Para ser politicamente correto, ganhar a atenção das pessoas ou continuar o diálogo, é muito comum encontrar irmãos que crêem no senhor Jesus como Senhor e Salvador e na Bíblia como a Palavra de Deus, afirmarem as pessoas que "crente até o Diabo é, e até que ele ( o Diabo ) conhece toda a Bíblia.
Uma afirmação descabida, usada geralmente como defesa da citação de um escândalo do "meio evangélico" apontado por um incrédulo de carteirinha, por um católico ou espírita. Descabida por dois motivos: não há uma defesa a ser feita nesse caso, e o Diabo não é "crente", se fosse poderia ser salvo ( em tese ) ser perdoado como o filho pródigo ( talvez ) embora seja essa outra questão que nem Deus nos informa e nem é obrigado a isso.
O ponto é: há hoje uma cultura religiosa que prolifera e se modifica dando a entender que para ser "evangélico" tem que ter tais e tais características e gostar de tais e tais coisas e ter tais e tais opiniões, etc.
Há milhões de pessoas que experimentaram em suas próprias vidas uma mudança radical que não se deveu a terapias, medicamentos, cirurgias bem sucedidas, cursos, livros de autores medalhões e autoconsciência de alguma coisa. Boa parte dessas pessoas ou estariam mortas ou matariam alguém ou ainda estaria na sarjeta. Essas pessoas até discordam em alguns ou muitos pontos relacionados à teologia, à liturgia, ao governo da igreja, a costumes e comportamentos, mas cultivam intimamente um amor pelo Deus que passaram a conhecer acima de todas as convenções seculares e religiosas e que se necessário for perderem tudo e até a vida para demonstrarem fidelidade a esse Deus pessoal e estarem com Ele na eternidade, estão dispostas a perder todas as coisas passageiras e a bem da verdade relativas desse mundo que naufraga inexoravelmente a cada dia rumo ao mais profundo dos abismos.
Não me preocupo em ser mais aceito e ser reconhecido como a maioria visível e identificável mas com a parcela dispersa em todas as igrejas como os joelhos santos que não se dobram e não se curvarão a nenhuma modernidade artificial imposta como verdadeira experiência religiosa ou padrão moderno de espiritualidade.
Por isso na minha visão passo por cima de toda delimitação visivelmente humana. Não importa se é calvinista e ou arminiano, nem mesmo paraprotestante, importa o que fazemos com o conhecimento parcial de Deus e da Sua Palavra que de um modo ou de outro alcançamos e viemos a ter, e o que produzimos de justiça, de gratidão de tributo, de verdadeira adoração ao único Deus e Senhor de todas as coisas, a quem são devidos a honra e todo louvor possível e inteligível por nossa parte.
Nem mesmo, a grosso modo, as divisões teológicas que eventualmente nos inclinamos e refutamos convenientemente me importa. A minha teologia é a teologia da Bíblia que não nos agrada, nos choca, nos refuta nas nossas convenientes declinações, das promessas várias que Deus cumprirá se formos justos e dos castigos e maldições que incorreremos se formos néscios.
A segurança que creio é que a Bíblia me exorta a me agarrar nela ( e me adverte) e não da teologia conveniente que dá falsa ilusão de segurança. a benção bíblica que acredito e que busco é justamente aquela que se contada até mesmo a crentes, menearão com a cabeça, é aquela que tenho que confessar e esperar em segredo, pois o Deus que a Bíblia me revela é de um Deus de fato Todo, totalmente, irrestritamente todo poderoso.
Não são os costumes cultivados legitimamente e aceitos culturalmente, a ética de grupo "evangélica" que agrada a Deus, mas as grandes encruzilhadas em que tenho que optar no momento exercendo a justiça que não quero e a misericórdia que me recuso a exercer. Não é fé idealmente organizada, registrada como confissão denominacional e teológica, mas a que chama a atenção de Deus, a do centurião, e até a cambaleante de Naamã ao banhar-se no rio, uma, duas, cinco, seis, e só na sétima vez, pela obediência desconfortável ser finalmente curado.
Não sou crente para ser um garoto propaganda de Jesus, mas uma testemunha que apenas diz o que deve ser dito, como o cego que pragmaticamente declarara: "só sei que era cego e agora vejo", deixando aos seus interlocutores inimigos de Deus que decidissem crer ou não.
Não há esperança fora da pessoa de Jesus Cristo, como Deus e como Filho de Deus. Há no final da vida, para todos individualmente, gostando , crendo ou não, zombando ou com relativo respeito, uma vida eterna a ser recebida ou uma perdição, condenação já possuída e assegurada, da qual cada um tem algumas décadas para se livrar dela inexoravelmente.
Por isso sou crente: creio no que a Bíblia complexa ou sinteticamente declara ( alguns necessitam entendê-la profundamente para crerem no que ela diz, outros bastam o mínimo e já crêem se guardam essa fé simples para serem salvos ). É essa fé que guardo. Se não tiver mais a Bíblia para ler, ou não puder lê-la, se não houver igrejas e reuniões para ir, hinos para cantar ou ouvir, guardarei o que tenho para ter a coroa da vida, pois é a única coisa real e eterna, todas as coisas são passíveis de serem perdidas pelo ser humano, da boa formação às maiores posses, do bom nome à fama, do cônjuge aos filhos, nada temos que permaneça para sempre, alegrias e tristezas todas passageiras e apenas momentâneas.
Não importa quantos escândalos haja, quantas versões para igrejas e ministérios, quantas bobagens e atitudes impensadas quantos evangélicos possam produzir, quantas celebridades de péssimo testemunho e incoerentes sejam tornadas públicas pela imprensa, pela mídia, etc. Eu nada tenho com esses e eles nada têm comigo.
Sou crente porque creio que Deus age na história, segundo critérios e justiça dEle, Ele está acima de todas as coisas, só Ele tem pleno conhecimento, a plena e melhor solução, crendo também que Deus não é um ser na platéia apenas, mas que intervem quando alguem ou algo lhe chama a atenção e traz a história dentro dos limites e trilhos que Ele mesmo vigia e guarda.
Infelizmente, mais do que antes, as igrejas e ministérios, embora anunciem a Jesus Cristo, e assim devam continuar a fazê-lo e serem usadas para tal, não contém e não conservam em todo o tempo, a hegemonia de fazê-lo, o trigo e o jôio permanecem juntos em todos os lugares, e só Deus conhece os milhões de Joelhos fiéis a Ele mesmo, que ouvem a Sua voz, e choram pelos pecados e desgraças no mundo, joelhos que têm de fato sede de justiça e que serão sim finalmente saciados.
O prejuízo e que cada vez mais para muitos dos de fora, dos que ainda não conhecem a verdade, ir a Jesus Cristo, permanecer em uma igreja, ser identificado e relacionado como cristão fique cada vez mais difícil, mas essa será a realidade que se instaurará cada vez mais contundente, de forma que muitos usarão os escândalos, as divergências, os descaminhos, para justificarem diante de Deus a sua não conversão aos caminhos do Senhor, coisa que não dará certo, não colorará e o que assim pensarem e não tomarem a atitude certa segundo a Bíblia, segundo a Palavra de Deus, de arrependerem-se e crerem estarão irremediavelmente perdidos um dia.
A razão é simples e não é nova: Jesus afirmara que prostitutas e republicanos entrariam no Reino dos Céus enquanto os fariseus não. Os primeiros, a parcela mais louca e incoerente da sociedade, creram e os religiosos e conhecedores dos atributos divinos não.
Eu creio, sou crente. O diabo não é crente e não há nada disso dele conhecer a Bíblia. Ele satanás, conhece a Deus e ao homem como nenhum outro, toda a nossa história de quedas paixões e vexames, daí ser o nosso acusador. Não sou como ele. Sou crente sim, creio no Deus parcialmente conheço, pelas Escrituras, pela experiências e intervenções dEle em minha vida, e por essas só já me agarro a Ele e não O solto pois só Ele pode me abençoar. Se Ele (Deus ) me abandonar estarei irremediavelmente perdido. Sou crente e não "Evangélico" porque escolho agradar a Deus e não aos homens, ainda que sejam legitima e aparentemente "irmãos de fé", denominacionais e teológicos.
Se alguém me pergunta: "Você é evangélico?" respondo: Sou crente, creio em toda a Bíblia e no que ela ( a Bíblia ) declara mesmo que eu não goste e creio no Senhor Jesus como Deus e Filho de Deus, mesmo que que não consiga explicar isso ou provar para você essa realidade. O que posso desejar para você é que faça o mesmo.
Por: Helvécio S. Pereira
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