É bastante recorrente a queixa de alguns irmãos relacionada a certo perfil da igreja hoje, particularmente a igreja evangélica brasileira. Setores mais tradicionais manifestamente chocados com a relação estabelecida pelas pessoas de fora da membresia cristã não católica, se sentem incomodados por serem vistos como parte dos novos evangélicos, notadamente os neopentecostais, que em certa medida se distanciam do comprometimento histórico protestante, como os batistas, metodistas, presbiterianos, luteranos, etc. A esses que se dizem insatisfeitos e desconfortáveis, é inaceitável que o crescimento dessas novas igrejas seja resultado de técnicas de convencimento, pregação pouco bíblica e falta de fidelidade ou comprometimento com os reformadores promotores do rompimento teológico com a igreja católica apostólica romana, o maior acontecimento religioso dentro do cristianismo em mil e quinhentos anos aproximadamente.
Declarações institucionais, frente a esse movimento que não é exatamente tão novo, já de décadas, declara ressentidamente, como se houvesse alguma utilidade nessa declaração que embora legítima, é absolutamente insípida, que esses novos crentes de igrejas neopentecostais não são reconhecidamente evangélicos e devem portanto ser rebatizados e redoutrinados, se virem a filiar-se a igrejas tradicionais e reformadas. A minha posição é que atitudes e ações como essas não refletem de modo algum algo que esteja acontecendo de modo sobrenatural e do ponto de vista, da forma como Deus as vê. Nunca nenhuma igreja cristã foi cem por cento recomendável e perfeita em todos os seus elementos. Se tal igreja existisse todos os homens e mulheres deveriam imediatamente acorrerem a ela. Essa igreja nunca existiu e nunca existirá. O que sempre houve e ainda muitas vezes haverá, é que nas igrejas cristas visíveis, homens e mulheres após conhecerem e terem uma experiência real com o Deus bíblico passam a proclamá-Lo e espalhar ao mundo parte das Suas promessas, anunciando as pessoas o que Deus pode fazer por elas. Dessa forma Lutero, João Calvino e outros trouxeram a sua geração e a nossa a Salvação pela graça e somente em Cristo e a Palavra de Deus , a Bíblia como única regra de fé e conduta. Encurtando a história, pois creio que o leitor a conheça em muito mais detalhes, bem mais recentemente tivemos a renovação carismática, que nem precisaria ter esse nome, e mais recentemente a chamada errôneamente de teologia da prosperidade, que tem teria que ter esse nome.
O fato é que as pessoas tomam conhecimento que o Deus da religião é competente para todos os demais assuntos e a fé está intimamente relacionada com todas as áreas da vida, sem contudo oscilar para o andar de baixo ou o somente o andar de cima, segundo a cosmovisão de São Tomas de Aquino. Esse Deus tanto sustenta e guia a igreja na sua ação evangelística como sustenta os seus filhos em todos os seus empreendimentos como os ates tido como seculares e separados das coisas de Deus: política, artes, esporte,economia e empreendedorismo, entre outros.
Mas o que motivou essa postagem e sua consequente reflexão ( tudo o que escrevi até a gora é apenas introdução...desculpe... ) tem a ver com mais um documentário que assisti agora a pouco sobre o Timor Leste. Não é possível, por motivos óbvios e pertinentes ao formato de uma postagem, recontar toda a história dessa nação e de sua recente epopéia de sofrimento e terror. O que é base do proponho refletirmos é que em um período histórico anterior, as duas partes da grande ilha oceânica de Timor foi colonizada ao oeste pelos holandeses e a leste por portugueses. E que relevância tem essa informação?
Naquele imenso arquipélago distante da Europa, do outro lado do mundo, duas nações, autodenominadas cristãs, na se esforço expansionista, propiciaram que dois grupos de cristãos e de certa forma , e de forma diferente, crentes em Jesus Cristo como O Filho de Deus, se tornaram na prática os portadores da história e da mensagem de salvação na pessoa de Cristo, cada qual a sua maneira e por determinações históricas diferentes. A oeste os reformados holandeses e a leste os católicos romanos portugueses. Muitos podem arrazoar que esses "cristãos" não eram cristãos de fato e certamente boa parte deles, principalmente os católicos romanos nem renascidos em Cristo eram. Pouco importa ao meu ver, a igreja que propiciou educação, fé e possibilidades de ambos, Lutero e Calvino a realizarem a reforma, fenômeno e fato tão importante para o verdadeiro cristianismo hoje, e os professores que incutiram e fomentaram o princípio dessas idéias em suas mentes , eram pessoas também de uma igreja diversa da nossa igreja evangélica atual.
Bem encurtando a conversa, naquele canto do mundo, as duas igrejas e comunidades cristãs, falharam em influenciar e mudar os destinos daquele povo, tanto espiritualmente quanto materialmente. Não se trata de alguma reclamação mas alguns amigos cristãos não concordam com o que chamam de meu pragmatismo. A igreja e crentes podem muito legitimamente ter aparência de piedade, fazer algo que lhe auto satisfaz e ter nenhuma influência no mundo. Aliás religiosos profissionais ( sem referência pejorativa, mas apenas por se ocuparem dessa tarefa únicamente ) sempre se manifestam ferozmente sobre uma ou outra coisa com uma presunçosa autoridade que se mostra inútil se nada de concreto acontece no mundo real. Isso porque o cristianismo não é uma religião filosófica, ideológica, redentora por uma fórmula litúrgica ou sacramental. O cristianimo é centrado na pessoa de Deus que tem nome e materialidade, Jesus Cristo, e no que Ele fez em sua vida, particularmente no seu ministério de três anos e meio e no que Ele parece realizar nos dias de hoje segundo os testemunhos de pessoas com destinos, pensamentos, vida mudados; através das curas e milagres recebidos, da sobrevida e da libertação de desconfortos e limitações de forma sobrenaturais.
As duas igrejas, e particularmente os dois grupos de cristãos dos dois lados da ilha, falharam por seus líderes reformados ou católicos, não andarem com o seu Deus, não serem iluminados pela Palavra de Deus, não promoverem conversões e pessoas renascidas nos dois lados, nas duas nações; não preverem e não vencerem o mal personalizado no ódio dos muçulmanos, dos comunistas e outros grupos anti-cristianismo, e portanto permitirem que o mal sobrenatural que também desconheciam e desprezava se materializassem em ditadores e milícias assassinas.
Portanto sem crentes com comunhão e fé desafiadora, sem formação de promotores e defensores do cristianismo como instituição e fenômeno religioso, sem governantes ou pelo menos legisladores convertidos e renascidos só restariam o óbvio e o amplamente recorrente na história humana, incluindo a mais recente: o mal se instaura e produz o que lhe é natural, a expressão máxima e real, material do próprio mal.
Aí o teórico, o absolutamente mental não se impõe de fato frente aos desafios do mundo real. De fato, fica até patético e semelhante ao que universamente reconhece como "conversas bizantinas", uma conversa teórica que frente a realidade não se impõe, a realidade a nega imediata e peremptoriamente. O nosso Senhor Jesus não era e nem foi assim. Ele ensinava com autoridade, não como os fariseus, demonstrava essa realidade traduzindo-a d forma inteligível aos mais diversos níveis de compreensão e fazia as coisas acontecerem diante dos olhos de todas as pessoas e não somente de uma plateia que lhe era favorável.
Muitos ministros e pastores com opinião e posicionamento mais tradicional e histórico, só falam para claque ( aquele grupo de pessoas em programas de tv que batem palmas e vaiam conforme um cartaz na mãos de um animador lhes anunciam a ação, conforme a direção do programa ) pessoas que lhe são favoráveis e vão ouví-los dizer coisas que eles mesmos diriam a se mesmos. Notem que a culpa não é exatamente deles, dos pastores ou ministros, algo inconsciente prazeiroso para os dois lados.
Se a igreja não for decisivamente espiritual, anda em trevas, existe para si mesma e não é útil aos reais planos de Deus e seu consequente objetivo para o mundo perdido, não percebe para onde as coisas vão ou deixa de ir. Pode até, legitimamente opinar e se posicionar frente certos assuntos aparentemente mais relevantes e até endurecer referente a uma opinião ou outra. Pode também aparentemente de forma legítima fazer um barulhão por pouca coisa e deixar escapar ou não reconhecer uma cilada maior espiritual, urdida pelo inimigo, Satanás, que redundará finalmente um desastre espiritual, traduzido em um fato, ou em fatos reais, no mundo real.
As duas igrejas do Timor falharam e o resultado foram injustiças, morte e morte espiritual de um povo, que só o tempo e muitos outros investimentos, incluindo materiais e espirituais poderão produzir pessoas salvas e redimidas pela verdade do Evangelho de Jesus. Certamente se pudessem ver o futuro não seria isso que desejariam ver acontecer. E nós? o que desejamos, o que sabemos, e o que deve ser feito, particularmente no Brasil? Acusações e críticas seriam a solução ou a igreja como um todo deve fazer outra coisa especificamente, que segundo o ponto de vista de Deus deva ser finalmente feito? Se a igreja falhar o mal acontecerá com certeza. O que desejamos individualmente como crentes que se julgam, que se reconhecem, como conhecedores da verdade conforme revelada na Bíblia, a verdadeira e única Palavra de Deus?
Por Helvécio S. Pereira
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