o primeiro ponto.
Não oramos para que consigamos calçar os sapatos, escovarmos os dentes ou pentearmos os cabelos. O primeiro ponto a ser revisto ou percebido é que oramos por coisas que não podemos fazer acontecer.
Oramos também por coisas que podemos fazer, as fazemos, mas tememos ou não temos cem por cento de certeza que essas coisas serão bem sucedidas: uma viagem de avião do Brasil à Europa, ou outra viagem com certo percentual de incerteza ou perigo. Oramos por uma cirurgia com certa gravidade e não por um limpeza de dentes no dentista.
Percebemos então que a oração depende de uma pré-avaliação por parte de quem ora e do grau desejado de intervenção divina que coroe com sucesso o que pretendamos fazer ou o que desejamos acontecer. Quem ora sabe que precisa orar e para que ou por quem orar!
Desse modo a oração funciona como o resultado de uma busca ou desejo por segurança, sucesso ou livramento de perigos e má sucessão dos acontecimentos.
Povos idólatras, considerados pagãos, pelos padrões antigo e neo testamentários sabiam da utilidade e serventia da oração, ou seja: sabia o porquê orar e para que orar.
Da mesma forma hoje, católicos romanos, muçulmanos, kardecistas, indígenas em suas etnias, pessoas de religiões de matrizes africanas já sabem da utilidade e serventia da oração. Quando essas pessoas se convertem manifestam muitas vezes um tipo de pessoas que oram com muito mais fervor que "evangélicos" nascidos e criados em muitas denominações tradicionalmente cristãs evangélicas.
O QUE É UMA ORAÇÃO
Na prática a oração é o único meio de comunicação entre aquele que crê e a divindade e isso não é diferente quando conhecemos o verdadeiro Deus revelado na Bíblia, nas Escrituras. Não há outro meio para tornar real a comunicação entre qualquer ser humano e o Deus da Bíblia. Não há liturgia, canto, manifestações físicas, sacrifícios, jejuns, encontros, procissões, uso de instrumentos e objetos, etc.
Oração é falar com Deus, não só a intenção, mas de fato. Esse falar com Deus assemelha-se a falar inteligente e razoavelmente com uma outra pessoa. Logo são frases e orações, períodos linguísticos com inteligência e coerência dentro de um contexto.
Logo as tradicionais rezas, ainda que biblicamente coerentes são fruto de um contexto pessoal de outras pessoa, não sua, desse modo faltando com a verdade. Orações inspiradas e seguindo um modelo de uma oração feita por outras pessoas não são a oração de quem ora no momento, e ainda que repetidas, uma comum e atualmente muito difundidas por pregadores atuais em levar a plateia a repetir literalmente frase ditas por eles, perdem a autenticidade e a verdade encontrada em uma oração naturalmente feita a Deus em determinado momento ou circunstancia.
Algumas vezes a própria oração original carece de razoabilidade linguística, mostrando que a pessoa está simplesmente seguindo um modelo, uma tradição, um modismo. Isso é visto entre católicos e entre evangélicos. Entre católicos após engradecer a Deus em uma oração e confessar a Jesus como que fará algo que lhe é pedido, junta-se o nome de Maria e de vários santos fazendo uma confusão entre a quem de fato se está pedindo e quem responderá a tal oração.
Entre evangélicos, é comum orar-se a Jesus e pedir a Jesus, entre frases usualmente usadas por modismo denominacional terminar-se com um confuso "te pedimos Jesus, amém, em nome de Jesus, configurando o uso de frases de efeito muito mais que oração racional feitas a Deus.
Finalmente uma oração a Deus é uma comunicação, algo dito a Deus, que pode ser um pedido, um reconhecimento ( louvor ) uma pergunta ( um pedido de direção ou esclarecimento ), um agradecimento, etc.
Há entretanto uma clara diferença entre oração ( feita a Deus ) e uma ordem dada a um demônio ou a uma doença que acometa a alguém, ou ainda a um conjunto de fenômenos naturais que milagrosamente esperam ser mudados ( Jesus reprendeu a tempestade sobre o mar ). A diferença no caso a quem se dirige a comunicação verbal, inteligente, razoável, contextualizada.
Na verdade durante uma oração essa pode ser intercalada com a mudança de direção a quem se fala. O Senhor Jesus em várias ocasiões falou ao Pai e expulsou demônios ou curou doenças, mas essa é uma situação para ser feita uma reflexão em outra postagem. Trata-se de uma situação em que outros fatores estão de fato envolvidos.
EM QUE CONTEXTO A ORAÇÃO SE ENQUADRA?
Uma oração se atendida muda os fatos! a oração portanto na maior parte das vezes busca a mudança dos acontecimentos. Entender o papel e a eficácia da oração depende do que lhe foi ensinado e do que foi efetivamente aprendido teologicamente. Católicos, evangélicos, podem orar de modo semelhante, tomando por base por exemplo, católicos carismáticos e crentes renovados, mas podem ser razoavelmente diferentes como acreditam ou creditam a intervenção de Deus.
Calvinistas por exemplo acreditam sinceramente que tudo já está determinado, em síntese isso significa que nada pode ser mudado de modo algum. A forma como compreendem a soberania de Deus excede biblicamente ao que a própria Bíblia ensina e mostra. Logo um calvinista quando ora, a não ser que não compreenda e portanto aceite em cem por cento a teologia calvinista, por mais que piedosamente a sua oração se assemelhe a de,por exemplo, de um arminiano, não ora sinceramente esperando que algo seja mudado.
A oração portanto deve ser entendida como uma oportunidade de promover uma mudança miraculosa em qualquer situação e não apenas por uma tradicional aceitação das coisas, embora em determinas situações seja um sim diante de uma resposta de Deus relacionada a algum evento particular.
Na parábola do Filho Pródico deve ser compreendida a realidade de toda a humanidade e de cada um de nós individual e pessoalmente: após o nosso afastamento de Deus, toda a nossa vida transcorre distante de Deus e por nossa própria conta, estando todos e cada um de nós sujeitos as múltiplas circunstâncias que atingem e afetam a vida de qualquer pessoa que viva em algum lugar em alguma época nesse mundo. Deus sustenta o mundo e toda a vida, mas até a nossa reprodução ocorre como diz a Bíblia "pela vontade do homem". Exercemos a nossa vontade em todas as áreas da nossa vida e temos conflitos e consequências boas e as vezes nefastas justamente por essa aparente auto suficiência. Entretanto mesmo ao homem moderno, ao ser humano em tempos de tecnologia e de ciência com seus grandes avanços há uma série infinita de eventos dos quais e para os quais não temos e jamais teremos pleno domínio. Toda pessoa que tem essa consciência, consciência dessa realidade, ora!
Todos deveríamos ter essa consciência de impotência e solidão frente à vida. Muitas vezes, pregadores, padres e pastores, para tornar a realidade mais palatável, contradizem a verdade, dizendo às pessoas que Deus toma conta de todas as pessoas, que há anjos guardando todas as pessoas em todos os momentos, etc.
Essa não é a verdade mais absoluta! milhares ou milhões de vítimas inocentes, pessoas úteis e boas sofrem revezes e são vítimas de crimes, abusos, acidentes e doenças que de modo algum podem ser justificadas por seus pecados ou forma errada de encararem a vida.
A oração é portanto, feita ao verdadeiro Deus e a todo o momento a arma, o meio, o instrumento eficaz para sobrevivência nesse mundo e em todas as circunstâncias da vida.
A oração não é um luxo, uma tradição religiosa, um favor a Deus, um hábito mecânico. É a sobrevivência do ser humano nesse mundo e nessa vida!
Não se pode abir mão dela ou relegá-la a um segundo lugar na vida religiosa ainda que evangélica ou na vida cristã.
A EFICÁCIA DA ORAÇÃO
Entretanto, não basta orar ou ter a prática regular de orar!
Há uma oração eficiente, como há um diálogo inteligível entre pessoas, entre seres humanos. Não basta dizer o que se queira dizer, da maneira como se queira dizer, dentro de uma fórmula aceita, etc.
É necessário falar com a pessoa certa, ter o vínculo certo com essa pessoa, um relacionamento com essa pessoa. Há portanto duas pontas nesse processo e não apenas uma!
A oração é feita por uma pessoa a uma outra pessoa. O homem ora a Deus e não o contrário! mas não basta o homem orar, Deus tem que ouvir essa oração.
Não que Deus não ouça todas as orações ou tudo o que é dito por todos os seres humanos, mas a Bíblia diz figuradamente que Deus pode e sabe de uma determinada oração, mas por causa dos nossos pecados se recusa a dar ouvidos a essas mesmas orações. Podemos sim com base bíblica reconhecermos que toda oração não sincera não pode por justiça ser levada em conta.
Deus ouve mais a crentes que incrédulos ( desconhecedores da verdadeira teologia bíblica )? Deus ouve arrependidos, crentes e incrédulos, sinceramente arrependidos e aquebrantados! Mas Deus ouve somente aqueles que com pouco conhecimento ou mais conhecimento se dirijam somente a Ele pela fé ( sem fé é impossível agradar a Deus! )
É minimamente necessário que quem ora tenha ouvido falar sobre o verdadeiro Deus e a ele se dirija com exclusividade e absolutamente pessoalmente!
Não basta orar, deve-se achegar a Deus, aproximar-se de Deus e de preferência pessoalmente, no ensino de Jesus, entrar no teu quarto e orar em secreto ao teu Deus que te ouve em secreto.
Do mesmo modo a oração em público deve ter obrigatoriamente a atitude de ser pessoal e individual.
DEPOIS DA ORAÇÃO
Essa é a parte mais ignorada, o dia seguinte, o momento após a oração! ouvir a resposta de Deus ou perseverar até que a resposta venha, seja entendida vinda da parte de Deus. Se eu falo algo com alguém, se digo algo a alguém é razoável e inteligente que eu veja, percebe e entenda a resposta dessa pessoa a algo que afirmei, pedi ou disse. Com Deus não é diferente, ou não pode ser razoavelmente diferente.
Devemos entretanto lembrar que uma oração não é um fim em si mesmo, ou seja a oração não existe e é feita por si e para si mesma. A oração é um meio e algo natural entre o homem, ser criado por Deus e seu Criador, o próprio Deus.
A oração só se torna viável após a consciência do lugar do homem dentro da criação de Deus. O homem não é autônomo, auto suficiente, capaz de viver uma vida com sentido a parte do plano original para o qual foi criado por Deus.
Quando o ser humano, homem ou mulher, jovem ou maduro, mesmo uma criança cai em si e se percebe como um ser criado e dependente de Deus, e que Deus é aquele ser real, não uma imaginação, uma criação de devaneios humanos, uma fuga ou uma explicação mais fácil e palatável para a sua saga pela vida e que esse Deus é acessível por essa mesma consciência, o homem então pode orar, e sua oração será ouvida por Deus, primeiro para conversão, segundo para um relacionamento pessoal.
O Filho Pródigo caiu em si e decidiu ir até o seu pai e pedir a seu pai que o recebesse ainda que numa condição melhor que originalmente, o que seria muito melhor que a sua atual situação de independência e impotência diante das exigências de uma vida onde ele, filho pródigo, era apenas mais um por sua própria conta e risco.
Nesse contexto a oração é algo perfeitamente integrado numa jornada, numa vida, onde duas pessoas, o homem e Deus, Deus e o homem, têm agora pensamentos, sentimentos, percepções e desejos comuns. O outrora inimigo e estranho a Deus, tem agora consciência de como Deus pensa e de quais são os desejos, a vontade de Deus para si, homem e para o mundo em que esse homem se situa e se encontra.
Quando os discípulos perguntam a Jesus sobre qual a forma correta de fazer oração, Jesus não dá uma reza, que normalmente é muitas vezes repetidas pelos cristãos em toda a história humana, não uma fórmula, mas que tipo de relacionamento é estabelecido a partir de coisa que são pedidas e asseguradas como resultado dessa mesma comunhão.
Coisas que serão naturalmente atendidas se forem levadas voluntariamente a Deus que agora deve ser compreendido como Pai sobre o qual o mesmo Senhor Jesus adverte: "a ninguém chamareis pai" , ocupando esse lugar de "pai sobrenatural e divino". O único pai que pode responder ao que deve ser pedido nas nossas orações é Deus, e ninguém mais.
Não repetirei aqui a oração do Pai nosso, a oração que o Senhor nos ensinara, mas pegue um papel e liste todos os pedidos nessa oração modelar e perceba que cada pedido não pode ser respondido ou atendido por nenhum ser humano, mas por apenas por um Deus onisciente, onipresente e onipotente.
No livro de Gênesis, ainda no princípio, quando da criação do homem, na relação de Deus com Adão, Eva, Abel e Caim, temos Deus falando com o homem e o ser humano ouvindo Deus falar e eventualmente atentando ou respondendo a Deus. Após a queda, o homem sente a solidão e a necessidade dele, homem tomar a iniciativa e buscar a Deus.
No restante da Bíblia, homens e mulheres que tiveram relacionamento com Deus, tiveram que cultivar o hábito de buscá-Lo e não o contrário.
"Buscar-me-eis e me encontrareis quando me buscardes de todo o vosso coração" vemos nas Escrituras.
Logo o grande empecilho à oração é o sentimento de independência do ser humano, fenômeno ocorrido mesmo entre crentes, entre cristãos. Não se é possível aproximar-se de Deus como um igual. Deus não é "o cara lá de cima", a graça não nos possibilita ter o sentimento errático de iguais a Deus, ou iguais a Jesus Cristo. Nos Evangelhos, as pessoas, judeus, romanos, pecadores arrependidos, pessoas em busca de cura sempre se dirigiram a Ele, ao Senhor Jesus Cristo como SENHOR e nada menos que isso, Senhor!
Também não é o tipo de voz usada na oração ou a presença ou falta dela que produz alguma eficácia maior em uma oração: é a comunhão com Ele e a sinceridade junto a consciência de sua grandiosidade ( grandiosidade de Deus! )
É verdade que não sabemos orar, nem mesmo repetindo fórmulas aprendidas ( católicos, ortodoxos, rezam! entretanto evangélicos repetem fórmulas mais ou menos mais aceitas em cada comunidade, de modo que quando juntos raramente as orações escapam ao óbvio! ) e dessa forma, orar verdadeiramente vem pelo aprendizado ou pela pressão de uma situação que nos aquebrantam de tal forma que de repente nos vemos fazendo uma oração digna de ser respondida por Deus.
Falei acima sobre calvinistas e não calvinistas, essa comparação pode ser feita entre tradicionais e renovados, entre pentecostais e neopentecostais... não é a teologia e a denominação, ou ainda a tendencia denominacional que te dá o poder de uma oração ou de um crente que ora melhor ou pior!
Não se iluda, não nos iludamos! Deus não atende a qualquer crente de qualquer igreja que em dado momento sua oração não seja feita com aquebrantamento, arrependimento e fruto de uma comunhão com Ele mesmo, com Deus.
Por isso que Deus aparentemente e realmente não se importa com a nossa jactância denominacional ou teológica. É a comunhão com Deus que determina a resposta às suas e às minhas orações e não de outra forma.
E é exatamente por isso que Deus opera na vida e através da vida de tantas pessoas em situações e igrejas que nós humanamente, mesmo sendo crentes, desaprovamos naquela igreja que não é igual a minha e que aparentemente erra tanto e é tão diferente!
Uma igreja que não ora, ou cujas orações não se distingam nesses poucos elementos que refletimos nas linhas acima pode ter a melhor música, os melhores congressos, as melhores palestras e estudos teológicos, o melhor orgulho do que seja como denominação que pouco irá acontecer!
Em uma próxima postagem percorreremos a reflexão das formas de como Deus responde alguns testemunhos reais.
Que o Senhor abençoe essa reflexão na vida de muitas igrejas e irmãos!
Amém!
Por Helvécio S. Pereira
-
Uma oração pode conter ou ser resultado de uma ou de várias frases cada uma ou muitas dessas com uma das características listadas acima.
Uma oração, como já dito anteriormente se organiza em torno de um verbo, já o período pode ser organizado em torno de um ou mais verbos.
Na prática, todos os seres humanos em todas as situações religiosas em toda a história humana sempre oraram e oram até hoje, independentemente se é no cristianismo ou em outra religião não cristã, fato é que essa manifestação humana universalmente conhecida inclusive por não religiosos é amplamente familiar e facilmente reconhecida em todas as suas manifestações.
POR QUE ORAR
Comecemos a nossa abordagem e reflexão respondendo a pergunta "por que orar?" já que é algo fácil e amplamente aceito como algo natural e perfeitamente integrado a existência humana. Oramos para buscarmos e conseguirmos uma superação em situações que não dominamos, ou tenhamos poder total sobre elas, esse é o primeiro ponto.
Não oramos para que consigamos calçar os sapatos, escovarmos os dentes ou pentearmos os cabelos. O primeiro ponto a ser revisto ou percebido é que oramos por coisas que não podemos fazer acontecer.
Oramos também por coisas que podemos fazer, as fazemos, mas tememos ou não temos cem por cento de certeza que essas coisas serão bem sucedidas: uma viagem de avião do Brasil à Europa, ou outra viagem com certo percentual de incerteza ou perigo. Oramos por uma cirurgia com certa gravidade e não por um limpeza de dentes no dentista.
Percebemos então que a oração depende de uma pré-avaliação por parte de quem ora e do grau desejado de intervenção divina que coroe com sucesso o que pretendamos fazer ou o que desejamos acontecer. Quem ora sabe que precisa orar e para que ou por quem orar!
Desse modo a oração funciona como o resultado de uma busca ou desejo por segurança, sucesso ou livramento de perigos e má sucessão dos acontecimentos.
Povos idólatras, considerados pagãos, pelos padrões antigo e neo testamentários sabiam da utilidade e serventia da oração, ou seja: sabia o porquê orar e para que orar.
Da mesma forma hoje, católicos romanos, muçulmanos, kardecistas, indígenas em suas etnias, pessoas de religiões de matrizes africanas já sabem da utilidade e serventia da oração. Quando essas pessoas se convertem manifestam muitas vezes um tipo de pessoas que oram com muito mais fervor que "evangélicos" nascidos e criados em muitas denominações tradicionalmente cristãs evangélicas.
O QUE É UMA ORAÇÃO
Na prática a oração é o único meio de comunicação entre aquele que crê e a divindade e isso não é diferente quando conhecemos o verdadeiro Deus revelado na Bíblia, nas Escrituras. Não há outro meio para tornar real a comunicação entre qualquer ser humano e o Deus da Bíblia. Não há liturgia, canto, manifestações físicas, sacrifícios, jejuns, encontros, procissões, uso de instrumentos e objetos, etc.
Oração é falar com Deus, não só a intenção, mas de fato. Esse falar com Deus assemelha-se a falar inteligente e razoavelmente com uma outra pessoa. Logo são frases e orações, períodos linguísticos com inteligência e coerência dentro de um contexto.
Logo as tradicionais rezas, ainda que biblicamente coerentes são fruto de um contexto pessoal de outras pessoa, não sua, desse modo faltando com a verdade. Orações inspiradas e seguindo um modelo de uma oração feita por outras pessoas não são a oração de quem ora no momento, e ainda que repetidas, uma comum e atualmente muito difundidas por pregadores atuais em levar a plateia a repetir literalmente frase ditas por eles, perdem a autenticidade e a verdade encontrada em uma oração naturalmente feita a Deus em determinado momento ou circunstancia.
Algumas vezes a própria oração original carece de razoabilidade linguística, mostrando que a pessoa está simplesmente seguindo um modelo, uma tradição, um modismo. Isso é visto entre católicos e entre evangélicos. Entre católicos após engradecer a Deus em uma oração e confessar a Jesus como que fará algo que lhe é pedido, junta-se o nome de Maria e de vários santos fazendo uma confusão entre a quem de fato se está pedindo e quem responderá a tal oração.
Entre evangélicos, é comum orar-se a Jesus e pedir a Jesus, entre frases usualmente usadas por modismo denominacional terminar-se com um confuso "te pedimos Jesus, amém, em nome de Jesus, configurando o uso de frases de efeito muito mais que oração racional feitas a Deus.
Finalmente uma oração a Deus é uma comunicação, algo dito a Deus, que pode ser um pedido, um reconhecimento ( louvor ) uma pergunta ( um pedido de direção ou esclarecimento ), um agradecimento, etc.
Há entretanto uma clara diferença entre oração ( feita a Deus ) e uma ordem dada a um demônio ou a uma doença que acometa a alguém, ou ainda a um conjunto de fenômenos naturais que milagrosamente esperam ser mudados ( Jesus reprendeu a tempestade sobre o mar ). A diferença no caso a quem se dirige a comunicação verbal, inteligente, razoável, contextualizada.
Na verdade durante uma oração essa pode ser intercalada com a mudança de direção a quem se fala. O Senhor Jesus em várias ocasiões falou ao Pai e expulsou demônios ou curou doenças, mas essa é uma situação para ser feita uma reflexão em outra postagem. Trata-se de uma situação em que outros fatores estão de fato envolvidos.
EM QUE CONTEXTO A ORAÇÃO SE ENQUADRA?
Uma oração se atendida muda os fatos! a oração portanto na maior parte das vezes busca a mudança dos acontecimentos. Entender o papel e a eficácia da oração depende do que lhe foi ensinado e do que foi efetivamente aprendido teologicamente. Católicos, evangélicos, podem orar de modo semelhante, tomando por base por exemplo, católicos carismáticos e crentes renovados, mas podem ser razoavelmente diferentes como acreditam ou creditam a intervenção de Deus.
Calvinistas por exemplo acreditam sinceramente que tudo já está determinado, em síntese isso significa que nada pode ser mudado de modo algum. A forma como compreendem a soberania de Deus excede biblicamente ao que a própria Bíblia ensina e mostra. Logo um calvinista quando ora, a não ser que não compreenda e portanto aceite em cem por cento a teologia calvinista, por mais que piedosamente a sua oração se assemelhe a de,por exemplo, de um arminiano, não ora sinceramente esperando que algo seja mudado.
A oração portanto deve ser entendida como uma oportunidade de promover uma mudança miraculosa em qualquer situação e não apenas por uma tradicional aceitação das coisas, embora em determinas situações seja um sim diante de uma resposta de Deus relacionada a algum evento particular.
Na parábola do Filho Pródico deve ser compreendida a realidade de toda a humanidade e de cada um de nós individual e pessoalmente: após o nosso afastamento de Deus, toda a nossa vida transcorre distante de Deus e por nossa própria conta, estando todos e cada um de nós sujeitos as múltiplas circunstâncias que atingem e afetam a vida de qualquer pessoa que viva em algum lugar em alguma época nesse mundo. Deus sustenta o mundo e toda a vida, mas até a nossa reprodução ocorre como diz a Bíblia "pela vontade do homem". Exercemos a nossa vontade em todas as áreas da nossa vida e temos conflitos e consequências boas e as vezes nefastas justamente por essa aparente auto suficiência. Entretanto mesmo ao homem moderno, ao ser humano em tempos de tecnologia e de ciência com seus grandes avanços há uma série infinita de eventos dos quais e para os quais não temos e jamais teremos pleno domínio. Toda pessoa que tem essa consciência, consciência dessa realidade, ora!
Todos deveríamos ter essa consciência de impotência e solidão frente à vida. Muitas vezes, pregadores, padres e pastores, para tornar a realidade mais palatável, contradizem a verdade, dizendo às pessoas que Deus toma conta de todas as pessoas, que há anjos guardando todas as pessoas em todos os momentos, etc.
Essa não é a verdade mais absoluta! milhares ou milhões de vítimas inocentes, pessoas úteis e boas sofrem revezes e são vítimas de crimes, abusos, acidentes e doenças que de modo algum podem ser justificadas por seus pecados ou forma errada de encararem a vida.
A oração é portanto, feita ao verdadeiro Deus e a todo o momento a arma, o meio, o instrumento eficaz para sobrevivência nesse mundo e em todas as circunstâncias da vida.
A oração não é um luxo, uma tradição religiosa, um favor a Deus, um hábito mecânico. É a sobrevivência do ser humano nesse mundo e nessa vida!
Não se pode abir mão dela ou relegá-la a um segundo lugar na vida religiosa ainda que evangélica ou na vida cristã.
A EFICÁCIA DA ORAÇÃO
Entretanto, não basta orar ou ter a prática regular de orar!
Há uma oração eficiente, como há um diálogo inteligível entre pessoas, entre seres humanos. Não basta dizer o que se queira dizer, da maneira como se queira dizer, dentro de uma fórmula aceita, etc.
É necessário falar com a pessoa certa, ter o vínculo certo com essa pessoa, um relacionamento com essa pessoa. Há portanto duas pontas nesse processo e não apenas uma!
A oração é feita por uma pessoa a uma outra pessoa. O homem ora a Deus e não o contrário! mas não basta o homem orar, Deus tem que ouvir essa oração.
Não que Deus não ouça todas as orações ou tudo o que é dito por todos os seres humanos, mas a Bíblia diz figuradamente que Deus pode e sabe de uma determinada oração, mas por causa dos nossos pecados se recusa a dar ouvidos a essas mesmas orações. Podemos sim com base bíblica reconhecermos que toda oração não sincera não pode por justiça ser levada em conta.
Deus ouve mais a crentes que incrédulos ( desconhecedores da verdadeira teologia bíblica )? Deus ouve arrependidos, crentes e incrédulos, sinceramente arrependidos e aquebrantados! Mas Deus ouve somente aqueles que com pouco conhecimento ou mais conhecimento se dirijam somente a Ele pela fé ( sem fé é impossível agradar a Deus! )
É minimamente necessário que quem ora tenha ouvido falar sobre o verdadeiro Deus e a ele se dirija com exclusividade e absolutamente pessoalmente!
Não basta orar, deve-se achegar a Deus, aproximar-se de Deus e de preferência pessoalmente, no ensino de Jesus, entrar no teu quarto e orar em secreto ao teu Deus que te ouve em secreto.
Do mesmo modo a oração em público deve ter obrigatoriamente a atitude de ser pessoal e individual.
DEPOIS DA ORAÇÃO
Essa é a parte mais ignorada, o dia seguinte, o momento após a oração! ouvir a resposta de Deus ou perseverar até que a resposta venha, seja entendida vinda da parte de Deus. Se eu falo algo com alguém, se digo algo a alguém é razoável e inteligente que eu veja, percebe e entenda a resposta dessa pessoa a algo que afirmei, pedi ou disse. Com Deus não é diferente, ou não pode ser razoavelmente diferente.
Devemos entretanto lembrar que uma oração não é um fim em si mesmo, ou seja a oração não existe e é feita por si e para si mesma. A oração é um meio e algo natural entre o homem, ser criado por Deus e seu Criador, o próprio Deus.
A oração só se torna viável após a consciência do lugar do homem dentro da criação de Deus. O homem não é autônomo, auto suficiente, capaz de viver uma vida com sentido a parte do plano original para o qual foi criado por Deus.
Quando o ser humano, homem ou mulher, jovem ou maduro, mesmo uma criança cai em si e se percebe como um ser criado e dependente de Deus, e que Deus é aquele ser real, não uma imaginação, uma criação de devaneios humanos, uma fuga ou uma explicação mais fácil e palatável para a sua saga pela vida e que esse Deus é acessível por essa mesma consciência, o homem então pode orar, e sua oração será ouvida por Deus, primeiro para conversão, segundo para um relacionamento pessoal.
O Filho Pródigo caiu em si e decidiu ir até o seu pai e pedir a seu pai que o recebesse ainda que numa condição melhor que originalmente, o que seria muito melhor que a sua atual situação de independência e impotência diante das exigências de uma vida onde ele, filho pródigo, era apenas mais um por sua própria conta e risco.
Nesse contexto a oração é algo perfeitamente integrado numa jornada, numa vida, onde duas pessoas, o homem e Deus, Deus e o homem, têm agora pensamentos, sentimentos, percepções e desejos comuns. O outrora inimigo e estranho a Deus, tem agora consciência de como Deus pensa e de quais são os desejos, a vontade de Deus para si, homem e para o mundo em que esse homem se situa e se encontra.
Quando os discípulos perguntam a Jesus sobre qual a forma correta de fazer oração, Jesus não dá uma reza, que normalmente é muitas vezes repetidas pelos cristãos em toda a história humana, não uma fórmula, mas que tipo de relacionamento é estabelecido a partir de coisa que são pedidas e asseguradas como resultado dessa mesma comunhão.
Coisas que serão naturalmente atendidas se forem levadas voluntariamente a Deus que agora deve ser compreendido como Pai sobre o qual o mesmo Senhor Jesus adverte: "a ninguém chamareis pai" , ocupando esse lugar de "pai sobrenatural e divino". O único pai que pode responder ao que deve ser pedido nas nossas orações é Deus, e ninguém mais.
Não repetirei aqui a oração do Pai nosso, a oração que o Senhor nos ensinara, mas pegue um papel e liste todos os pedidos nessa oração modelar e perceba que cada pedido não pode ser respondido ou atendido por nenhum ser humano, mas por apenas por um Deus onisciente, onipresente e onipotente.
No livro de Gênesis, ainda no princípio, quando da criação do homem, na relação de Deus com Adão, Eva, Abel e Caim, temos Deus falando com o homem e o ser humano ouvindo Deus falar e eventualmente atentando ou respondendo a Deus. Após a queda, o homem sente a solidão e a necessidade dele, homem tomar a iniciativa e buscar a Deus.
No restante da Bíblia, homens e mulheres que tiveram relacionamento com Deus, tiveram que cultivar o hábito de buscá-Lo e não o contrário.
"Buscar-me-eis e me encontrareis quando me buscardes de todo o vosso coração" vemos nas Escrituras.
Logo o grande empecilho à oração é o sentimento de independência do ser humano, fenômeno ocorrido mesmo entre crentes, entre cristãos. Não se é possível aproximar-se de Deus como um igual. Deus não é "o cara lá de cima", a graça não nos possibilita ter o sentimento errático de iguais a Deus, ou iguais a Jesus Cristo. Nos Evangelhos, as pessoas, judeus, romanos, pecadores arrependidos, pessoas em busca de cura sempre se dirigiram a Ele, ao Senhor Jesus Cristo como SENHOR e nada menos que isso, Senhor!
Também não é o tipo de voz usada na oração ou a presença ou falta dela que produz alguma eficácia maior em uma oração: é a comunhão com Ele e a sinceridade junto a consciência de sua grandiosidade ( grandiosidade de Deus! )
É verdade que não sabemos orar, nem mesmo repetindo fórmulas aprendidas ( católicos, ortodoxos, rezam! entretanto evangélicos repetem fórmulas mais ou menos mais aceitas em cada comunidade, de modo que quando juntos raramente as orações escapam ao óbvio! ) e dessa forma, orar verdadeiramente vem pelo aprendizado ou pela pressão de uma situação que nos aquebrantam de tal forma que de repente nos vemos fazendo uma oração digna de ser respondida por Deus.
Falei acima sobre calvinistas e não calvinistas, essa comparação pode ser feita entre tradicionais e renovados, entre pentecostais e neopentecostais... não é a teologia e a denominação, ou ainda a tendencia denominacional que te dá o poder de uma oração ou de um crente que ora melhor ou pior!
Não se iluda, não nos iludamos! Deus não atende a qualquer crente de qualquer igreja que em dado momento sua oração não seja feita com aquebrantamento, arrependimento e fruto de uma comunhão com Ele mesmo, com Deus.
Por isso que Deus aparentemente e realmente não se importa com a nossa jactância denominacional ou teológica. É a comunhão com Deus que determina a resposta às suas e às minhas orações e não de outra forma.
E é exatamente por isso que Deus opera na vida e através da vida de tantas pessoas em situações e igrejas que nós humanamente, mesmo sendo crentes, desaprovamos naquela igreja que não é igual a minha e que aparentemente erra tanto e é tão diferente!
Uma igreja que não ora, ou cujas orações não se distingam nesses poucos elementos que refletimos nas linhas acima pode ter a melhor música, os melhores congressos, as melhores palestras e estudos teológicos, o melhor orgulho do que seja como denominação que pouco irá acontecer!
Em uma próxima postagem percorreremos a reflexão das formas de como Deus responde alguns testemunhos reais.
Que o Senhor abençoe essa reflexão na vida de muitas igrejas e irmãos!
Amém!
Por Helvécio S. Pereira
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