A Bíblia tem uma mensagem clara, embora a sua "gramática", conjuntos de interrelações e princípios não seja definitivamente humana. Dessa forma só quando se foge do que ela diz, invertendo-se arbitrária e despropositadamente as suas revelações é que o que ela diz parece-nos um disparate.
Contudo as nossas contradições são tantas baseadas em interesses pouco ou nada razoáveis que em uma análise mais razoável é fácil descobrir como freqüentemente nos enganamos, caindo em nosso próprio laço.
A Bíblia declara que o homem não é inocente, é culpado e em princípio o primeiro responsável por sua própria desgraça, seja qual for ela finalmente. Um erro é cometido e todas as consequências possíveis se materializam diante do ser humano. Opostamente Deus já providenciaria anteriormente para que as coisas não fossem como freqüentemente passam a ser.
A nossa reação e sentimento aparentemente natural é que somos "donos de nossos narizes", isso quando não o conhecemos e quando o conhecemos. Em várias situações da vida escolhemos ser e estar em certas posições sejam quais forem e nos orgulhamos disso até que fatalmente quebramos a cara e quando em algumas situações finalmente no último minuto damos-nos conta do nosso erro.
Eu disse que agimos assim antes de conhecê-Lo, quando nos recusamos a aceitá-Lo como Deus existente e real, quando rejeitamos a idéia dEle existir, ou de ter alguma ingerência e direito sobre nós, ou ainda quando como religiosos, o defendemos, defendemos idéias acerca dEle, e quando escolhemos fazer coisas em seu nome e dedicadas a Ele, de algum modo.
Em todas as situações rapidamente aventadas acima, nos encontramos conduzindo a nossa própria vida de um lado para o outro, fazendo coisas, dizendo e declarando coisas, amando e odiando coisas, tendo prazeres e dores. Ainda a partir disso "religiosos" configurados e reconhecidos como tal, qualquer que seja a sua religião, filosofia, igreja, denominação, congregação, teologia, etc, não diferimos dos não religiosos, dos anti-religião, dos religiosos figurativos e dos ateus. Mantemo-nos todos na maioria das vezes, decididamente autônomos, resistentes e indivduais, não desejando inconscientemente um senhorio sobre as nossas vidas, nossas opiniões , atitudes e escolhas, mesmo que sejam de um Deus cujo direito sobre nós seja indiscutível sob qualquer ótica. O que fazemos todos é andar em nossos próprios caminhos, alguns decidida e claramente longe dos propósitos divinos, outros e outras vezes com alguma proximidade prática e claramente conveniente.
Daí a Bíblia declarar que TODOS PECARAM e TODOS SE FIZERAM INÚTEIS. Todos se desviaram e não há um que faça o bem. Os de fora da igreja são pecadores mas os de dentro da igreja também. A diferença é a informação que os primeiros não têm, ou a tem esquecida e deturpada e claramente ignoram e se opõem a ela, enquanto os de dentro da religião ( falando da igreja cristã ) que dizem aceitá-la, a distorcem na maioria das vezes adequando às suas preferências individuais.
Todos nós não queremos ser conduzidos, a não ser nos momentos de extrema necessidade e perigo, de medo mesmo. Não é errado, nem proibido, que não possa acontecer e não possa ser feito legitimamente. O problema é que a desobediência, o desejo de independência está sempre presente em nós. Passadas as necessidades e o medo legítimos, continuamos a tocar as nossas patéticas vidas, com patéticas e pobres necessidades, em todas as esferas da vida a nosso modo, e gostando muito disso, essa é a nossa verdadeira prática todos os dias.
É inútil a velha discussão teológica entre calvinistas e pressupostos arminianos. Todos incluindo calvinistas, escolhem seguir o seu caminho e defender as idéias que defendem, tanto quanto todos os demais seres humanos. Todos, eles e os demais, nós todos somos convidados, exortados a nos arrependermos, a nos deixarmos conduzir por um Deus que deseja nos conduzir, ensinar, guiar e dar compreensão, verdadeira sabedoria, relativa à todas as coisas que precisamos.
Somos seres desobedientes em todo o tempo. Quisera a maioria ou muitos de nós, experimentarmos a vida de Enoque, que andou com Deus e Deus para Si mesmo o tomou. Somos recalcitrantes contra os aguilhões como Saulo, que mesmo depois de convertido e chamado de Paulo, dedicado a Deus, era ainda um homem que, registrado nas Escrituras desobedeceu ao Espírito, indo até determinada cidade que Deus havia lhe dito para não ir. O mesmo Paulo que Deus teve que manter a sua fraqueza para que o poder dEle ( de Deus ) se aperfeiçoasse nele ( em Paulo ).
Eu sou desobediente e você é desobediente, ambos somos e nos perguntamos porque não faço algo de especial para Deus. A resposta é simples eu nem sei o que Ele quer, não me deixo conduzir. Somos como mulas e burros que só a força segue por um caminho. A situação é tão grave que quando alguém se coloca mais do que outros sob a direção de Deus ( e isso é fato inegável ) até a estes Deus não explica certas coisas, mas os empurra e joga em determinadas situações. A Bíblia é rica, pródica nesses exemplos, que são muitos de fato. Há uma pessoa que Deus nos falára que não deveríamos dizer mais nada a ela, Ele mesmo trataria com ela ( para o bem dela ), nos dizendo que era algo que Ele mesmo faria, tal o grau de rebeldia natural dessa pessoa. Freqüentemente nos esquecemos dessa palavra do Senhor com referencia a essa situação especial a nós revelada tão pessoalmente. Entretanto não somos muito diferentes dessa pessoa em questão, todos nós. Somos difíceis de sermos conduzidos, ou nos deixar ser conduzidos por Ele ( Deus ). Satanás engana a muitos ainda hoje, por esses acharem que estão justamente fazendo um bom negócio, semelhantemente a Eva e Adão no Éden.
O mundo hoje, o mundo secular, e parte da igreja cristã nominal, manifesta uma posição de expressar todas as suas aspirações, propondo soluções humanistas, teológicas, estratégicas, de expedientes, como algo legítimo e natural, com vista a produzir uma existência melhor. Esquecem-se todos e isso é muito mais grave na igreja cristã, que Deus legitimamente tem uma vontade, que para azar desses, é perfeita não por imposição, mas como consequência natural pelo fato dEle ser Deus. Busca-se hoje desafiar a Deus em todas as áreas, como a Sua opinião ( opinião de Deus ) fosse algo obsoleto, envelhecido, ultrapassado, inaplicável para a nossa pressuposta e presunçosa modernidade, resultado de uma porca capacidade tecnológica aliada a nossa confusa acumulação de conhecimento contraditório.
Estamos perdidos se não reconciliarmos a nossa vontade a dEle, se continuamos desse modo, nós faremos aquilo que a Bíblia revela clara há muito tempo: nos tornaremos inimigos objetivos de Deus. Não importa se somos ateus, anti-religiosos declarados, dúbios, distantes, desinteressados no assunto, religiosos defensores de uma ou outra posição, se fazemos uma guerra santa em nome de Deus, ou outra coisa. Somos seus inimigos e andamos sempre em direção contrária a Sua ( de Deus ) e os nossos alvos e objetivos não são os dEle.
Deus tem uma vontade e a Sua vontade ( de Deus ) é legítima ( de direito dEle como Criador e mantendedor de toda a Sua criação ) deve ser acatada.
Entretanto a Bíblia nos revela que Deus nunca desejou que a sua vontade fosse acatada sem dois elementos: amor e entendimento.
Teologicamente a existência de Satanás é um problema e fonte de debates milenares. A solução teológica é muitas vezes simplista e irrazoável demais: Deus criara então Satanás para ser exatamente o que é hoje. Os defensores dessa possibilidade não aceitam outra coisa mais conveniente a sua teologia conveniente. A Bíblia diz apenas que "foi achada iniquidade nele..." Ou seja em dado momento de sua existência ( de Satanás ) por sua própria conta ele ( Satanás )passa a apresentar algo que não havia produzido em seu ser: uma soberba, um desejo de ser igual a Deus. Satanás não desejou destruir Deus, tomar o seu lugar, mas ser tanto quanto Ele ( Deus era ), pelo menos no que respeitava a ser reconhecido, adorado e ouvido, em suma ser um deus sem depender de Deus.
O poder, a glória que ele ( Satanás tinha ) lhe garantiria espaço aparte da submissão a Deus. Tal qual nós seres humanos: não importa de onde venha a vida, nós a temos, construímos um mundo, podemos fazer tantas coisas... não importa se foi Deus quem nos tenha dado, é nossa vida e podemos fazer o que quisermos nesse canto do universo. Não vivemos sem Ele? Gastemos a nossa herança ( a vida, a terra e seus bens naturais, a nossa humanidade, do jeito que quisermos até com religião (com a que melhor pudermos idealizar e construir, monoteísta, cristã, o que for ).
O poder, a glória que ele ( Satanás tinha ) lhe garantiria espaço aparte da submissão a Deus. Tal qual nós seres humanos: não importa de onde venha a vida, nós a temos, construímos um mundo, podemos fazer tantas coisas... não importa se foi Deus quem nos tenha dado, é nossa vida e podemos fazer o que quisermos nesse canto do universo. Não vivemos sem Ele? Gastemos a nossa herança ( a vida, a terra e seus bens naturais, a nossa humanidade, do jeito que quisermos até com religião (com a que melhor pudermos idealizar e construir, monoteísta, cristã, o que for ).
Mas tudo tem um fim. Embora pareça uma declaração simplista a mesma Bíblia e o mesmo Deus revelam que todas as coisas serão julgadas um dia e que a única salvação e vida eterna é que "Te conheçam como único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem enviaste".
A vida independente de Deus, seja como ateu, não religioso ou como religioso ( até cristão ) é rebeldia contra Deus. Só está em paz e comunhão com Deus os que se reconciliam com Ele, submetendo-se livremente a Sua vontade e direção, estabelecendo com Ele uma real, não idealizada, sacramental, apenas aparente comunhão.
Ele só é Senhor de quem se deixa conduzir por Ele em todas as coisas. Aquele que coloca toda a sua pobre e limitada vida nas mãos do Senhor, das grandes as pequenas coisas e que para Ele ( Deus ) não tem segredos nem defesas contra o seu eventual senhorio ( de Deus ). Ao estado de rebeldia contra o Senhorio legítimo de Deus a Bíblia descreve muito seriamente como PECADO.
Logo PECADO não é uma coisa ou outra que se faz isoladamente como uma falha ( ESSA FALHA É MAIS RESULTADO DO PECADO, DO QUE O PECADO EM SI ), mas um estado, uma relação com coisas que se pensa, se faz e se defende, coisas opostas ao pensamento e à natureza de Deus, oposta a vontade de Deus, expressão de rebeldia contra Deus. É como se disséssemos nós mesmo a Deus: "não é bem assim ó Deus".
Enquanto pecadores, dizemos o tempo todo para Deus: odeio a Sua vontade, não concordo com os seus pensamentos, e não gosto que me leve a fazer o que eu não quero, o que eu decididamente não gosto. Logo o pecador pode ser ( repito ) tanto um ateu como o mais fiel religioso. Ambos andando segundo as suas próprias vontades, independentes da vontade de Deus.
Finalmente, examinemo-nos todos e cada um por si mesmo: reconhecemos o Senhorio do Senhor como único Deus de todas as coisas ou a Ele é dedicada apenas uma parcela conveniente ( para nós ) de nossas vidas? Pensemos muito seriamente nisso.
Por Helvécio s. Pereira
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