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sábado, 29 de dezembro de 2018

JÁ ESCREVI SOBRE ISSO MAS NOVAMENTE: OS DIAS DO GÊNESIS SÃO DIAS LITERAIS DE VINTE E QUATRO HORAS?

Para começar já aviso que depois de milhares de anos, pelo menos quase seis mil só de tradição judaica e dentre esses quase dois mil de tradição judaico-cristã, não serei eu uma testa brilhosa que de repente descobrir a redondeza da Terra. O que farei ( novamente, pela segunda ou terceira vez nesse mesmo blog ) ´e reunir logicamente algumas conclusões e aí sim, principalmente, apontar as razões pelas quais os dois lados de defensores não gratuitos têm dificuldade em compreender o sentido mais real e portanto mais próximo do que Deus desejaria que tivéssemos compreensão.

Primeiramente há dois lados a serem identificados nessa questão, dois grupos basilares de pessoas, de leitores que tê conhecimento do texto do Gênesis. Os ateus que se destacam os ativistas ateus, aqueles que se dedicam ativamente  a estudar o cristianismo e desconstruí-lo, envergonha-lo e negá-lo, para que se possível for fazê-lo deixar de ser seguido e crido pelas pessoas. Não se trata do ateu individual que não crê por ter dúvidas particulares, pessoais relacionados a dogmas, afirmações teológicas, etc. O outro lado é dos que creem, dos crenes, dos cristãos independentemente das igrejas a que pertençam pois de qualquer modo todo o cristianismo se baseai no todo ou em partes da Escrituras judaico-cristãs, dando ênfases a certas partes e trechos e as vezes minimizando ou ignorando outros.

Nesse caso há uma nova divisão: os que aceitam literalmente o texto como ele pode ser lido e os que imaginam que o mesmo texto seja apena suma alegoria e que em tempos de grande cientificismo ( crença exacerbada na Ciência como instituição) para alguns desses religiosos e "crente", "cristãos", os deixariam em mal lençóis, de saia-curta, frente ao mundo do "conhecimento". Esses últimos fazem bizarras e patéticas concessões.Desse modo, um competente físico cristão calvinista, um dos melhores para defender a Bíblia, a existência de Deus contra a mais competente oposição acadêmica científica*, afirma que os dias do Gênesis são literais e ao ser perguntado por que o texto reza "houve manhã, tarde" explica que para haver dia e noite na recente criada Terra, antes da criação do Sol e da Lua não é necessária a "luz", ou antes a existência do Sol. ( vídeo ao final dessa postagem ).

Os interesses são portanto diferentes e inconscientes: aos ativistas do ateísmo se prendem ao fato de ao negar o Gênesis toda a Escritura judaico-cristã é descredenciada limitando-se ao máximo a apenas uma literatura patrimônio da humanidade como toda literatura poética, religiosa ou não produzida ao longo da História humana, sem importância teológica ou ética, ficando assim eliminada uma barreira impostante à desejada neocultura amoral pretendida modernamente. Já os crentes, os cristãos de todas as matizes, sentem uma necessidade de provarem ao mundo acadêmico ao ensino escolar que estão certos as vezes contornando ou ignorando uma análise e uma compreensão mais real.

Vale destacar que como crentes, como  cristãos, não nos importa se compreendemos totalmente o texto bíblico e não nos sentimos obrigados a dar uma resposta ao mundo acadêmico, científico ou a quem seja, pois a nossa fé não se baseia ( e não pode ) se basear na opinião de quem, preconceituosamente, já decidiu nem sob a mais científica análise acatar o relato bíblico. O problema para esses outros não é o teto do Gênesis mas as declarações morais de todo o restante das Escrituras.

Evidentemente é também natural o encontro amistoso e um exercício prazeroso para ambos os lados nos famosos debates acerca do tem e do que defendem pessoas das duas diferentes e opostas posições. Internamente, agora, entre os próprios crentes, cristãos ou judeus, um permanente exercício de compreensão do Gênesis, particularmente dos seus primeiros capítulos. Eventualmente também pregadores, pastores e padres além de teólogos podem ser por força de suas pregações, prédicas e ensino a serem questionados e terem de expor detalhes sobre o tema e texto bíblico.

Antes de tecer algo acerca do texto do gênesis, quero usar como exemplo necessário, a famosa equação: E=mc2. Essa é a mais célebre equação científica do século 20 e foi desenvolvida por Albert Einstein. Aparentemente ou de fato simples, pode ser copiada, reproduzida mas não pode ser compreendida sem maiores e complexas informações e conhecimento. Logo o texto simples de Gênesis não pode ser idealmente compreendido sem informações literárias, contextuais sem também não esquecer-se que não pode ser compreendido unicamente sobre a ótica moderna temporal de uma pessoa mediamente culta do século XXI.

Não se trata de modo algum de ignorar ao conhecimento humano que a humanidade possui hoje sobe o Universo mas de reconhecer ainda nem mesmo a Ciência possui hoje respostas comprovadamente que invalidem as afirmações do texto do Gênesis. Há ainda o fato de que o texto de Gênesis foi escrito de modo a ser atemporal, para informa r não por informar simplesmente mas para produzir conhecimento de Deus diferentemente de outra equação do grande Albert Einstein, que lhe dera inclusive o seu premio Nobel. De um modo ou de outro ao olharmos para uma das famosas equações do gênio Albert Einstein elas parecem simples mas somente físicos e matemáticos podem perceber a sua real profundidade. Do mesmo modo o texto dos primeiros e decisivos capítulos do Livro de Gênesis.

Algo que fica de fora da análise preliminar é um dado muito relevante: o Gênesis fora escrito primeiramente para os judeus e não para o judeu de hoje ou de uma época um pouco mais atrás na história humana. Fora escrito para um ageração que descendia de outras gerações, cerca de quarenta ou mais que crescera, se tornara adultos e morreram pelo menos ouvindo uma outra cosmologia, a cosmologia egípcia.

Vamos esclarecer algo para ajuda-lo a entender esse fato, essa realidade: um protestante ao pregar a um católico romano se baseará na cosmovisão católica para rebatê-la. O mesmo faria um católico romano ao fazer prosélito um protestante. Um cristão a um muçulmano ou vice-versa. Um Testemunha de Jeová a um Batista, um adventista a um Pentecostal, um arminiano a um calvinista e/ou vice versa. Ou seja para demover outro de parte ou totalmente de suas crenças é usar de um paralelo entre o que quem convence creia e quem será convencido creia.

Logo o autor do Gênesis, ou pelo menos o compilador, o libertador Moisés, não escreveram para nós, pela simples impossibilidade de saber o que modernamente acreditamos. Moisés escreveu para os judeus saídos do Egito. Logo para entendermos mais aproximadamente o que o texto de Moisés deseja nos dizer, tempos que conhecer qual era a cosmovisão que Moisés desconstruiria no seu próprio povo, povo o qual foi imposto uma outra e estranha cosmovisão, naturalmente estranha aos descendentes de Abraão.

Assim como as pragas contras o Egito e ao Faraó desconstruíam pedagogicamente as crenças e divindades egípcias, igualmente o relato dos primeiros capítulos do Livro de Gênesis. E qual era essa cosmovisão?

A COSMOVISÃO EGÍPCIA ( EM RESUMO )

Para os Egípcios a Terra, não o planeta, mas a terra conhecida por eles, era algo no meio de águas, no meio de um oceano, acima dessa terra seca, uma abóbada úmida curva e líquida e acima dessa cúpula líquida um outro céu onde a luz e o próprio Sol não poderiam atingir. E um anti-céu onde o Sol viajava à noite até achar o seu caminho a cada manhã.

Logo ao falar da Criação para o povo judeu, para o seu povoo, Moisés teria que se guiar exatamente naquilo que eles tinham ouvido durante tanto tempo da boa e por intermédio dos egípcios. Se hoje os cristãos pretendessem de posse da revelação divina escrever um capítulo baseado no que a Ciência acredita teríamos que seguir o mesmo caminho, para ser um livro de nossa época. Falta entretanto um detalhe: a revelação é de natureza diferente da descoberta científica.

Por exemplos fatos antes da existência humana não podem ser testemunhados por uma razão óbvia, nós não estávamos presentes para testemunhá-los. Logo como o primeiro casal fora criado ou como o nosso planeta nasceu só pode estar no Livro de Gênesis por terem sido revelados por alguém. Por suposição Adão e Eva poderiam contar a sua própria história e a partir dela mas nada sobre antes. Do mesmo modo a chamada Ciência pode supor inúmeras coisas, algumas mais lógicas e outra nem tanto, sendo essas últimas tão problemáticas como as mesmas acusadas pela ciência ditas pela religião como mitos ou imaginativas. Sim a propalada Ciência tem não poucos arroubos de pura imaginação com pouca ou muitas vezes nenhuma lógica razoável, as pessoas comuns é que não se dão conta disso.

Por outro lado muitas das mais revolucionárias descobertas humanas, nascidas da genialidade de um único cérebro, parecem e de certo modo podemos afirmar, são de algum modo "divinamente reveladas" para o bem e desenvolvimento da própria humanidade como um todo. Alguém poderia razoavelmente duvidar disso?

Pois bem, como eu dizia, Moisés no início do Gênesis desconstrói e corrige a cosmovisão egípcia ouvida por séculos pelo povo judeu.

A primeira declaração é que não fora nenhum dos deuses egípcios o responsável pela existência de todas as coisas:

א ב ראשית ברא אלהים את השמים ואת הארץ Gênesis 1:1

1No princípio criou Deus os céus e a terra.

A afirmação é peremptória: Deus ( no original hebraico Elohim, plural, de dignidade mas também de pluralidade singular que se opõe e nega os 740 deuses egípcios!) criou duas coisas: os CÉUS e a TERRA.

Céus e Terra são dois sistemas prontos e distintos, a Terra é o lugar da humanidade, dos homens e de todos os seres vivos que fazem parte do convencionalmente chamamos de "natureza". Essa"Terra" não é a Terra dos egípcios, mas toda a Terra ou ainda a Terra que poderia ser descoberta e conhecida, muito maior que a apreendida pela cosmovisão egípcia.

Essa mesma Terra não era resultado de conflitos antropológicos entre os deuses egípcios, a certa altura nove importantes. Essa Terra é um objeto, sobre o qual se diz ser informe e sem nada, vazia.

Gênesis 1:2a

"2A terra era sem forma e vazia;"

e Gênesis 1:2b

"e havia trevas sobre a face do abismo, "

Sobre essa segunda revelação bíblica, a descrição não corresponde a visão de alguém que veja um abismo da borda do mesmo, mas de alguém que vê o abismo a partir de seu fundo ( olhando para cima, para o céu ). Deve-se entender a Terra como um objeto que flutua acima de um abismo. Dessa forma o observador acompanha o objeto "Terra" a partir de um ponto mais baixo e o vê confrontado com um abismo invertido acima dele ( não parece uma visão mais coerente com o que sabemos hoje?)

Gênesis 2c nos informa:

"mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas."

Temos a informação de uma atividade desconhecida e inusitada tão diferente dos desencontros entre as divindades imaginadas e cridas pelos egípcios e ouvidas por quarenta gerações de descendentes de Abraão.

Na Terra objeto, um atividade externa a ela mesma, advinda do próprio Criador estaria acontecendo e somos informados que há um elemento historicamente crido como fonte de vida em todos os povos e aceito pela chamada Ciência moderna como essencial à vida: a água.

Cientificamente pode haver água onde haja pouca ou nenhuma luz? as mais recentes descobertas científicas no longínquo planeta Plutão comprovam lá e em outras regiões do espaço da singular e importante substância: água!

Obviamente Gênesis 1:1 é uma resposta a pergunta simples e objetiva: Como todas as coisas vieram a existir? mais exatamente a terra onde estamos ( que nem se chamava "Terra" com "T" maiúsculo ) e o Céu, firmamento que vemos igualmente acima de nós. Deus fez todas as duas coisas! Há apenas mais de três décadas a Ciência abandonou a crida por ela, a chamada "eternidade da matéria" e portanto do Universo!

Logo na Bíblia já tínhamos e temo a afirmação que as coisas, o Universo e a própria matéria tiveram um começo, uma gênesis, um princípio e portanto não são eternas!

A partir do verso 3 de Gênesis 1 temos portanto uma descrição, do ponto de vista da Terra, do processo de organização da Terra e a criação das condições para que a vida como a conhecemos viesse a existir nela.

Imaginemos portanto alguém sobre a Terra e imagens que estejam sendo passadas diante de seus olhos descrevendo a organização dessa Terra antes sem forma e vazia, que numa etapa anterior tinha apenas água, como já dito, a substância essencial à vida. Surgem aí questões que não deveriam surgir como por exemplo, dias de vinte e quatro horas, uma sustentação incompleta e em nada sustentável pelo que a verdadeira Ciência tenha aprendido e que até do ponto de vista teológico é absolutamente irrelevante, pois Deus pode todas as coisas, portanto poderia criar tudo m dias literais ou não, instantaneamente ou demoradamente. Deus não tem nenhuma limitação, portanto não é essa a questão!


Gênesis 1:3,4 e 5 reza:

3Disse Deus: haja luz. E houve luz. 4Viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas. 5E Deus chamou à luz dia, e às trevas noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.   

A ciência afirma, por projeção, que os dias iniciais do planete Terra forma muito menores que os dias atuais de pouco mais de vinte e quatro horas e que o planeta foi desacelerando de modo a adequar a sua rotação e translação para propiciar as condições exatamente adequadas à toda a vida no planeta Terra em que vivemos.

No verso de  Gn 3: há a informação de que deva surgir a luz! e o modo como essa luz surge pela palavra, pela declaração de Deus! os versos 4 e 5 nos informam acerca da divisão natural e determinação de um período de luz tão determinante e exato não só para existência e manutenção da vida no planeta, algo comprovado de modo inquestionável pela Ciência.

Notem que isso nada tem a ver com as "trevas sobre a face do abismo" que constitui o vazio e a escuridão do espaço, onde a Terra, como objeto vagueia. As trevas ou a escuridão do espaço já existia antes da organização de um período diurno e noturno. Em suma: houve sim um dia número um que esse tempo foi determinado e passou a valer.

Os versos seguintes Gn 1:6, 7 e 8



6 E disse Deus: haja um firmamento no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. 
7 Fez, pois, Deus o firmamento, e separou as águas que estavam debaixo do firmamento das que estavam por cima do firmamento. E assim foi. 8 Chamou Deus ao firmamento céu. E foi a tarde e a manhã, o dia segundo.

O que encontramos agora é uma descrição da organização das substâncias ( ar, água, terra ) de maneira a criar condições a cada uma das espécies vivas a serem criadas na Terra. Essa descrição é do ponto de vista humano, como disse do ponto de vista de alguém em que um filme dos processos de criação e organização da Terra estão seno mostrados.

O interessante é que, o que gera a maior polêmica, é exatamente a descrição dos dias literais ou não, há pessoas que recorrem ao hebraico, etc, etc, tentando uma melhor esclarecimento. O ponto não é esse, embora o hebraico , para quem pode lê-lo no original seja algo definitivamente enriquecedor. A partir do verso de Gn 1:5 não parece a palavra "noite" mas apenas "tarde e manhã". Curiosamente dá uma ideia de fim de um período e início do outro sem o intervalo que seria natural: "noite".

Logo não se trata de um dia literal, pois um dia literal seguiria a ordem: "noite, manhã e tarde" ou ainda "manhã, tarde e noite". É interessante também que somente no vero de Gn1:14 e 15 temos a informação da criação dos "luminares".

14 E disse Deus: haja luminares no firmamento do céu, para fazerem separação entre o dia e a noite; sejam eles para sinais e para estações, e para dias e anos; 15 e sirvam de luminares no firmamento do céu, para alumiar a terra. E assim foi.

Logo, não se trata de uma descrição cronológica mas funcional. Erroneamente se lê todos os versos de Gn1 como se os fatos narrado s todos, sem exceção, fossem narrados na exata medida em que se sucediam.

Isso é facilmente percebível nos versos seguintes:

16 Deus, pois, fez os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; fez também as estrelas. 17 E Deus os pôs no firmamento do céu para alumiar a terra, 18 para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom.

Dessa forma, cada "tarde e manhã" corresponda razoavelmente a uma descrição de dois períodos com características distintas facilmente compreensíveis aos egípcios e aos judeus contemporâneos de Moisés.  Uma informação importante e necessária é que os Egípcios organizavam o seu tempo e nos legaram isso, em múltiplos de 6: um dia tinha 24 horas ( 6 x 4), o mês 30 dias ( 6 x 5 ) e o ano 12 meses ( 6 x 2 ).

Os egípcios ou pelo menos o Egito era o berço do conhecimento, muitos deles importantes e legados a nós e não superados embora entre nós e eles haja uma diferença de cerca de quatro mil anos. Era justamente a esse poderoso povo guardião de conhecimentos tão importantes e comprovados que Moisés deveria se contrapor e desconstruir na mente de cada descendente de Abraão que em muitas questões o Egito e os egípcios estavam errados!

O ano civil era composto de 12 meses de 30 dias cada, mais 5 dias adicionais, ao final de cada ano, correspondente aos aniversários dos deuses Osíris, Hórus, Ísis, Néftis e Seth, totalizando 365 dias. Esse ano civil foi dividido em três estações: tempo da inundação, tempo da semeadura e tempo da colheita. Isso há seis mil anos foi tao eficiente que usamos basicamente a mesma medição.


A divisão do dia em 24 horas (do pôr-do-sol ao pôr-do-sol) deve-se aos egípcios, apesar da sua duração variar em cada época do ano, pois dividiam o período claro em 12 horas e o período escuro também. A divisão da hora em 60 minutos e do minuto em 60 segundos foi resultado do sistema sexagesimal usado na antiga Babilônia, posteriormente utilizado no Egito. A princípio, os egípcios utilizaram o Sol para medir as horas ao longo do dia.


Os egípcios também desenvolveram outros instrumentos de medição do tempo, entre eles o relógio de água. O principal objetivo da construção desse tipo de relógio era a medição do tempo durante a noite, ou quando não havia Sol. Foram desenvolvidos dois tipos principais, em que a água fluía para fora ou para dentro, respectivamente, de um vaso graduado. Dependendo do nível em que a água se encontrava, podia-se determinar a hora. Posteriormente, o relógio de água foi chamado de clepsidra pelos gregos.

Os egípcios tinham total consciência da influência dos acontecimentos naturais em suas vidas. Os ciclos da Lua, do Sol, das Estrelas e o fluxo do Nilo foram de suma importância para a formação dos calendários e de seus festivais. Ao contrário dos calendários que usamos hoje, os egípcios tinham pelo menos três sistemas diferentes, simultaneamente, ligados entre si através de uma série de eventos celestes. O egiptólogo Richar Parker denominou o calendário que regulamentava assuntos mundanos de “calendário civil”, muito embora as festividades fossem baseadas no calendário lunar.

E aí temos um dado importante que nos ajuda a compreender porque Moisés guiado por Deus institui 6 dias mais 1 dia de descanso:

No calendário “civil” egípcio, o ano era dividido em 12 meses de 30 dias, sendo cada mês formado por 3 "semanas" de 10 dias, em um total de 360 dias por ano, acrescidos de 5 dias especiais para homenagear os deuses Hórus, Seth, Ísis, Osíris e Néftis. Esses 5 dias não estavam incluídos no calendário civil e, portanto, eram apenas dias religiosos. Eram chamados de Heriu-renpet e na teoria correspondiam ao décimo terceiro mês lunar.

Logo os hebreus deveriam agora aprender que o mês não se divide em três blocos de dez dias, mas em quatro de sete dias, sendo seis para o trabalho e um para descanso e dedicação ao Senhor Deus , o verdadeiro criador de todas as coisas e não os muitos deuses do Egito de onde saíram e foram assim libertos da escravidão.

A não citação da palavra "noite" e apenas "tarde e manhã" talvez se explique porque para os egípcios, todas as noites, quando o sol se punha, significava que Rá travaria mais uma grande batalha contra a serpente do caos, Apópis. Segundo o Amduat, que significa “O livro de como é no submundo”, que apareceu completo pela primeira vez na tumba de Tutmés III, no Vale dos Reis, o submundo era dividido em 12 horas que Rá precisava enfrentar para no outro dia reaparecer novamente no horizonte, saindo vitorioso de mais uma batalha. O Amduat dava detalhes do que o deus iria encontrar durante a jornada de 12 horas no Duat. Duat era um lugar de trevas onde existiam diversos demônios, conhecido também como submundo. Imagine a memória naturalmente supersticiosa após tanto tempo de exposição à influência teológica egípcia na qual Moisés fora instruído e talvez muitos hebreus mais íntimos da alta sociedade dos faraós como servos no palácio. Imaginar uma batalha divina noturna seria muito fácil para mentes influenciadas por essa cultura.

Logo na narrativa do Gênesis da criação não há noite, embora obviamente ela já existisse para a própria manutenção do planeta Terra. Ou seja o planeta já girava em seu período natural e favorável á vida e tudo o mais, havendo dias e noites como há hoje, mas as diferentes etapas razoáveis de organização do planeta elas são objetivamente, as noites, omitidas. Logo essas "tardes e manhãs" referem-se à períodos mais plenos e iniciais de cada processo.

Notemos agora que a criação da vida, na ordem lógica em que aprecem sendo criados, só ocorre de fato, após a organização física do planeta, como vemos nos versículos seguintes:


20 E disse Deus: Produzam as águas cardumes de seres viventes; e voem as aves acima da terra no firmamento do céu. 21 Criou, pois, Deus os monstros marinhos, e todos os seres viventes que se arrastavam, os quais as águas produziram abundantemente segundo as suas espécies; e toda ave que voa, segundo a sua espécie. E viu Deus que isso era bom. 22 Então Deus os abençoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas dos mares; e multipliquem-se as aves sobre a terra. 23 E foi a tarde e a manhã, o dia quinto.

Primeiramente vida nas águas ( versos 20 e 21 ), os anfíbios ( que se arrastavam ) posteriormente  ou logo imediatamente após, vida  na terra mas que dominasse os ares.


23 E foi a tarde e a manhã, o dia quinto. 24 E disse Deus: Produza a terra seres viventes segundo as suas espécies: animais domésticos, répteis, e animais selvagens segundo as suas espécies. E assim foi. 25 Deus, pois, fez os animais selvagens segundo as suas espécies, e os animais domésticos segundo as suas espécies, e todos os répteis da terra segundo as suas espécies. E viu Deus que isso era bom.

Logo é bastante pertinente  que os dias não sejam de vinte e quatro horas, não pela impossibilidade de sê-los mas como uma descrição lógica que demonstra o caráter e o planejamento e avaliação do próprio Deus em seu processo criativo e eficiente, perfeito. Se havia o caos no início ou o há em todo o universo compreendido hoje, a Terra foi objeto de ordenação de Deus. Não há acaso, conflito ou nenhuma forma de acidente. Voltando um pouco atrás na narrativa e com base no que a verdadeira Ciência sabe hoje, a distância da Terra ao Sol, a distância da Lua e a sua existência, são prova de uma grande exatidão que de modo algum podeira ser fruto de um acaso e nem tão pouco alguma experimentação.

Versos Gn 1:16-18

16 Deus, pois, fez os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; fez também as estrelas. 17 E Deus os pôs no firmamento do céu para alumiar a terra, 18 para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom.


Por HelvécioS. Pereira*
*graduando em teologia cristã bíblica


CONTINUA EM UMA PRÓXIMA POSTAGEM!

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