Procurando vídeos de pregadores confessadamente calvinistas para uma comparação honesta e distante entre dois pregadores de posições diferentes, para que em vista disso o leitor ocasional desse blog, pudesse fazer um julgamento imparcial, deparei-me com a seguinte postagem de um pastor presbiteriano, calvinista, professor, com mestrado e doutorado em várias áreas e obviamente culto e letrado, a qual reproduzo:
"Basta uma rápida olhada em duas das mais influentes linhas teológicas dos Estados Unidos nas últimas décadas para ver como é verdade que a concepção de Deus do novo calvinismo é essencialmente diferente da concepção de Deus de outros segmentos evangélicos. A primeira que precisamos analisar é a desses tele-evangelistas, chamada teologia “da confissão positiva”, associada a teólogos como Kenneth Hagin, Benny Hinn, Oral Roberts, T. L. Osborn e o mais recente Joel Osteen. É a teologia que apregoou o famoso slogan “tomar posse da bênção”. O Deus descrito por essa teologia é aquele que já liberou todas as bênçãos para o seu povo, bastando apenas que alguém tenha fé e ousadia o suficiente para se apropriar daquilo que Deus já concedeu.
Como diz Paulo Romeiro,
Essa corrente doutrinária ensina que qualquer sofrimento do cristão indica falta de fé. Assim, a marca do cristão cheio de fé e bem-sucedido é a plena saúde física, emocional e espiritual, além de prosperidade material. Pobreza e doença são resultados visíveis do fracasso do cristão que vive em pecado ou possui fé insuficiente (1998, pág. 19).
Nessa linha teológica que foi e ainda é muito popular nos Estados Unidos (e também no Brasil), a ideia sobre Deus é a ideia de alguém manipulável, alguém que pode ser até mesmo forçado a fazer algo quando encontra fé e ousadia do pedinte. Por outro lado, é um Deus que não pode agir, a menos que o crente demonstre fé e atitude. "
O blog em questão, é "Novo Calvinismo" do Pastor Leandro Lima, a quem peço desculpas pela citação inautorizada, mas com o sincero propósito de repercutir a sua legítima opinião e posição. Para fortalecer os argumentos expostos acima, cita com bastante propriedade, as sofríveis citações de vários pregadores contemporâneos e bastante populares tanto nos EUa como no Brasil através de literaturas e programas de TV, entre eles o palestino-americano Benny Him, cujas declarações em seus livros, analizadas com propriedade não podem ser levadas a sério. Notem que discordo , conforme demonstrarei bíblicamente, eu espero do Pastor Leandro mas desprezo a teologia de Benny Him que flerta a todo momento com uma teologia popular e pessoal, a qual se mostra contraditória em não poucos momentos.
Não é porque quem está mais próximo da minha posição seja irrepreensível que a minha posição será uma posição corretamente bíblica ou vice-versa. A posição bíblica correta não é expressa democraticamente, por quantos se aliem a ela ou não. Benny Him não é confiável. Em um momento sua pregação é correta e bíblica e em outra flerta com o inusitado e incongruente.
O Pastor Leandro Lima prossegue enumerando a segunda posição teológica, curiosamente apartir dos Estados Unidos:
"A segunda linha teológica que se tornou bastante popular entre os evangélicos não descende dos tele-evangelistas, pois é mais filosófica e humanista por natureza, expondo a ideia de um Deus que se autolimita por amor. Desde a filosofia do processo de Whitehead, propaga-se um Deus menos “todo-poderoso”, menos definido, mais aberto para imprevistos. O chamado “teísmo aberto” é uma teologia assim e, de certo modo, é apenas uma consequência lógica do arminianismo e uma espécie de “braço esquerdo” da teologia da confissão positiva, tendo, entretanto, um lado mais humanista. Associada a teólogos como Clark Pinnock, John Sanders e Gregory Boyd, defende que Deus não tem todo o conhecimento do futuro nem decreta tudo o que deve ser. Deus não seria esse ser manipulador e impassível da teologia tradicional, mas um Deus que se envolve com a criação e que não tem um esquema fixo de ação, reagindo às situações humanas e se envolvendo pessoalmente com cada uma delas, ainda que isso possa contrariar a sua vontade.
O Deus do teísmo aberto não só não conhece o futuro como não deseja conhecê-lo. Ele está satisfeito com a liberdade de suas criaturas e não pode ser acusado de nada do que acontece de ruim neste mundo. O problema com essa noção é que, se por um lado, Deus se torna uma pessoa muito afável e cheia de sentimentos, por outro, não está no controle de nada. E se Deus não está no controle de nada, então, ninguém está. Logo, o mundo pode seguir o curso do acaso. Porém, isso não faz sentido para uma América acostumada a governar o mundo em nome de Deus.
Piper chegou a editar um livro em que, com diversos autores, faz uma crítica severa ao “teísmo aberto”. No livro, ele escreveu: “Como pastor, vejo o teísmo aberto como teologicamente nocivo, desonroso a Deus, depreciativo a Cristo e pastoralmente pernicioso” (2006b, pág. 445). Não é para menos. É uma teologia que destrói o sonho americano.
Portanto, é possível que essa concepção da pessoa de Deus como alguém limitado, subjugado pela vontade de suas criaturas, que dominou a pregação de grande parte do evangelicalismo norte-americano em suas duas vertentes nas últimas décadas, tenha se desgastado pelo esvaziamento de uma mensagem idealizadora. Em tempos de terrorismo e crises internacionais, a ideia de um Deus “frágil” e “amigo pessoal” pode soar um tanto quanto aterrorizadora. Assim, o novo calvinismo contraria essa noção desgastada de um Deus limitado pela fé ou falta de fé de seu próprio povo e tenta resgatar o Deus soberano e Todo-Poderoso do puritanismo. Isso pode soar bastante “moderno”, mas é preciso lembrar que a modernidade ainda está aí. Hansen percebeu que o crescimento do calvinismo que parecia morto entre os jovens norte-americanos se dá justamente porque esses jovens estão cansados de um Deus que só pretende ser o “amigo pessoal”, aquele que está lá apenas para ajudar a pessoa a se sentir melhor. Assim, a pregação calvinista de um Deus autossuficiente, que chama os homens não para ajudá-lo, mas para que participem da obra dele, acaba tendo um apelo mais forte para parte da juventude atual (2008, ver pag. 22-24).
De algum modo, o Deus do puritanismo se mostra mais seguro e confiável para tempos de tanta turbulência do que o Deus “amigo pessoal” do evangelicalismo. Ele pode dar aos jovens a força de que precisam para suportar os tempos de desintegração social e cultural. Isso pode ser uma explicação para o crescimento do novo calvinismo nestes tempos pós-modernos. É preciso lembrar também que, como foi demonstrado neste trabalho, a pós-modernidade é frequentemente mais uma aspiração do que algo efetivamente concreto. O simples repúdio da pós-modernidade proposto por uma ala do novo calvinismo também pode oferecer uma proposta aceitável para muitas pessoas que justamente estão descontentes com a ideia da relativização e do pluralismo."
Essas duas posições, segundo ele, são destoantes da posição correta calvinista e particularmente dos novos calvinistas, já citados por mim, em mais de uma postagem e nunca negativamente, curiosamente. Embora faça reparações ao calvinismo, não me oponho a sua evangelização, principalmente se trazem fé a avivamento a uma igreja fria e morta, em algum contexto geográfico e cultural específico como o sul dos EUA, na América do Norte. Finalmente o pastor leandro Lima defende o Neocalvinismo ou "Novo Calvinismo" por associar a idéia de um Deus amoroso e pessoal mantendo a idéia e concepção original do calvinismo do que se entende dentro de seu esquema teológico como a "Soberania Absoluta de Deus."Nas suas palavras lemos:
"Porém, para fazer justiça ao novo calvinismo, é preciso destacar que há um esforço (mesmo que ainda pequeno) de ir um passo além da simples recusa da cultura secular, pois associa uma nova visão, ou talvez fosse melhor dizer, “faceta” de Deus. O hedonismo cristão de John Piper enfatiza que Deus não é contra o prazer, mas antes deseja a realização dele na vida dos homens. Deus continua sendo o soberano, supremo governante do universo, com propósitos eternos e imutáveis, mas se importa com a felicidade pessoal de suas criaturas. Desse modo, o hedonismo cristão associa a ideia de um Deus próximo, amoroso, que busca o bem individual e pessoal de cada criatura (do evangelicalismo), com o conceito do soberano implacável (do puritanismo). Nesse ponto, talvez esteja o grande apego do novo calvinismo, pois não elimina a ideia de um Deus amoroso e pessoal, mas ao mesmo tempo o mantém como soberano inflexível. Essa noção equilibrada de Deus, certamente, oferece potencial para um grande desenvolvimento na atualidade e um corretivo que muitas denominações poderiam absorver para se tornarem mais relevantes."
A minha crítica sincera e direta é a ênfase nos modelos e as comparações entre concepções humanamente construídas e não o que as próprias Escrituras, A nossa Bíblia Sagrada, sempre declarou e declara. Aparentemente somos reféns da moda e podemos optar por idéias centenárias e limitadas até mesmo bíblicamente, tendências acadêmicas ainda que fundamentadas numa educação teológica denominacional e opostas a outras que surgem históricamente.
Soam, a mim, de fato, tão artificiais, ( e é plenamente legítimo o que digo no nível da opinião apenas ) quanto o que pretendem combater. Sempre o crente está preso a esquemas de fé e deve ser escolhidas, entre tantas opções ítens compatíveis com outros tantos ítens. Se esses forem mudados afetarão, direta ou indiretamente, outros que não podem ser abandonados por razões denominacionais, confessionais, etc. Esse crente nãoé livre para crer, para aprender e para crescer na genuína fé no seu Deus. Tudo o que ouve e repete é plenamente previsível e plausível somente dentro de um certo espectro.
Essa igreja, esses pregadores, esses cristãos, estão distantes de atender as necessidades de um mundo perdido. Falam para si mesmos, como diante de um espelho, não falam para quem precisa ouvir para ser salvo. Não se trata de uma acrítica pessoal a pessoa do pastor Leandro Lima a quem nem conheço pessoalmente, mas só pela intermediação da web tenho acesso a suas idéias colocadas a análise pública. Mas do mesmo modo que ele, faz uma análise de idéias e práticas, de pessoas que nem ele e nem eu conhecemos pessoalmente, faço o mesmo, ética e respeitosamente. É desnessário que a ligação como passado e com as idéias do reformador João Calvino são no máximo referenciamente históricas e amorosas pois os calvinistas modernos não rivalizam com o grande reformador na urgência e na paixão da pregação ao mundo.
Ao perdido na rua ( e os temos em todos os níveis, desde cidadãos de bem que não conhecem simplesmente a Palavra de Deus, a pessoas nos mais baixos estágios de depravação inimagináveis ) pouco ou nada importam esses "exercícios de lógica teológica". Deus não precisa de defesa, precisa ser proclamado e que alguém aponte para Ele como esperança e resposta, solução e salvação.
A outra posição é dos chamados pelos primeiros, como pragmáticos, buscadores de resultados imediatos. Curiosamente pragmáticos foram todos os que procuraram ao Senhor Jesus para receberem um milagre em suas vidas. Será que não havia nenhuma doença nos corpos dos fariseus? Hipócritas que eram, tinham, eles porventura corpos tão abençoados, que nenhuma doencinha, ainda que sutil lhes acometia ou incomodava? Já tinha eles os melhores planos de saúde com exames caros e completos e jatinhos e helicópeteros a disposição? O que os incomodava eram as idéias, os esquemas teológicos, as práticas consagradas pela tradição e os seu consequente "status" que lhes garantia a posse do conhecimento de Deus. Algo inadivertidamente e na maioria dos casos sinceramente, reivindicado por muitos hoje. Nós conseguimos descrever a deus como Ele é e determinar o esquema máximo de que como Ele funciona e interage com o homem. Trata-se de algo fechado e não abrimos mão do que entendemos e não estamos abertos a nada que as Escrituras ainda possam nos mostrar.
O Deus do novo calvinismo pode até ser Endonista, mas continua a ser um deus calvinista ( com "d" minúsculo mesmo ) em oposição a um outro deus ( também com "d" minúsculo ) arminiano- e não me entendam mal, pro favor. Para mim prefiro o Deus da Bíblia. Ele me choca. Ele preciona o meu comodismo. Ele espanca a minha inconsciente hipocrisia, não a dos outros mas a minha, quando as minhas teorias tão dependentes da aprovação e escrutínio humano, quando não resistem a prova da verdade, quando defendida por si mesma contra a prova da consistência frente a um amor divino real e um homem cuja perdição é, não só real e eminente, mas também irrevogável, a não ser pela fé no nome do único que salva, Jesus Cristo Deus e Filho de Deus, coisa válida para calvinistas, arminianos, ou qualquer um que seja. Essa é finalmente a outra posição que ignora todas essas minúcias e detalhes, que so aponta para o Salvador, sem contudo engessá-Lo, fazendo-O refém do nosso intelecto.
Por Helvécio S. Pereira
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