Incrivelmente, qualquer que seja um de nós, em que condições culturais, sociais, de gênero, religiosas ou não, faz uma leitura de mundo e constrói uma cosmovisão da qual a pessoa dificilmente abre mão. Essa visão de mundo, essa compreensão pessoal das coisas, pode ser mais particularizada e construída mais individualmente ou mais massificada, simples cópia do que as pessoas a sua volta constroem juntas. Frases como " ele ( ou ela ) continua fazendo isso ou aquilo no céu...", ou "descansou"... referentes a um conhecido falecido são bastante comuns entre nós brasileiros independente da pressuposta condição espiritual da pessoa. Trata-se da leitura mais cômoda e conveniente e que não foi construída pessoalmente, profundamente por quem a repete.
Sempre leio com muita atenção, blogs de irmãos na fé, especialmente de um pastor quem sempre recebo um e-mail, impessoal é verdade ( pois é gerado pelo sistema embora comum texto tão próximo e carinhoso ), o qual a partir do que leio dele e ele de mim, discordamos em vários pontos, na verdade não poucos, sobre a atual situação da igreja evangélica (mais ) e sobre alguns pontos da teologia cristã protestante ( menos ). Nada contra a sua pessoa, mesmo porque seria algo inteiramente inrazoável, espero que não tenha ela , igualmente nada de pessoal contra mim, trata-se de fato, de uma posição no campo das ídéias, e particularmente no que se refere a nossa fé, que tirando certos detalhes, é na mesma pessoa e baseadas na mesma Bíblia, a qual consideramos como a inerrante Palavra de Deus.
Curiosamente temos os mesmos trinta e cinco anos de vida cristã, crendo nas mesmas coisas, e vendo o mundo e a mesma igreja, os mesmos irmãos a partir da mesma ótica e desejando as mesmas coisas. Porém reagimos e construímos a nossa cosmovisão com diferenças pertinentes e até estranhas para quem não conhece a genuína fé evangélica. Bem a coisa não pára por aqui e Deus não irá se colocar entre nós para dirrimir as nossas egoistas diferenças. Mesmo porque, de fato, nem eu e nem ele estamos tão engajados em dar uma contribuição mais efetiva para o reino do mesmo Deus. Na verdade , ambos , temos de admitir isso, trabalhamos no limite seguro do que a comodidade nos proporciona. Eu por causa da minha profissão e trabalho e ele, opinião minha, pela comodidade e segurança da sua denominação. Não se trata de acusação nenhuma e com nenhum fundo de maldade. Trata-se apenas da cosmovisão que cada um de nós construiu e que serve de base para que toquemos as nossas vidas, dentro do compreendemos ser agradável ao nosso Deus e coerente com a nossa fé.
Por que disse todas essas coisas se o título da postagem é "Como Deus no vê?" A nossa visão das coisas, sejam crentes ou descrentes, religiosos ou não religiosos, católicos ou evangélicos, a nossa visão é bastante estreita e nos contentamos profundamente com isso. Os nossos pensamentos continuam bem abaixo dos pensamentos de Deus, "assim como os céus são mais altos que a terra, assim são os meus pensamentos diz o Senhor". Atingir a visão que Deus tem das coisas incluindo o mundo é para poucos e circustâncialmente. Normalmente mesmo conhecendo a respeito do Senhor e crendo na revelação única da Sua Palavra, expressa fielmente nas Sagradas Escrituras, passamos muitas vezes de largo, por aquela compreensão ideal das Suas coisas e dos Seus divinos planos.
Deus se interessa apenas pelo nosso culto "religioso",pelas nossas "ações religiosas"? O religioso profissional ( sem nenhuma conotação pejorativa ) leva vantagem sobre o leigo, aquele que desempenha um papel secular na sociedade? Deus leva em consideração a enorme massa de seres humanos e suas diversificadas ocupações? Se interessa Ele pelo crescimento intelectual, pela prosperidade e o destaque humano de cada um dos homens e mulheres que compõem o mundo, a humanidade? É correto imaginar as coisas e ter uma cosmologia semelhante a concebida por São Tomáz de Aquino, conhecida como "andar de baixo e andar de cima"?
A mesma Escritura afirma que ..."do Senhor é a terra e os homens que nela habitam," ou seja tudo é de Deus e de Seu particular interesse. A combatida e até por certos setores evangélicos e católicos carismáticos convenientemente enfatizada "teologia da prosperidade" ( e essa postagem não foi escrita para defendê-la, discuti-la ou analisá-la- trata-se apenas de uma citação da qual lembrei de fazê-la como relacionada à postagem e não razão da postagem atual ) é presente na revelação escriturística como integrada à vontade de Deus muito antes de alguém lembrar-se dela nos tempos atuais. Se alguém se aproxima convenientemente de Deus e com Ele estabelece uma comunhão de fato, deixa de ser dependente para ser alguém capaz de abençoar do que já pertencem a Deus mas também aos demais. Deixa de ser um parasita social para ser um agente desencadeador de boas e novas iniciativas que trazem benção a médio ou longo prazo para toda a humanidade. Foi assim com Abraão, Salomão, Esther, Jó, José do Egito...( não nessa ordem obviamente ).
Finalmente gostamos presunsosamente de ter a visão da justiça de Deus. Dá-nos um certo prazer em julgar e tecer restrições e menos em ter misericórdia. "Misericórdia quero e não sacrifícios" diz o Senhor na Bíblia. Significando que a misericórdia advinda da paciência e de uma sábia flexibilidade ( que não se opõe as coisas de Deus ) e menos justiça ( não a dos bons atos e ações justas mas a do julgamento e da condenação ) são mais aceitáveis ao coração de Deus e obviamente mais preferíveis.
É difícil acertar, mas que consigamos acertar mais. Pois Deus jamais se colocará como julgador entre nós irmãos. Ele, o Senhor não descerá do céus, para simplesmente, para nosso bel prazer e satisfação pessoal, dizer quem de nós está certo ou errado sobre algum ponto. Examinemos-nos a nós mesmos e esforcemo-nos para vermos as coisas como Ele as vê e assim comungarmos com a Sua soberana vontade para que nossos esforços e nossas ações diárias não sejam por Ele achadas inúteis.
por Helvecio S. Pereira
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