Muitos crentes, iniciamente ficam felizes quando uma reportagem de capa, de uma revista de circulação nacional é relacionada aos evangélicos. Isso sempre e por dois motivos: o primeiro pouco provável e sempre incompleto, é quando valoriza uma ação evangélica; outra quando um escândalo atribuido geralmente a um grupo, ou igreja rejeitado e até odiado, por parte da população protestante é desfiado publicamente.
Falar sobre evangélicos de um modo geral se tornou um negócio lucrativo a partir da tentativa da mídia de destruir a Igreja Universal, e isso não apenas uma opinião, é fato. Todas as edições que traziam como matéria de capa reportagens referentes á igreja esgotavam rapidamente das bancas. Outras igrejas tiveram as suas denominações como alvo, uma delas foi a Renascer em Cristo. Sem entrar no mérito de cada matéria, dos fatos relatados e pessoas entrevistadas e demais depoimentos, que ninguém se enganem o propósito é a desqualificação da fé evangélica como um todo, ou pelo menos de sua parte sobrenatural.
Agora a revista Época traz uma nova reportagem. O destaque são os evangélicos e denominações não alinhados com as denominações mais conhecidas pelo público em geral. O que seria normal e plenamente justo, pois estaria dando voz e destaque, a quem não tinha sido reconhecido, tem endereço claro que é o de impedir que as denominações, ministérios que estejam a seu modo influenciando a sociedade, ou pelo poder econômico, ou pela influência política. Oferecendo uma outra alternativa aparentemente os objetivos podem, em tese, serem alcançados.
Vale ressaltar, que a prática alternativa e em nada nova, aparentemente se coloca com a alternativa correta e solução aos não poucos desvios apontados nas mega igrejas e movimentos neopentecostais e pentecostais, pegando por tabela as denominações tradicionais renovadas ( batistas, presbiterianas, metodistas e outras ). A novidade em nada nova consiste em desvios igualmente perigosos conforme alinho abaixo:
Busca por uma "certa elite intelectual" conforme declarado pelo entrevistado, o sociólogo Ricardo Mariano, defendendo uma prática de um "pastor que não pode proibir nada".
Um pastor ( Kivitz )declara: " as pessoas não querem dogmas, querem honestidade". Um pastor não sabe a diferença entre uma coisa e outra e o lugar de cada uma?
A contradição interna é patente, quando um grupo de outros insatisfeitos afirma na Marcha para Jesus: "Jesus não está aqui, ele está nas favelas". Mas não era uma busca pelas elites intelectuais?
A valorização dos blogs evangélicos que tratam de assuntos seculares e religiosos, algo legítimo, sob a bandeira do pretenso " rompimento com o ostracismo da igreja histórica tradicional e entrar em diálogo com a cultura e com os ícones e pensamento dessa cultura". Vale lembrar que os blogs que mais descem o pau nos pentecostais e neopentecostais são tradicionais ou reformados, não constituem igreja histórica tradicional?
Propostas que tem apelo mais pela curiosidade ganham espaço como a publicação da "Bíblia Verde", com laminação biodegradável, papel de reflorestamento e encarte com textos sobre sustentabilidade feita pelo Instituto Gênesis, que embora inofensiva se iguala a outras publicações feitas por pentecostais como a Bíblia da Mulher, etc. Nada de novo portanto.
Na música, artistas que afirmam que a música feita por eles é apenas "música feita por cristãos" A ênfase é negar qualqeur ligação com a denominação e com o que acontece somente entre as quatro paredes do templo, palavras de um pastor presbiteriano.
Um dos pastores entrevistados cita Marx e Freud na sua alternativa para suprir as carências ( leia-se econômicas ) da sociedade.
Exemplo americano em contraposição a alternativas legitimamente brasileiras, um modelo de quarenta anos atrás, "uma igreja para quem não gosta de igreja" . A mesma mídia nunca mostrou o lado positivo de ministérios americanos como Rex Humbard por exemplo, que influenciou positivamente milhões de evangélicos no Brasil. O pastor Ed René Kivitz afirma que o seu compromisso é com "a multidão de agonizantes". Mas que multidão? as igrejas que atingem multidões para o bem ou para o mal é que usa a mídia. Não seria pretensão e uma contradição?
Desprezo a uma liderança que orquestre o "novo" movimento, ênfase a diversidade entre as várias diferenças teológicas, culturais e denominacionais e de seus ideólogos (??) Os neopentecostais possuem tantas diferenças não era a hora de começar a ser respeitoso na diversidade? Sãoa firmações do teólogo , professor universitário, e pastor da Igreja Presbiteriana do Bairro do Limão, Ricardo Quadros Gouveia.
Despir quanto possível , e a revista os chama de "pensadores", os ensinamentos cristãos de todo o aparato institucional (!!!). Para esses a igreja evangélica no caso, chegou ao século XXI, tão encharcada de dogmas, tradicionalismo, corrupção e misticismo quanto a igreja católica romana. Sério? de onde eles tiraram tal afirmação? afinal boa parte são batista tradicionais, presbiterianos, anglicanos, quer mais tradicionalismo que isso? A afirmação é do pastor Miguel Uchôa, da "Paróquia Anglicana Espírito Santo", nome bastante tradicional não parece? Ele mesmo acrescenta: "é difícil conviver com tanto formalismo e tão pouco conteúdo". Não pode ser na Igreja Universal ou Quadrangular que ele estava pensando, pois formalismo não é o defeito dessas denominações. Será na dele?
Uchôa é entusiasta do movimento inglês "Flesh Expressions", cujo bordão é uma igreja mutante para um mundo mutante. Reuniões em cafés, praias, pistas de skats, etc. Mas cadê a "novidade", se isso é acrescentar alguma coisa, a Igreja Renascer criou o Vale-tudo gospel para evangelismo, a Igreja Universal, o drive-tour para oração para as pessoas que passam perto da igreja e a mais de trinta anos uma igreja americana funcionava com reuniões em um espaço tipo drive-in. Que revolução é essa? O seu combate é a toda forma de hierarquia então porque não deixa de ser anglicano, uma igreja tradicionalmente tão hierárquica como a católica romana e com origem absolutamente espúria históricamente?
Sermões não são sermões, são chamados de "palestras" com aspas na própria reportagem. Já há igrejas sem templo, as reuniões são em salões, casas, e a igreja se auto intitula como"comunidade".
Aboliram os dízimos e as ofertas (!!!) mas dízimo não é bíblico? Os sermões chamados de "palestras" são feitos com recursos multimídia com um MacBook ( deveriam usar um Linux ). A meditação "bíblica" dominical é comumente ( quase sempre ) ilustrada por uma crônica de Luis Fernando Veríssimo ou uma "música ", correto seria canção, de Chico Buarque de Holanda. Prática de dois pastores Anglicanos.
A afirmação que a verdade bíblica segue divulgada em formatos ultrapassados, e que pregadores formados em seminários "passam a vida oferecendo respostas a perguntas que ninguém mais faz." Só se for na igreja dele. Aliás uma análise sociológica dos pentecostais e neopentecostais é exatamente o contrário: são eles acusados de investirem nas necessidades urgentes das pessoas, vida amorosa, estabilidade financeira, independência, etc.
Uma coisa ficou clara nas declarações desses "novos reformadores", nem tão novos assim: o rompimento declarado com a face mais visível dos protestantes brasileiros, os neopentecostais. Se gabam de "atrairem gente com formação universitária e que nos consideram como pensadores", afirma Ricardo Agreste.
O combate a heresias aventadas pelos neopentecostais seria esperado por grupo de crentes com melhor nível cultural e educacional e teologicamente sério, mas as diferenças de dogmas ou de doutrinas não é o que enfatizam, querem apenas substituir as hierarquias instauradas, pela deles, claro, desejam ser os novos guias religiosos de uma multidão não católica. O interessante que nesse mesmo grupo estão arrolados combatentes audazes contra a chamada "macumba para evangélico" da Igreja Universal do Reino de Deus. Esses se sinceros poderão conviver com um cristianismo sem dógmas, sem templos, sem sermões, sem hinologia, sem teologia, etc, como o teólogo Augustus Nicodemos Lopes, chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie . Aceitará a declaração do pastor da Igreja Batista da Àgua Branca, Ed René Kivitz, que afirmou que as pessoas não querem mais dogmas, querem autenticidade ( que autenticidade seria essa ? )
Aceitaria ele, Augustus Nicodemos Lopes, a quebra e anulação de qualquer hierarquia, ainda que legítima na igreja? Sem "ungidos", sem "culto show", as reuniões são formais. O triunfalismo Antigo testamentário é evitado intencionalmente como "vitória", " vingança", " peleja", "guerra"," maldição ", etc. Pelo visto o Antigo testamento será todo trocado por crônicas de Fernando Veríssimo e poemas de Chico Buarque. Igrejas não são mais igrejas mas "comunidades". Os cultos não são mais cultos mas "reuniões" ( Na IURD já é assim a muito tempo! cadê a novidade? ). Evangélico não: agora é usado o termo "cristão".
A reportagem colocou uma conclusão interessante: Segundo o sociólogo Ricardo Mariano ( PUC-RS ) "o embate é natural e as lideranças históricas, desde o final da década de 1980, se levantaram para desqualificar o movimento neopentecostal. Só que não há nenhum órgão que fale em nome dos evangélicos ( ainda bem !) então nenhum grupo tem autoridade legítima para dizer o que é uma legítima igreja evangélica".
Minha opinião:
O Senhor Jesus afirmara que escândalos haveriam e os há mesmo no arraial tradicional. Adultério, homossexualismo, estupro, desvio de dinheiro, etc, todos "pecados" tão rejeitados socialmente. A igreja não é um clube, um espaço para interrelações ainda que supostamente espirituais e cristãs. Nesse quesito o cristianismo seja a pior das religiões institucionais. A Igreja de Jesus faz a obra de Jesus e que em nada guarda a aparência com a melhor e mais concebida comunidade pseudo cristã. A verdadeira igreja de Cristo não é nenhuma neopentecostal em particular e nenhuma dessas comunidades alternativas. Pelo menos sabem-se o que os neopentecostais dizem que crêem e essas novas igrejas sem dogmas, sem lideranças, mas com "pensadores", que caminhos e a que níveis de perdição conduzirão certamente? Bom para o catolicismo do qual essas "comunidades" sem perceberem estarão mais próximas e assim finalmente estarão inclusas em uma hierarquia e ditadura espiritual mais grave. Finalmente nada de novo e ai daqueles que se deixarem serem levados por mais esses ventos de pretensa novidade.
Por Helvécio S. Pereira
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