* Réplica feita na Holanda da Arca de Noé nas mesmas proporções da original conforme medidas registradas nas Escrituras e aberta a visitação pública, mas essa não é a principal lição que podemos usufruir desse episódio bíblico.
SE FOR A HOLANDA ENTRE NESSA ARCA...
Muitos de nós ficamos assustados, inconformados com a degeneração da igreja cristã, notadamente nas últimas décadas na igreja evangélica, mesmo ao lado de avanços, posturas genuinamente bíblicas, milagres maravilhosos e volumosas conversões. O fato é que todos os dias coisas boas acontecem ao lado de coisas terríveis no próprio seio da igreja, promovidas ou ditas por líderes ativos e que são ou já foram notadamente usados por Deus.O senso crítico parece faltar quando não se calam e presunçosamente desandam a falar contra os outros coisas das quais deveriam antes repensar, arrepender-se, e não ser um público e péssimo exemplo. Há os recalcados, vingativos, os passivos, que nada ou pouco fazem e criticam os demais que ousam ter ações mais contundentes. de forma ou de outra nos batendo uns contra os outros, esquecemos que nem o resino das trevas sabiamente evita a se dividir contra si mesmo. E não sou eu que estou dizendo isso, Jesus, o Nosso Senhor o disse, que um reino dividido não subsiste. Porém qual a lógica, onde se encontra a ponta da lã, que desenrola todo o novelo, que nos deixa mais compreensível tal estado de coisas? Como entender, ou tentar racionalizar a aparente e decadente realidade em todas as áreas da vida?
Em Gênesis capítulo 10, temos mais uma daquelas longas genealogias de nomes estranhos e de sonoridade quase sempre desagradável à nossa língua, e que poucos pais com juízo poriam a maioria desses nomes em alguns de seus filhos homens ( são todos nomes masculinos ). Trata-se, aparentemente, de uma daquelas muitas passagens que só têm valor para o povo judeu ou israelita, sua história, etc. Ou daquelas passagens que alguns teimam em pensar que há algo de profundamente misterioso ou quiçá profético para os últimos dias, algum "segredo", pegadinha das escrituras, mas não é nada disso, e nem por isso menos importante ao meu ver.
Um querido irmão, o Jorge Fernandes Isah do blog Kálamos, que ama ao Senhor Jesus, compartilhou comigo e seus leitores que até a pouco tempo julgava a Bíblia apenas um livro espiritual e que estranhamente não se referia às demais áreas de nossa existência, seja científica, existencial ou outra. Bom que ele não pensa mais assim, como os tais "andar de cima" e "andar de baixo" da teologia e cosmovisão tomaz-aquiniana.
O que me chamou a atenção em Gênesis 10 ( 1 em diante, leia toda a genealogia ), aliás um pouco antes ( Gênesis 7:11 e 8:13 ), já que o relato do dilúvio é sinteticamente conhecido, é a citação de uma data, a data exata em que a arca repousou sobre o monte Ararate, e a partir daí os detalhes das águas baixando pouco a pouco, e do tempo transcorrido até a terra seca novamente aparecer e se mostrar habitável. No capítulo 10 exatamente, temos a longa genealogia das gerações dos filhos de Noé. Qual a utilidade prática de uma genealogia tão cansativa, para nós, distantes no tempo, da cultura daquele povo?
O que ressalta no texto em questão é o fato de Noé ter com Deus um conhecimento e um relacionamento desejável para qualquer um de nós em qualquer época: ser escolhido e ser designado para ser um instrumento de Deus, para fazer algo decisivo para toda a futura história da raça humana, até os dias de hoje e além bem mais alem adas gerações de nossos próprios filhos, netos, bisnetos e etc. Noé teve toda a orientação, direção, promessa e proteção de Deus.Noé sabia que a suas ações, aparantemente loucas para os seus contemporâneos, eram as de Deus, por mais ilógicas que parecessem aos olhos dos demais. Não é uma experiência desejável para qualquer um de nós hoje, quando temos tantas dúvidas se algo é de Deus ou não, se é algo que Deus quer e que seja segundo a sua vontade ou não?
Mas a extensa genealogia dos filhos e dos filhos dos filhos de Noé, nomeadamente alguns que se tornaram inimigos ferrenhos e destetáveis por parte de Deus dos descendentes de Jacó ( Israel ) um dos filhos de Isaque, filho da promessa de Deus a Abraão. Qual a lição importante? Ou uma das lições importantes? A genealogia dos filhos e filhos dos filhos de Noé mostram que a decadência é quase inevitável, por vários fatores, e que na maioria das vezes a fé exemplar e original de um homem, de uma mulher de Deus, de uma família exemplar, se dilui nos seus muitos descendentes, que mostram quando não uma pálida referência da fé e do bom exemplo originais, uma negação declarada dos mesmos. Por isso a tradição é tão perniciosa, por sua quase total ineficiência em garantir um estado espiritual tal qual os que o precedeu.
Hoje quando a Igreja Assembléia de Deus encontra-se tão repleta de escândalos e contradições, igrejas batistas, presbiterianas nos EUA, não é de se admirar, mas deve ser compreendido como um desastrado fenômeno natural. Afinal o caminhar com Deus, o conhecimento do Senhor, o aprendizado a Seus pés é pessoal e individual. Deus tem "FILHOS" e não "NETOS". Cada um por sua vez deve inclinar-se e aproximar-se do Senhor, pessoal e individualmente. Essa genealogia dos filhos de Noé, como as outas encontradas em várias partes e livros das Escrituras não são enfadonhas e nem inúteis como podemos apressada e aparentemente imaginar, mas trazem importantes lições..
O contrário pode ser e é muitas vezes verdade: do meio dos que detém aparentemente o mesmo conhecimento das coisas de Deus surge uma doce exceção, e as Escrituras são pródigas, ricas de exemplos, quando um detalhe de personalidade, faz com que um se distingua dos demais e se sobressaia, se mostrando mais fiel, mais abnegado, mais pronto a realizar algo importante diante do Senhor. Davi se contrapondo a Saul e antes sendo escolhido frente aos seus numerosos irmãs, mais velhos e aparentemente mais experientes, Jacó ( Israel ) a Esaú, José frente aos demais meio irmãos, Maria e José frente aos jovens de sua geração em Israel e tantos outros exemplos.
O que fazer? Se é assim na família, é assim na igreja. Não há uma denominação, um líder importante ou não, que com a idade e os anos de ministério não tenha mostrado sinais de franca decadência, nem sempre por pecado, mas por desleixo, desatenção, parcialidade, permissividade, por perda do foco, ou por fixação em coisas não essenciais. De fato, infelizmente, não nos tornamos melhores com os tempos e anos, como facilmente aparentemente parece ser tanto o sentimento quanto a apreensão da realidade, nossa e do mundo a nossa volta. O crescente conhecimento parece nos fornecer informações que nos tornamos melhores, mais sábios, mais justos, mais santos, naturalmente, sem esforço e apenas por simples consequência...não é essa a verdade, na maioria das vezes. Parece ser, como única solução, a consciência prévia de que poderemos, quase natural e inevitavelmente piorarmos e errarmos mais.
Há duas fases que possibilitam a abundância de erros espirituais ou não em nossas vidas:
1 ) a fase da imaturidade, pela juventude, inexperiência, ignorância, etc.
2) a fase da velhice, pela presunção da experiência, pela soberba.
Em ambas o não ouvir conselhos e admoestações, tanto na juventude quanto da presunção da sapiência parecem ser as causas letais.
Deus pode e quer nos guiar, mas as vozes desejáveis e abençoadoras de irmãos e até de incrédulos ( por que não? as vezes o erro é tão gritante...) podem nos trazer ao centro e ao foco real das coisas, ou o contrário. Satanás se aproveita dessa confusão e usa o nosso orgulho e auto suficiência para nos levar ao tropeço fatal. a voz da serpente no Éden parece soar aos nossos ouvidos, de que podemos por nós mesmos sermos iguais a deus e a parte dEle ( Deus ) julgar todas as coisas. Podemos , mas não sempre, decididamente não podemos nos arriscar a produzirmos coisa para Deus a parte do próprio Senhor. Caim ofereceu sacrifício a partir de si mesmo, dizendo talvez para si mesmo, "ficou bom", " Se eu gostei Deus vai gostar também". No episódio de Caim e Abel, sempre nos colocamos do lado de Abel, a vítima, mas não nos detenhamos a pensar que embora Deus tenha se agradado da oferta de Abel, não há registro de Deus avisando a Abel dizendo "tome cuidado com seu irmão" ou seja não há uma nota que nos informe que,, decididamente, o grau de intimidade de Abel com Deus fosse o mais desejável, apenas que Deus atentara para o sacrifício de Abel e não para o de Caim. Qual a lição? Podemos fazer "coisas" agradáveis a Deus, com um certo distanciamento dEle, uma certa independência.
Afinal todos os pastores pregam a Palavra de Deus, independentemente que seja em maior ou menor grau de fidelidade, todos sabemos que isso é agradável a Deus. Músicos, cantores, membros de igrejas cantam não poucas canções e hinos em louvor a Deus. Casamos e nos damos em casamento e quando o conhecemos para termos uma família segundo os padrões agradáveis a Deus. Temos filhos e esperamos que eles sejam agradáveis a Deus, todos nos esforçamos dentro do que apreendemos ser, em linhas gerais, do agrado de Deus, mas há sempre algo mais que faria de fato, isso ser de fato, de modo distintivo, segundo a vontade de Deus.
Trata-se de um desafio, de um algo mais a ser desejado, um foco a ser delineado, nem para mais nem para menos. Para menos é secularismo, tradição, para mais fanatismo, aliás a comparação com o foco de uma lente, tem tudo a ver, o foco é único, exato não se forma antes e nem após a distância correta da imagem. Mas a Bíblia, as Escrituras, a Palavra de Deus não trata somente de coisas relacionadas ao lado espiritual da humanidade, mas coisas aparentemente corriqueiras, que fazem parte da vida e do lado pragmático da nossa existência. É triste hoje a recorrente busca de respostas em pensamentos e reflexões não originárias nas Escrituras, como se elas ( as Escrituras ), por falta de iniciativa ou carência de Deus, não se ocupassem com essas coisas ou não dessem conta dessas necessidades bastantes específicas. A Bíblia não é só "teológica", mas também "filosófica", "humanista" no bom sentido, no fato de atender as nossas mais básicas questões como ciúmes, relacionamentos afetivos, amizades, inimizades, inveja, soberba, orgulho, presunção, etc.
Finalmente toda a Escritura é útil para o ensino, etc, etc, como ela mesma afirma e não há como ser diferente ou como vê-la ( as Escrituras ) de modo menor: Ela é a infalível, inigualável, inerrante, suficiente Palavra de Deus, para todas as circunstâncias, momentos e épocas. Somos decadentes e a Bíblia nos diz, nos revela e coloca não poucos exemplos disso, dante de nossos olhos. a grande lição de Gênesis 10 com sua genealogia cansativa, é a de que não nos garantimos na nossa integridade por nós mesmos, algo em nós, por força do pecado de Adão nos empurra para longe de Deus de modo quase, diríamos natural, daí a importância da exortação a VIGILÂNCIA e a NÃO PRESUNÇÃO. Tanto a geração pré-diluviana como a pós diluviana se distanciou de Deus, foi apenas questão de tempo. Esforcemos pois para sermos melhores do que somos a cada dia. Do contrário sem esforço nos tornaremos inevitavelmente piores do que hoje, não só diante de Deus e diante dos homens. O ufanismo alimentado inescrupulosamente por frases de efeito tão em moda é contrário ao que a Bíblia revela sobre nós. Todas as muitas promessas positivas encontradas nas Escrituras podem e devem ser apropriadas mas não sem negação, duro aprendizado e fortalecimento do caráter, e nunca aparte de uma real e constante comunhão com Deus que inclui até a Sua amorosa correção. Amém.
Por Helvécio S. Pereira
COMENTE ESSA POSTAGEM
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O QUE ACHOU DESSE ASSUNTO?