Conforme dito a um querido irmão em seu blog, que a partir de sua reflexão, não para combatê-la ferozmente, mas tecer considerações importantes em torno do mesmo assunto. O ponto de partida foi o comportamento das igrejas Neopentecostais, nas suas práticas de evangelismo, que conclamam as pessoas a visitar os seus templos, a buscar a Deus para a solução de seus problemas mais imediatos, como financeiros, de saúde, amorosos e familiares. Os testemunhos são diários através das mídias televisivas, radiofônicas e impressas. A prática constante e contundente de pedidos de ofertas e uma pregação repetitiva e as vezes vazia de conteúdo estritamente bíblica incomoda crentes mais tradicionais.
O fato é que esse tipo de igreja ou ministério, como é chamado hoje, que são erigidos basicamente, em cima da experiência pessoal de seus líderes, e cujo ardor e determinação é copiado, tem promovido o crescimento e um enorme impacto na evangelização e na sociedade brasileira. Uma reparação pessoal que faço aos seus opositores e descontentes com suas práticas, é que façam um julgamento mais amplo e considerem os inúmeros pontos positivos resultantes de sua ação, o que não tenho visto, a não ser por parte de pesquisadores de áreas acadêmicas que também tecem críticas relevantes, mas consideram as eventuais virtudes. Além das chamadas reuniões com conotação de posto de vendas, há reuniões com ensino bíblico mais consistente e que enfatizam realmente o que deva ser enfatizado bíblicamente.
O tema não é exatamente fácil, já que opositores a essas práticas, com boa dose de razão, já tem enorme desprezo as pessoas envolvidas e razões teológicas que implicariam a negar a sua própria posição, algo também compreensível. Outro ponto é que o crescimento desses ministérios e igrejas se deu muito rápido, tempo insuficiente para conversão e formação acadêmica sólida, seja teológica ou secular, e o grande número de pastores, evangelistas, responsáveis por igrejas, sem a mínima formação educacional mínima desejável. Por outro lado na Europa e nos Estados Unidos o problema da moribunda igreja cristã, não é a falta de base acadêmica, educação secular e cultura, aliás tem-se em excesso, e a fé bíblica está morta por lá em muitas paróquias católicas romanas, e igrejas protestantes históricas.
O desconforto pode ser sintetizado em uma frase: "não fazem as coisas como devem ser feitas", fazem-nas diferentemente e estranhamente, mas alcançam seus objetivos a tranco e barrancos. As suas igrejas apresentam milagres e a minha não. Tem dinheiro a rodo e a minha não. Ficam novos projetos todos os dias e a minha não. Isso incomoda, a mim incomodaria. Produzem escândalos todos os dias, direta ou indiretamente, se indispõem uns contra os outros e se envolvem grandemente com as coisas seculares ( política, empreendorismo, etc.). Tem opiniões pouco ou nada ortodoxas relacionadas a tabus entre a maioria dos cristãos, como defesa do aborto e pena de morte, por exemplo.
Bem a razão dessa postagem é o milagre como sinal no evangelismo atual no Brasil. Se é válido, legítimo ou não. Deve ser buscado , copiado, etc. As críticas acompanham o desconforto e a oposição a seus métodos e não ao contrário e parecem justificá-las. Se os milagres fossem testemunhados em uma igreja com perfil tradicional, qual seria a reação? Quero dizer que esse filme já foi passado diante de nossos olhos. Quando igrejas batistas aderiram a Renovação Carismática os Batistas tradicionais simplesmente expressaram a sua posição: são falsas todas essas manifestações. Eu pessoalmente assisti uma pregação do Pastor Nilson do Amaral Fanini, a muitos anos, na Primeira Igreja Batista de Belo Horizonte, localizada no centro geográfico da cidade de Belo Horizonte, na Praça Raul Soares, durante uma semana de conferências especiais. Toda a sua pregação foi focada na negação da renovação carismática não só nas igrejas batistas mas em todas as demais denominações tradicionais. Ao que se sabe, falecido a poucos anos, não mudou a sua opinião ate ao final de sua vida. Notem que os ministros batistas e igrejas batistas renovadas ( tais como presbiterianas, metodistas- metodista wesleyana ) tinham e têm ainda hoje uma postura ilibada diante da sociedade, ou seja, renovadas e sem escândalo patente, sem exageros, sem aparente incongruências.
Sob esse aspecto, a resistência antecede as críticas e não ao contrário. Ainda que não houvesse grandes, ou nenhum escândalo e vexame, o quadro de oposição não mudaria. O que incomoda também é que aos olhos da sociedade, todos somos "evangélicos", e não é confortável para muitos serem "confundidos", ainda que sejam ministros, pastores, membros de igrejas, com pastores e o pregadores de tais igrejas. Esse entretanto não é um grande problema , mas estritamente cultural, que pela ignorância resultante da má educação brasileira, só distinguia uma igreja ( a católica romana ) e hoje duas ( católica e evangélica ). Exigir maior exatidão das pessoas e até mais cultas e educadas, ainda é exigir demais.
Já que a oposição antecede a prática, tudo o mais é apenas uma tentativa de justificação da sua opinião particular, o que é legítimamente aceitável. A simplificação é expressa: "não é de Deus", ou "é de Deus". A mesma posição expressa pelo saudoso Pastor Nilson do Amaral Fanini : a Renovação carismática é falsa, não é de Deus e não há dons espirituais, o falar em línguas e nenhuma profecia possível hoje. O contrário seria afirmar tudo isso.
Do mesmo modo, hoje os milagres, a prosperidade, as conversões, ocorridas aos borbotões nas Igrejas Universal do Reino de Deus, Mundial do Poder de Deus, Internacional da Graça de Deus, para citar as maiores é de Deus ou não é de Deus? Não importa como, ainda a altura dessas considerações. Mas se são ou não são de Deus, demais considerações devem vir apenas depois dessas. Se são porque nas demais igrejas, reformadas e tradicionais, não são tão patentes? O que impede pastores e ministros e teológicamente corretos não apresentarem um sinalzinho sequer em suas igrejas? Não há registro, nenhum sequer do pastor Nilson do Amaral Fanini ter expulsado públicamente, em todas as décadas de seu ministério um demoninho sequer... por que ? Não havia endemoniados na cidade do Rio de Janeiro, logo lá ( ??? ). Eu pessoalmente nunca falei uma sílaba em línguas estranhas mas não nego a sua realidade, mas já expulsei demônios algumas vezes, é estranho mas a sua manisfestação sinistra é real e suigêneris.
Uma justificativa é que os sinais e milagres, embora passíveis de serem acontecidos, não podem ter tanto destaque ( talvez não tantos, talvez não tão escandalosos, etc, mas como ?). Há um pastor que admiro grandemente, que tem uma opinião da qual não compartilho tanto, para ele não se deve contar "tristemunhos". Minimize-se e guarde os detalhes mais sórdidos e terríveis de qualquer condição anterior ao milagre. Não diga que matou, que roubou, que foi assim , foi assado, etc. Reforço que isso está no nível da opinião apenas, não da doutrina, mas vira prática na sua igreja, o que na minha também opinião não aprovo. Os Neopetecostais fazem exatamente o contrário, contam tudo. O engraçado nessa história é a completa falta de compaixão de alguns dos opositores que centralizam toda a energia de sua resistente oposição a falta de compaixão. Pessoas curadas não os emocionam, pessoas agora prósperas não os emociona, concentrando-se apenas nos métodos, que podem ser, em muitas vezes, plenamente discutíveis, claro.
Um argumento apresentado é: o milagre não antecede a fé. Primeiramente deve-se crer e não o contrário. Um texto bíblico é frequentemente o encontro de Jesus com Tomé, instando-lhe a tocar as feridas no corpo do Senhor e ver que era realmente Ele ( o Senhor Jesus ) mesmo, e a declaração de Jesus a Tomé: "bem aventurados os que não viram e creram". Trata-se de um interpretação forçada, pois os que não viram e creram, no caso, são claramente os que não viram ao Senhor e não aos milagres, feitos pelo mesmo Senhor.
Nos evangelhos, O nosso Senhor realizou milagres públicos e alguns secretos, todos movidos pela compaixão ou seja, a primeira razão era o sofrimento da vítima do referido mal, e em segundo lugar produzir fé sim, nos demais, nas demais pessoas. O público testemunhava os milagres e espalhava a notícia da presença e das possibilidades de outras pessoas também serem curadas pelo Senhor. Negar isso não é condizente com o que a Bíblia afirma e traz registrada em suas páginas, em vários textos e em ocasiões diferentes. O próprio Senhor deixa claro que os Seus milagres tem objetivo sim, de levar os seus ouvintes e as pessoas que os vêem, a CRÊREM NELE, conforme dito e registrado em:
Mas se as faço, e se não quiserdes crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai.João 10:38
Novamente o discípulo e apóstolo João deixa claro que os registros de parte das obras e portanto de milagres feitos pelo Senhor Jesus, tem sim, objetivo de levar a fé ao Senhor Jesus, e crendo nEle, as pessoas possam ter a vida eterna. Temos então uma ordem, uma sequência, claramente bíblica, milagres ( sinais )> fé na pessoa do Senhor > Vida Eterna ( salvação ). Logo os neopentecostais não estão errados na sua lógica, e por mais estranhas que pareçam certas de suas posturas, estariam corretos.
Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.
João 20:3
João 20:3
Somos instados, pelo próprio Senhor, curiosamente, a crer pelo menos nas suas obras, veja o texto abaixo:
Mas, se as faço e não credes em mim, crede nas obras: para que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim e eu nele.João 10:38
Outro argumento, levantado pelo reverendo Augustus Nicodemos, claramente em uma de suas pregações recentes publicadas na web em um podcast, é que esses milagres não são de Deus, mas efetuados por demônios. Colocação lógica e fortemente apoiada na declaração bastante conhecida do Senhor Jesus encontrada em:
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?
Mateus 7:2Mas tal relação é fraca nesse sentido, pois não invalida o fato de haver expulsões de demônios e curas realizadas através de homens e mulheres de Deus e salvas. O problema não é o outro que reclamou fazer tais obras, essas obras são legítimas feitas pelos legítimos filhos de Deus e portanto legítimamente salvos.
Há ainda a possibilidade, resgistrada nos Evangelhos, nas palavras do próprio Senhor Jesus, numa situação claramente "moderna", de irmãos com posturas e opiniões diferentes estarem ambos fazendo a vontade do Senhor, como no texto abaixo:
Ou em:
E, respondendo João, disse: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava os demônios, e lho proibimos, porque não {te} segue conosco.Lucas 9:4
E todos nós conhecemos a resposta do Senhor :
E Jesus lhes disse: Não o proibais, porque quem não é contra nós é por nós. ( Lucas 9:50 )
É desnecessário acrescentar que ao crente comissionado pelas Escrituras, e não simplesmente um cristão cuja fé seja apenas um assentimento doutrinário, os sinais são integrantes de sua comissão e vida, fortemente relacionados ao sacerdócio universal, doutrina resgatada corretamente pelos reformadores a cinco séculos:
E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas;Marcos 16:1
Bem há outras não poucas questões relacionadas as principais diferenças entre duas posições opõem na igreja evangélica contemporânea no Brasil. Por não poucas razões nos alinhamos a uma ou a outra empurrados e impulsionados pelas nossas convicções pessoais legítimas ou pelo reclame social. Afinal é muito mais difícil dar explicações ou não puder dá-las a todo instante. Aparentemente somos mais preocupados com a implicação das comparações com os outros com o que Deus acha de cada um de nos particularmente. Não é um bom caminho.
De um modo ou de outro seremos sempre odiados pelo mundo e muitas vezes haverá ódio entre nós mesmos. Estranhamente mesmo com toda a revelação Bíblica, crentes se estranham muito frequentemente e não conseguem, raras excessões exporem honestamente suas idéias e diferenças. Há excessões. Um irmão calvinista acompanhando a opinião do bispo Edir Macedo sobre o aborto a expôs pessoalmente, enviando-lhe um e-mail, curiosamente o bispo Edir Macedo respondeu em seu blog mantendo a sua opinião ao irmão, Resultado: os dois mantiveram suas posições, mas houve comunicação honesta entre si.
O que não acontece na maioria das vezes. Chama-se de ladrão, sob o manto do anonimato, sendo que não diria o mesmo, nem mesmo a um ladrão condenado pessoalmente. Tem críticas, faças-as as pessoas, conforme a Bíblia, longe dos tempos da web recomendava. Pode ser que seja ouvido ou não, mas se fez a coisa certa. O outro lado é fazer as devidas correções pessoais na sua posição. É lógico um pastor pastorear trinta anos a mesma igreja e ter só cem membros? É razoável Bíblicamente, uma igreja em que ninguém foi em trinta anos curado de câncer milagrosamente ( não via tratamento via plano de saúde caríssimo )? Nunca...nunca...nem um capetinha foi expulso de alguém oprimido e transtornado ( ou transtornados não entram em sua igreja, só gente normal e sociável ) ?
Negar o milagre ( milagre mesmo ) com maracutáias teológicas situa-se no mesmo nível das maracutáias apontadas nas estratégias de marketing evangélico as vezes usadas por muitos pregadores, mas é a mesma forsação de barra... Lembrando que milagre não é o que acontece sob as leis da natureza. sara de uma gripe com ou sem medicamentos não é milagre, embora seja uma maravilha pois é resultado das leis naturais ordenadas por Deus. Milagre é excessão, subverte toda a lógica, como no caso da ressureição de Lázaro, por exemplo. A igreja tem o dever de promover milagres em o nome do Senhor. Não é opção, não é algo relativo apenas, de modo algum. Tem que ser feito. |E se alguém não crê para fazê-los outros são usados por Deus para proporcionar-lhes as pessoas e não adianta espernear. O registro final do evangelho de Marcos é taxativo:
E depois manifestou-se noutra forma a dois deles, que iam de caminho para o campo.
E, indo estes, anunciaram-no aos outros, mas nem ainda estes creram.
Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado.
E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura.
Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas;
Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.
Ora o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus.
E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com {eles} o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém.
Marcos 16:12-20
Por Helvécio S. Pereira
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