Poderia Deus ser surpreendido por um pensamento, fato ou ato? Se dissermos SIM, estabelece-se uma limitação a Deus e Ele Deus, deixa de ser Todo, total em parte de Seus eternos atributos como supomos a partir do que encontramos revelados através de registros e fatos nas Escrituras Sagradas, na Bíblia, a qual consideramos a Palavra de Deus, inerrante e sobretudo o ponto de vista de Deus sobre Si mesmo e sobre toda a Sua criação.
Como entendemos unânimamente a partir desses mesmos registros que Ele, Deus não pode ser surpreendido e portanto SABE e CONHECE tudo, todas as informações, dados e possibilidades de todas as coisas a resposta única possível é NÃO. Deus não pode ser surpreendido por um pensamento, fato ou ato, seja qualquer que seja, por parte de qualquer ser criado por Ele em qualquer lugar, portanto espaço e tempo. Qual o problema então que se coloca?
A questão é para alguns Ele não só sabe como determinou todas as coisas, entende-se aí, que nada do que criaturas suas façam, muito mais que coisas e fatos que se sucedem são obras e atos exclusivos e primariamente de Deus. Dito retóricamente parece ser algo apenas bonito mas se for verdade as implicações morais inseparáveis atribuem a Deus o que Ele não é. Quando aplicadas ao terreno nas conjecturas, digamos religiosas, parece algo sólido e até digno de ser defendido, porém levado as últimas consequências, basilado pelo bom senso não é a mesma coisa.
Durante a breve ocupação francesa no Brasil, cinco pastores calvinistas, a pedido de nada menos do que Nicolas Durand de Villegagnon (Provins, Seine-et-Marne, França, 1510 – Beauvais- en-Gâtinais, 9 de janeiro de 1571) , foram enviados da Suíça ao Brasil pelo próprio João Calvino, estabelecendo-se a grande oportunidade de levar a mensagem reformada, quem sabe a todo o Brasil. Após um culto, diferenças sobre a realização da ceia do Senhor, terminara na execução sumária de quatro e o enforcamento após fuga e apreensão do quinto religioso. Poderia citar outro fato qualquer tirado diretamente das manchetes dos jornais diários, seja acidente, assalto com vítimas ou ainda um grande acontecimento internacional político ou econômico. A todos os partidários dessa compreensão diriam que foram atos de Deus, sejam estupros de mulheres inocentes, abusos de crianças, assassinatos de idosos ou o pior que puder-se imaginar. Eu diria e digo que não. Deus não fez isso. Deus permitiu isso e isso é radicalmente diferente.
Todos esses fatos e muitos outros assemelhados de aspecto e consequências terríveis podem ser relacionados e o resultado será o mesmo. Ou atribui-se a Deus a culpa e os atos de cada acontecimento ou a explicação factual é outra. Deus sabe antecipadamente e totalmente do desfecho de cada acontecimento mas esses acontecimentos não são a Sua vontade e nem o Seu prazer. De outro modo um outro elemento se inclui nessa dinâmica: a vontade soberana de Suas criaturas, vontade essa determinada pelo próprio Deus. Ele mesmo determinou o limite e atuação de cada uma delas ( criaturas ). No episódio de Jó, Sobre a argumentação de Satanás de que Jó assim procedia, sendo justo, pelo simples fato de todas as circunstâncias lhe serem favoráveis, disse a ele ( Satanás ), que fizesse conforme sua argumentação ( de Satanás ) somente não tocasse em sua alma.
O que se deseja com argumentação em contrário, argumentação essa que coloca Deus como único agente de todas as coisas e as suas caricaturas inteligentes como simples marionetes cumprindo um roteiro macabro que contradiz a própria natureza de misericórdia e amor atribuídos ao próprio ser de Deus, que aceitos unânimamente não correspondem ( tal roteiro ) ao que Ele, Deus tenha prazer? As Escrituras, a Bíblia afirmam terminantemente que Deus não têm prazer no mal e que o fim último é exatamente a sua erradicação completa do cenário da existência não só humana mas celestial.
É o grande problema da teologia, ao construir-se prazeirosamente um conceito e uma compreensão, tudo o mais passa a girar em torno dela mesma. A questão central é a eleição dos salvos, justificada por sua pressuposta predestinação que por necessidade lógica, exige que seja abolida outra vontade livre, no caso a do homem. Se o homem for livre, esse pode aceitar ou rejeitar a dádiva da salvação, e os eleitos não são eleitos por serem "escolhidos" sob base nenhuma ( dirão da graça, que deixa de ser graça pois exige-se também lógicamente uma razão, um motivo lógico, que aí não há, lógicamente, não mais se sustenta ), e temos agora o outro modelo, onde há sábios e loucos, os que atendem aos apelos do amor divino e os néscios que o rejeitam, sem medir as razoáveis consequências dessa escolha.
Para piorar temos um cenário de encenação pura, em que um pregador prega a todos a mensagem que ele mesmo não tem coragem de assumir nas suas primeiras palavras e de modo claro e transparente: "Jesus não morreu por todos mas somente pelos eleitos, que ainda bem e modestamente sou um deles". Eu diria: "Jesus Cristo morreu por todos os homens, por todas as mulheres, por toda a humanidade, e embora nenhum de nós mereça essa salvação, ela nos oferecida graciosamente, gratuitamente, sem restrição, a qualquer um de nós que, cansado de suas dores e pecados, desejar ser livre, curado, restaurado, consolado e amado, pode vir e recebê-lo, tão imediatamente como o ladrão na cruz ao lado de Jesus, e como cada um que o encontraram e creram nEle, quando em carne nesse mundo, para ser salvo eternamente, perdoado, limpo, purificado, redimido, e que será ressucitado e viverá com Ele nos céus, e reinará com Ele por toda a eternidade. Isso Ele fez, comprando-nos com o seu sangue derramado no Calvário."
É essa a diferença!
Por Helvécio S. Pereira
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