Essa postagem não aborda elementos da teologia católica e o sacramento da comunhão católica romana. é mais amplo, relaciona com a fé cristã, independentemente da igreja, da denominação, da seita.Trata do conhecimento e organização da fé baseada na mediação da teologia, como conhecimento sistematizado acerca de Deus, particularmente do Deus bíblico, judaico-cristão e o relacionamento pessoal do ser humano com esse mesmo Deus. Percorreremos a Bíblia, as Escrituras nessa meditação, nessa reflexão.
Para que não haja uma má compreensão do que digo, deixo exclarecido que não sou contra o conhecimento acadêmico tão necessário e capaz de prover as capacidades ideias para pesquisa e reflexão e nem contra o conhecimento teológico cristão evangélico e que a falta e não provimento do mesmo como adequação mínima depõe não poucas vezes contra o ensino, a pregação e a argumentação em defesa da Palavra de Deus. Contudo vale ressaltar que o conhecimento acadêmico e teológico por ser circustancial não o garante uma vida de comunhão e plena realização da vontade de Deus. Essa é a razão e a linha principal dessa reflexão pautada no que encontramos registrado na Bíblia, a qual cremos ser a genuína e única Palavra de Deus.
Comecemos pelo livro de Gênesis, o livro dos princípios, das primeiras coisas. O primeiro homem e a primeira mulher tinham, digamos, um conhecimento "teológico": sabiam que Deus existia, que esse Deus era um Deus pessoal e relacional e que nessa relação com eles , o homem e a mulher, lhes mostrava a criação, lhe dava ordens, estabelecia princípios e limites, de fato tudo que na prática a teologia organizada como conjunto de informações nos transmite sempre. Satanás colocou em dúvida exatamente esse conhecimento, digamos teológico de Deus. Satanás não disse Deus não existe, vocês imaginam que Ele lhes fala, que ele aparece a vocês. Deus é apenas uma projeção feita pela mente de vocês. Não Satanás acrescentou apenas uma informação sem negar parte do que Deus havia dito, dizendo (Satanás ) " não é assim".
Alguém conhece a Palavra de Deus, e no primeiro momento é apenas um ser humano arrependido e grato mas tempos depois, alguns anos, e orgulhoso, sua fé não é simples e ele duvida e faz reparações exatamente a mensagem ouvida inicialmente, aquela que únicamente o colocou em comunhão com Deus. Alguém ou as circunstâncias novas, cargo na igreja, status de crente veterano, etc, lhe tenham sugerido: " não é assim".
O próximo personagem bíblico objeto de nossa reflexão é exatamente Caim. Como primeiros filhos de Adão e Eva, Caim e Abel receberam dos pais a informação sobre Deus e tinham algo que nos salta a imaginação, uma comunhão com Deus, após a queda, e após a própria expulsão do Jardim do Édem. ambos, Caim e Abel tinham o mesmo conhecimento "teológico" de Deus. A prática, a liturgia é que foi pessoal. Um deu uma oferta de um modo e outro de outro modo, não foram exatamente os elementos da oferta, mas o que elas expressavam do conhecimento teológico que tinham. Uma oferta e uma atitude correspondia a real compreensão da realidade que envolvia Deus e a humanidade, ali representada por Adão, Eva, Abel e Caim. ambos estavam seguros do ue sabiam sobre Deus, Caim entretanto estava certo que a sua concepção de Deus e de como agradá-Lo era a correta, dessa forma a de Abel não poderia ser a melhor, a mais correta, e o fato de Deus ter rejeitado a sua oferta e preferido a de Abel não pode ser aceito por ele, Caim. Para Caim a realidade construída era maior que a verdade, a realidade de fato.
Assim o crente, o religioso, o cristão, com o tempo, a realidade construída com a contribuição institucional da religião se torna maior que a realidade apreendida nas primeiras experiências com Deus. Ou se tem a experiência real com Deus ou não a tem de fato. Nada a substitui como nas palavras de Jó, confessando que conhecia a Deus de ouvir e agora o conhecia de fato. A teologia mal utilizada substitui a essência do relacionamento com Deus. dá a ilusão de que essa comunhão exista quando não existe, nunca existiu ou ainda tenha deixado de existir completa ou parcialmente. Por isso temos papas, cardeais, bispos, apóstolos modernos, teólogos renomados, celebridades religiosas que mantém e sustentam opiniões acerca de Deus, da religião cristã, das relações e práticas religiosas, dos conceitos religiosos e não tem definitivamente a mais tenra e real comunhão com Deus. É a teologia de Caim.
O próximo personagem é Abrão, aquele que se tornaria o pai da fé cujo nome fora mudado pelo próprio Deus, Abraão. O que sabemos é que Abrão tinha o conhecimento teológico do único Deus, mas o próprio Deus iria ensinar-lhe algumas coisas e oportunizar a Abrão a real experiência de comunhão, companheirismo, inimaginável entre um simples homem e o criador de todas as coisas. Algo inconcebível em toda a cosmovisão religiosa existente e concebida ainda no futuro, nas diferentes épocas e gerações que sucederiam a Abraão históricamente. Isso é tão novo, que a segunda maior religião abrâmica, os Islã, não concebe a realidade de uma comunhão possível entre o homem e Alá.
Sarah, esposa de Abraão conhecia a Deus, recebeu os três anjos ( o próprio Deus trino ) as portas de sua tenda e ouvi de Deus a promessa de que teria um filho e riu-se. A teologia de Sarah dizia a seu coração quem era Deus, o que tinha feito, criado o mundo, os céus e o homem, mas a sua teologia pessoal nãoadmitia de forma lógica que esse mesmo Deus, de algum modo, contra as leis e o ritmo natural das coisas, poderia efetuar um milagre por causa de sua própria palavra. a teolgia dá glória a Deus solenemente muitas vezes mas nega a sua eficácia na prática. Quantas restrições legítimas os fariseus levantaram para contestar os milagres e ensinos de Jesus milhares de anos depois? E quantas hoje em nome do reconhecimento de certos atributos divinos nega-se uma série de coisas igualmente legítimas e que de fato glorificam a pessoa do criador, pois mostram não no mundo das idéias, mas na prática, os seus atributos, como poder, amor, misericórdia.
Muitos são as personagens e muitos os registros. Saltaremos alguns e talvez voltemos a eles, ou então o próprio leitor pode se lembrar deles. Esaú e Jacó receberam instrução e testemunho da realidade da dependência e comunhão com Deus de Isaque seu pai e sua mãe. Esaú o mais velho um dia desdenha da primogenitura em troca de um prato de lentilha, num plano engendrado por sua mãe juntamente com seu irmão Jacó. O final é amplamente conhecido. Jacó enganador e relápso vai além do conhencimento teórico e crê sincermante que Deus é abençoador e capaz de interferir na história individual do ser humano e que portanto o conhecimento de Deus não consiste em uma informação a ser guardada e cultivada sem vínculo com a vida e seus desafios reais. Hoje para muitos o conhecimento de Deus é alienado da vida. Para cristãos católicos romanos praticantes ou não, vale a teologia de São Tomaz de Aquino, os chamados andar de baixo e andar de cima. Com o advento da Reforma, especialmente com os calvinistas isso é corrigido, pois fé e vida, teoria e prática se misturam e são inclusive o sutentáculo para o surgimento e construção de uma ética capitalista, onde o sucesso na vida, incluídas a econômica constituem a prova da benção de Deus.
O que dizer de Moisés e o seu papel de sistematizar o conhecimento anterior, transmitido oralmente e de algum modo mantido incólume até que de um modo miraculoso, pela primeira vez, de modo social e não só individual, o conhecimento teórico se reverte em experiência congregacional. Na próxima postagem.
Por Helvécio S. Pereira
As referências bíblicas não foram incluídas pelo fato de serem todas amplamente conhecidas.
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