A fé judaico-cristã é essencialmente sobrenatural e isso pode ficar parcialmente esquecido quando o cristianismo inserido na cultura européia culta ou contemporânea em países e culturas privilegiadamente tecnológicas e de informação se acomoda deixando-se ser apenas mais um verniz cultural. Afinal uma religião em que o próprio Deus se faz homem em momento tardio da história, em que homens já solidificaram uma cultura e até bases para a ciência ( geometria, álgebra, arquitetura, ciência legal, etc ) e não se escondem mais em cavernas ou no topo das árvores e discutem filosofia e teologia e até se matam por idéias além de posses e reinos, e que milagres são feitos a luz do dia e ao céu aberto não é algo que se despreze.
Tomando como análise os dias de hoje temos três importantes blocos comportamentais:
- Um cristianismo institucional e fortemente sacramental em que a ritos para nascer, casar, morrer e outros menos usados para curas, exorcismo e consagração religiosa;
- Um cristianismo institucional teológico e único capaz de se opor ao primeiro, essencialmente bíblico, mas cujo assentimento passa pela compreensão e aceitação de suas colocações e por causa de uma relação econômica social, caminha as vezes lado a lado com a modernidade e em outros momentos se opõe a ela, proporcionalmente a medida que julga estar mais próximo da revelação bíblica, base máxima, se não única de sua experiência religiosa e que não dá lugar ao sobrenatural palpável, mas somente ao sobrenatural no âmbito e no espaço das idéias;
- Um cristianismo pragmático em que o sobrenatural se manifesta no dia a dia a como prova da fé bíblica propalada e defendida e que se importa menos com a estética das idéias e menos ainda com o que o mundo secular pensa e acha de sua fé.
Na minha opinião há cristãos sinceros nos três níveis e inconversos igualmente. A questão é exatamente qual a melhor escolha, se assim podemos colocar a situação. Fazemos as coisas e nessas inclui-se a nossa fé, da forma em que temos satisfação ou prazer. Tal fato é inegável.
Alguém é católico apostólico romano porque essencialmente tem prazer nos ritos e na forma sacramental em que o cristianismo católico se manifesta. Outro é tradicional ou reformado porque também a organização do culto, a organização teológica, a sua cosmovisão e a forma como mantém a sua fé e confissão lhe agrada. Um pentencostal ou neopentecostal igualmente tem prazer em seu pragmatismo teológico lidando no dia a dia com os seus desafios temporais e ensinando as diversas pessoas a lidarem com os mesmos e a buscarem a Deus com base nas mesmas premissas.
O cristianismo, ou a mensagem cristã mais exatamente tem dois viés importantes e igualmente inegáveis:
A fé cristã é para a vida no mundo ( não os tire do mundo, disse Jesus )
e para a vida eterna ( eu lhes darei a vida eterna, também palavras do Senhor Jesus)
Portanto é esperança para a vida e desafios presentes e para a vida terna em oposição a perdição eterna.
Visto dessa forma é tão urgente quanto o salvamento de um náufrago no meio do oceano, uma cirurgia de emergência que salva a vida de outro, um parto que dá vida a um novo ser. A salvação não pode ser vista por quem evangeliza como um luxo e deve ser vista do mesmo modo por quem ouve o evangelho.
Quanto a vida presente, o cristianismo, dá ao homem, mais do que qualquer religião pagã, não cristã, possa vislumbrar em oferecer. Intervenção imediata e mudança no curso da história pessoal é o mínimo que poderemos afirmar com base nas várias promessas bíblicas reveladas nas Escrituras. O cristianismo não prega a resignação, coisa que outras religiões fazem muito bem e até ensinam meios de como atingir tal nível de aceitação e passividade. Frente a morte o cristão pode até escolher se vai ao encontro do seu Deus ou se permanece nesse mundo, mesmo sabendo inclusive, que segundo a sua fé " é muito melhor estar com Cristo", o seu Salvador e Senhor.
Ao crente é lhe instado não só a pregar essa mensagem mas vivê-la e ser prova viva de que a sua mensagem é a única verdade e não apenas mais uma possibilidade. A chave para esse equilíbrio é a fé: "O justo viverá pela fé". Mas fé os três grupos a tem. O amor a Deus é subjetivo e só Deus conhece os diversos níveis de amor de cada um de nós por Sua pessoa. De uma forma ou de outra o cristianismo, como fé, não pode socorrer-se unicamente pela proposição de idéias, seja expostas através de uma teologia sólida e coerente, mas de manifestação sobrenatural e miraculosa como prova do que proclama. Dessa forma os desafios cotidianos, tanto aos crentes como aos que ainda não creem, são contemplados por um Deus vivo e interventor, que não abandona-nos a nossa pŕopria sorte em um cenário de em que somos vítimas em potencial de um inimigo sobrenatural esquecido e que convenientemente age através de subterfúrgios e incógnito, Satanás e miríades de demônios.
A fé cristã não é uma fé só em Deus, mas uma consciência da batalha real e não metafórica que ocorre no cenário da história humana.Tal consciência vai muito além da indisposição entre grupos denominacionais e de posições teológicas legitimamente divergentes. Fé cristã sem sinais e sem sabedoria é igualmente anêmica e impotente frente ao mundo incrédulo. Que cada um de nós encontre a saída, a resposta, o caminho, que aliás é só um: o pŕoprio Senhor Jesus e a Sua vontade.
"Senhor qual a Sua vontade? Tenho feito o que me é prazeiroso, mas fazer o que Tu queres e como Tu queres não é algo que encontremos em qualquer lugar, não é um lugar comum, algo ainda uma ideía facilmente acomodada sob o patrocínio de um grupo, instituição ou tendência.Senhor que queres que eu faça para Ti? Amém"
Por Helvecio S. Pereira
Por Helvecio S. Pereira
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