Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam. ( João 5:39 ) |
Não posso negar, mesmo porque é a verdade, que a razão dessa postagem é a abordagem feita, em seu blog por um querido irmão no Senhor, como muita propriedade, fato que gerou boas participações de outros irmãos sobre o assunto, e até levantamento de outras questões mais ou menos relacionadas. Não estarei inventado e nem portanto. reiventando a roda. Provavelmente seja um abordagem já feita por alguém e se não o foi nunca por ninguém, pode até haver o perigo de ser herética, tenho entretanto certeza de que não o é. Não as faço por vaidade, mas pelo exercício sadio de examinar as Escrituras, ocupar-me com seu estudo, coisa que sei que muitos outros irmãos fazem melhor do eu.
Obviamente me baseio na Bíblia, nas Escrituras, logo o risco de estar inventando moda ou dando tiros no escuro é relativamente minimizado. Mais um elemento necessário e importante é o temor e o respeito à Palavra de Deus e ao próprio Senhor antes de tudo, que se traduz na cautela com cada palavra e revisão de cada colocação a cada momento que sinta necessário e ainda for preciso a retirada do que foi dito imediatamente. Um ditado ou provérbio árabe reza que " não importa a distância e o tempo que tenha andado no caminho errado...volte imediatamente". Bíblicamente temos: "Lembra-te onde caiste e arrepende-te!", palavras do Senhor Jesus no livro do Apocalípse. Portanto constatado o engano refaça as suas formulações imediatamente.
As Escrituras sob certo aspecto, me entendam bem, não são a verdade,dizem , registram a verdade. Pois conforme declarou o Senhor Jesus, são elas ( as Escrituras, a Bíblia ) que testificam dEle.
O ENDURECIMENTO DE FARAÓ, UM DILEMA BÍBLICO MILENAR O texto em questão, Êxodo7: 3-5 ( razão dessa postagem e abordado em um post no blog Kálamos ) é frequentemente usado para expressar da forma mais direta possível que Deus dirige todas as atitudes humanas, não sobrando nenhum espaço, absolutamente pra que o ser humano tome alguma atitude. Dito de forma mais simples: uma pessoa só faz o que Deus quer,para o bem e para o mal como no caso da passagem em foco. Dito ainda de outra forma: Judas traiu Jesus pois Deus o fez trair,Caim matou a Abel pois Deus o fez matar o seu irmão. Hitler exterminou seis milhões de Judeus aproximadamente, sufocando-os e deixando-os morrer a míngua quando não imediatamente assassinados sem causa, porque Deus o fez fazer isso. Uma mulher qualquer é estuprada porque Deus fez o seu estuprador estuprá-la. Tomado ao pé da letra ( e o contrario não significa acomodá-lo ao nosso bel prazer ) é isso que significa quando usado como justificativa contra o livre-arbítreo que nem aparece como expressão em toda a Bíblia. Aliás a palavra trindade também e igualmente não aparece em toda a Bíblia e essa é de fato uma falsa justificativa para os crentes que escolhem o unicismo como opção teológica conveniente. É de fato incrivel também como pelo comodismo e autoprazer teológico nos satisfazemos com certas arquiteturas de fé ou de crença. Disponho de várias peças teológicas e busco encaixá-las, desprezando ou buscando aquelas que montem um arcaboço mais ou menos coerente desprezando o sentido e objetivos mais amplo. Deus é soberano e eu me sinto no dever de "explicar " e justificar essa soberania, quando deveria tão somente crer nesse fato. Qual a diferença então em aceitar que Faraó se tornou culpado de seus atos que culminaram irredutivelmente com sua morte e o apagamento total de sua memória da história universal, justamente por ter escolhido se colocar irredutivelmente contra Deus e seus propósitos ? A passagem em questão é a seguinte: “Eu, porém, endurecerei o coração de Faraó, e multiplicarei na terra do Egito os meus sinais e as minhas maravilhas. Faraó, pois, não vos ouvirá; e eu porei minha mão sobre o Egito, e tirarei meus exércitos, meu povo, os filhos de Israel, da terra do Egito, com grandes juízos. Então os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando estender a minha mão sobre o Egito, e tirar os filhos de Israel do meio deles” [Ex 7.3-5]. Quando da oportunidade da postagem do meu comentário no blog do irmão Jorge, citei o que diz a língua original do texto em questão. Antes porém uma necessária explicação: a tradução da idéia original para as várias centenas de linguas do mundo,não é tarefa fácil e é resultado do trabalho diligente de especialistas, que fazem inúmeras e exaustivas comparações. Em certos casos a tradução para a nossa língua portuguesa fica truncada mas correspondente à original. É o caso de Gênesis 1:1 que reza:
A palavra original traduzida por "Deus" no singular é Elohim ( deuses). Em todas as línguas ocidentais e em todas as Bíblias ficou no singular, por duas razões: uma a possibilidade do uso linguístico no aramaico como referência respeitosa ( Deus acima dos deuses, por exemplo ) Outro exemplo é por ocasião da criação do homem ainda em Gênesis 1:26
Nessa passagem o verbo "fazer" aparece no plural, corretamente traduzido e aparentemente contradiz com a palavra "Deus" no singular. Nas duas passagens em questão, depreende-se a revelação da Trindade só tornada conhecida mais tarde no Novo Testamento através do próprio Senhor Jesus Cristo. Ou seja um texto tráz luz, mas sozinho, um vercículo não justifica uma doutrina. Se aceito a Trindade como verdade revelada nas escrituras ambos os versículos de Gênesis 1:1 e 1: 26 amparam a minha forma de crer, se não somente Gênesis 1:1 em português me dão alguma base para ser Unicista. Da mesma forma o texto de Êxodo 7: 3- 5 favorece aparentemente uma doutrina determinista e se opõe à liberdade relativa do homem quando tomada literalmente em português sem maiores considerações. Consideremos os verbos originais usados na passagem em questão ou usados para estudo comparativo para se conseguir a melhor tradução da passagem: O primeiro verbo cuja transliteração é hãzaq é usado 12 vezes na narrativa de Êxodo capítulos 4 - 14. Na maioria das vezes o Senhor Deus é o agente desse endurecimento. Quatro vezes é usado no sentido passivo ou de estado ( o mesmo verbo ), nesse caso o coração de Faraó se endureceu ( por si próprio ). Outro verbo é o verbo cuja transliteração corresponde ao seguinte: kãbēd. Esse verbo aparece cinco das doze vezes, tendo como agente tanto Deus como Faraó, aparecendo também no sentido passivo ou de estado. E por último o verbo cuja transliteração é qãshâ usado somente uma vez com Deus como único agente. Seria necessário enumerar versículo por versículo, cada um com cada verbo e uso em seu determinado lugar para uma demonstração mais pormenorizada. Entretanto é suficiente para revelar a leitura do texto original demonstra muito mais que no português ou no inglês, enfim numa língua ocidental da evolução do que aconteceu entre Deus e Faraó por intermédio de Moisés. Qual a explicação mais plausível? Deus poderia ter tirado o seu povo do Egito por mil modos sem o confronto relatado no livro de Êxodo. Não é Ele absoluto como deterministas e não deterministas defendemos? Óbvio que sim, então por que não o fez? Há de se recordar que Faraó fora criado, instruido e treinado para difundir uma idéia aceita convenientemente de que era ele, Faraó, um deus, filho do Sol, e acima dos demais deuses dos demais povos de sua época. Ter em suas terras um deus menor não era problema para Faraó. Ter um igual já era algum problema ainda que contornável nas disputas com demosntrações de prodígios de lado a lado. Aceitar a idéia que não era nenhum deus e que o Deus dos seus escravos era mais poderoso, maior e o único Deus de toda a terra e de todos os povos era deveras inaceitável. Daí haver dois propósitos por parte de Deus, ambos didáticos: mostrar ao Egito e ao povo Hebreu nascido sobre o patrocínio ainda que indireto do culto a personalidade "divina" do maior imperador da maior nação da terra ,dentre todos os povos à época. Daí no texto original haver um crescente de reações por parte do Faráo. Deus foi se revelando ao Egito e ao povo Hebreu ao mesmo tempo. A cada passo do processo, fatos públicos colocavam em cheque quem Faraó era de fato perante os homens e perante o único e Onipotente Deus. É fato conhecido que reis e governantes jamais governam sozinhos e isso é bastante claro no texto bíblico, quando os mágicos do Faraó se propõem em fazer os mesmos "truques" do ponto de vista dos ( egípcios). Faraó é fraco, não demonstra convicções pessoais como o antigo Faraó da época de José ( registra a história como o único Faraó monoteísta e que foi assassinado por um comprô palaciano. Portanto o registro Bíblico demonstra um plano de Deus divinamente e, execução, e que demonstra por todos os lados um Deus de misericórdia tardio em irar-se e que não teria de forma alguma em um simples homem alguém que pudesse rivalizá-lo. Não é sábio remeter ao texto apenas para sustentar ou até combater o chamado determinismo Bíblico deixando assim de apreender o verdadeiro sentido do texto, do livro, do episódio de libertação e de exaltação do único Deus registrado nas Escrituras Sagradas. Voltando ao versículo, razão da postagem ( Êxodo7:3-5), vemos todas essas implicações nele registradas. Obviamente, quem tem o privilégio de ter acesso a língua original e perceber nuances mais profundas e variações mais delicadas no texto poderá, certamente aproveitar melhor a real mensagem bíblica. Por Helvecio S. Pereira |
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