Em debates acerca da Soberania de Deus fatalmente a questão da livre-agência, do livre-arbítrio humano e dos decretos eternos de Deus assumem a primazia. Evidentemente ficamos todos ou de um lado ou de outro, como se realmente tivéssemos em lados opostos. Parece que um lado está sempre abocanhando um pedaço legítimo do outro ( não necessariamente do outro mas de Deus ou do homem ). Se atribui-se parte ainda que ínfima e aparentemente razoável, por várias razões lógicas, ao homem no que respeita ao pecado, a seu arrependimento e salvação, parece que tirou-se algo importante da chamada Soberania Divina. Se decide pelo contrário, Deus agora, sempre Santo e perfeito, é o agente de estupros, mortes e todo um leque ilimitado de injustiças e repugnâncias. Aí não tem jeito como o nosso raciocínio é excludente, crendo em algo negando outro e vice-versa, não dá outra coisa. Vira cabo de guerra.
Desviemos o foco, creio que salutarmente. Eu tenho um DVD de uma cantora pentecostal, de origem humilde e testemunho maravilhoso de vida e conversão, como são os testemunhos verdadeiros. Aparentemente teve pouca instrução, mas a sua voz, energia e sinceridade são admiráveis e os arranjos feitos para cada uma de suas canções que fogem o lugar comum de muitas canções feitas por crentes hoje eu gosto. Em dada altura do DVD, ela , chama-se Damares, diz a plateia: "sabe a única coisa que Jesus não pode fazer por si mesmo é adorar-se. Ele precisa que nós o adoremos". Assim dito, é no mínimo desajeitada a declaração, sem atrativo discursivo de um pregador com uma cultura mais rebuscada. E ela antes de cantar a próxima canção da apresentação, insta o público dizendo-lhes: "Adore ao Senhor! Adore ao Senhor! Adore ao Senhor".
Se Deus promovesse a Si a própria adoração essa não seria no mínimo legítima. Então essa adoração tem que ser espontânea e resultado unicamente de algo que nasça no íntimo do adorador. Um hino, uma declaração, uma frase, uma oferta, como a da viúva pobre, como a do centurião pela autoridade de Cristo para curar o seu filho, etc. O perfume de Madalena derramado sobre os pés de Jesus, a adoração na oração de Salomão, na construção do Templo ao Senhor, como nas declarações do Rei Davi no salmo 23, etc.
A Bíblia responde, através das Palavras do próprio Senhor, em João 4 23 e 24:
Se é resultado de uma livre-agência, livre-arbítrio, seja lá o que for, é algo que de algum modo, pode ser produzido em nós espontâneamente, e aparentemente não tão comum, pois carece de certa abundância entre o homens.
Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.
Se é resultado de uma livre-agência, livre-arbítrio, seja lá o que for, é algo que de algum modo, pode ser produzido em nós espontâneamente, e aparentemente não tão comum, pois carece de certa abundância entre o homens.
De fato ´parece algo não encontrado em Satanás, criado para ser o portador da luz, o encarregado da música nos céus, no qual foi achada iniquidade, pois julgou ser merecedor de louvor semelhante ao legitimamente devido ao único criador. Incapacidade semelhante demonstrada por Adão e Eva, em nenhum momento vemo-lhes adorando ao Senhor a cada visita ao jardim, ao final de cada dia. Incapacidade semelhante demonstrada por Caim, o qual ofertava conforme aprendido, mas sem a autenticidade demonstrada por seu irmão Abel.
A verdadeira adoração não parece ser satisfeita seguindo-se a mesmas fórmulas já legítimas e consagradas pela prática. Não basta aparentemente cantar as mesmas melodias e poesias que nos poupam legitimamente tempo e propiciam pensar nas mesmas questões, sem ter que compusóriamente ter o mesmo talento e aptidão para compô-las. Liturgias inteiras, reuniões previsíveis, denominações legítimas podem ajudar mas não substituem nem o legítimo reconhecimento do que Deus é como a força com que devem ser manifestos a Ele de forma pessoal, única.
Por isso uma parcela de liberdade autêntica deva existir nos bilhões de seres humanos, para que ocasionalmente, não sabemos como, alguns produzam fé para milagres, para salvação, gratidão, reconhecimento, para serviço ao Senhor, para fidelidade ao Senhor, amor e adoração.
Chega a ser engraçado o fato de que os que defendem irrestritamente a não-livre agência humana para enfatizarem a Soberania de Deus, vejam como ameaça aos planos de Deus o tal do livre-arbítrio. Ainda que totalmente livre impossível lhe seria destruir os mais simples dos planos divinos. Deus detém todo o poder, conhece todas as coisas e "tem todo o tempo do mundo" como diz a letra de um hino cristão americano. Não haveria a mais sutil possibilidade. Embora por mais de duas vezes, o próprio Senhor toma medidas para colocá-lo ( o homem ) de novo dentro dos seus limites cabíveis. Após a expulsão do Édem, "espadas flamejantes " guardando o caminho para que o homem não estendesse as mãos e comesse da árvore da vida e vivesse eternamente" e depois em Babel, "pois não haveria limites para o que os homens intentassem".
Nos dois casos o próprio Senhor nos deteve decididamente. Afinal milênios de história, segundo a cronologia da ciência bem mais ( não que eu dê ouvidos ao relógio da ciência ) são suportados pelo Senhor com nossas mazelas, todos os dias, por que e para que? Para achar entre nós, embora pecadores, alguns que por algum motivo e explicação, produzam reconhecimento, gratidão e adoração genuínas. A esses por meio do conhecimento da pessoa de Jesus, por toda a eternidade continuarão produzindo a mesma adoração e louvor.
A única e definitiva coisa a ser unânimamente reconhecida finalmente, é a justiça de Deus, conforme as Escrituras declaram que todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor. Mas essa confissão universal e final não será por amor, mas fruto do juízo final de Deus, incontestável por sua exatidão e justiça. Homens e demônios, perdidos, reconhecerão frustrada e desgraçadamente que se colocaram nas suas vidas, no lado oposto a Deus e por isso subsistirão eternamente sem a fonte da vida, da justiça, da verdadeira fortuna como sorte e destino eternos. Muito mais têm as Escrituras, a Bíblia Sagrada a declara sobre esse fascinante tema.
Por Helvécio S. Pereira
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O QUE ACHOU DESSE ASSUNTO?