No momento, em diálogo com alguns irmãos, sobre o assunto abordado no blog Kálamos, tenho ouvido ( lido ) as suas opiniões claramente colocadas sobre o assunto e suas claras implicações.
É importante colocar que atributos de Deus fazem parte do elenco de características atribuídos ao Criador e que refletem certo consenso entre a maioria dos cristãos e crentes, sejam mais cultos, mais simples e de que cultura e igreja sejam originalmente a sua fé.
Deus é imutável, porque Ele não muda. É declaração Bíblica e sem abertura a nenhuma dúvida. Mais ao final recordarei os dois aspectos dessa doutrina da teologia cristã e suas implicações.Antes porém a confusão que se faz ao confundir-se imutabilidade com determinismo divino, a providade de decretar todos os acontecimentos, segundo alguns, todos até os mínimos e serem irretocáveis até mesmo pelo próprio Deus. Claro que pode até ser, mas a imutabilidade não necessariamente implica teologicamente em numa outra coisa.
Teria Deus após criado "os céus e a terra", portanto o tempo, ter planejado e executado paulatinamente cada coisa, cada elemento e evento ou já tê-los decidido desde a eternidade e se transformado em mero observador? Se assim não fosse poderia Deus perder a sua característica única e divina de imutável?
O livro de Génesis declara que Deus criara os céus e a terra, no princípio. Os céus aí não são a Sua habitação, mas o cosmos e o nosso planeta. Não constitui-se portanto a primeira obra criadora de Deus, mas a que se relaciona com a existência humana. Mesmo nessa criação, a descrição é que Ele o faz por etapas lógicas e por último no que respeita as leis desse mundo material Ele vê que era bom e descansa de todas as Suas obras, da criação dos céus e da terra.
Nesse período Deus se moveu. O Seu Espírito pairava sobre a face do abismo, portanto se movia e descansava sobre o abismo. Na viração do dia, Deus visitava o casal de humanos no Jardim do Édem. Deus vinha a terra e falava ao homem. Deus se movendo, interagindo novamente. Contra a razão e lógica prevista cientificamente, muito da criação de Deus foi imediata. Podemos imaginar a primeira galinha, dinossauro, cavalo, ou outro animal surgindo lentamente sobre uma porção de grama ou terra? Imediatamente, quase por mágica, um em poucas sequências,menos que a nossa pobre lógica suportaria, como o sono de Adão e a formação da mulher, ou mais demoradamente como a separação entre terra e seca e mares.
Deus não precisaria testar para ver se dera certo a sua criação ou não, mas a Bíblia diz que Deus reservou para si o prazer de ver cada obra pronta: "e viu Deus que era bom." A criação do primeiro casal e a delimitação de sua área de atuação e das possibilidades de sua existência contaram com diferentes oportunidades de interrelação entre Deus e os novos seres por Ele criados. Deus não os induziu a queda, ao contrário os advertiu, mas os deixou livres
incluída aí a possibilidade da sugestão satânica. Deu no que deu mas Deus não fora surpreendido e nem vencido nos Seus propósitos que antecedem os primeiros fatos relacionados a nossa espécie. Fatos aos quais desconhecemos em detalhes, anteriores
a nós mesmos e pertencentes a outra história, talvez a pré história terrestre humana ou até do próprio universo, por que não ?
Os dois aspectos da imutabilidade de Deus:
Primeiro: a imutabilidade de Deus é de fato uma idéia inteiramente abstrata e que exige bastante de uma inteligência subjetiva em todas as suas implicações. Trata-se de uma doutrina que pode ser apreendida mais pela sua destruição, negação que por sua afirmação. Se Deus mudasse não haveria razão para nenhuma forma de segurança e lógica em toda a existência. Mudança de humor, mudança de valores, mudança de mente, quebtra de promessas... Deus é imutável naquilo que representa ser o ideal mais supremo e perfeito de todas as boas coisas.
Segundo: Deus, sendo espírito e não matéria, é imodificável, indesgastável, não pode ser enfraquecido, não arrefece e nem fortalece, não esquece e não aprende, não envelhece e nem rejuvenece. Significa que o peso da eternidade ( se fosse possível ) da crescente demanda de processos e informações, das múltiplas dinâmicas da Sua criação, Deus não falhará, não entrará em pane, não terá um estresse.
Nenhum desses dois quesitos relacionados a esses dois importantes aspectos da Sua imutabilidade interfere ou possibilita de fato a dinâmica da Sua possível relação pessoal com Suas criaturas com inteligência e portanto capazes de entender os Seus propósitos e realizações durante um processo real e histórico ao longo do cenário da história humana.
Imutabilidade é um conceito particular e não pode ser confundido com Sua eternidade. Deus poderia ser Eterno e mutável ou ainda eternamente mutável ( em tese somente ). Como vimos Ele, o Senhor é imutável e eterno. É eterno por ser "ilimitado" e "infinito" que não se confunde com oinipotência e grandeza. É ilimitado e e infinito do ponto de vista teológico pelo simples fato de o tempo não lhe impor nenhum limite. Não há sucessão de tempo em Seu próprio Ser e percebe todo o tempo ( passado, presente e futuro ) com igual realismo. Entretanto percebe os acontecimentos no tempo e age no tempo. A encarnação de Jesus não deixou a Trindade órfã por aquele período. Os três dias morto, não mataram o Logos de Deus. Como? Impossível sabermos.
"Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus." ( Salmo 90:2 )
Ainda um aspecto relevante é o que Deus não tem dimensões espaciais, nas palavras do Rei Salomão:
"Mas, de fato, habitaria Deus na terra? Eis que os céus e até o céu do céus não podem te conter, quanto menos esta casa que eu edifiquei" ( 1 Reis 8:27 )
Por Helvécio S. Pereira
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