ORAÇÃO...A IGREJA PODE ORAR!

A muitos anos, cerca de trinta anos  mais ou menos, eu tinha uma namorada, crente, linda, era e é um amor de pessoa. Amava ao Senhor , professora, fez um curso de evangelização de crianças, APEC, que funcionavas na 1ª igreja Batista de Belo Horizonte, localizada a praça Raul Soares, capital mineira. As vezes seu assistia as aulas com ela e a deixava no ponto de ônibus, as vezes assistia ensaio do coral, pregação no culto de terça ou quinta-feira não me lembro. Numa dessas vezes participei de uma reunião de orações numa sala contígua ao corredor lateral do templo. Era época das guerra entre Inglaterra e Argentina, pelas desérticas e inúteis Ilhas Malvinas.

Como todos sabem, a 1ª Igreja Batista de Belo Horizonte ( a que deu origem a todas as outras em certo período histórico da capital mineira ) é uma igreja tradicional e que em nada mudou em todos esses muitos anos, muitas décadas de existência. Nada de barulhos excessivos, palmas, etc. Na reunião de oração, cada pessoa orava baixo, todos de joelhos, com a face voltada para o encosto dos bancos, talvez um pouco mais de vinte pessoas, e cada uma por vez calmamente. A cada oração, atentamente ouvida feita por cada uma das pessoas, todos diziam um "amém" calmo mas firme, concordando realmente como que haviam ouvido e entendido.  Eu não orei publicamente, limitei-me a dizer os "améns", pois não era membro da igreja e ninguém naquela sala me conhecia. Entretanto lembro de uma senhora clara, magra, de altura mediana e de cujos cabelos brancos e volumosos cobriam a sua cabeça. Rugas no rosto e voz firme ela orou calmamente pelo término da Guerra das Malvinas. O que me lembro  que a guerra acabou na semana seguinte. Você pode dizer que Deus não ouviu a oração daquela senhora em particular, que talvez com boa dose de certeza, não foi por causa da oração dela, a qual no final todos dissemos um uníssono "amém" mais uma vez. Se não foi por ela por causa de oração de quem, de quantos, de quais? e porque não poderia ser só a dela ou de mais algumas orações como a dela?

Bem, como já disse outras vezes, eu conheço relativamente os costumes e crenças e práticas de um bom número de igrejas evangélicas. Talvez seja um dos relativamente poucos que aceitem a validade de qualquer crente no seu testemunho, e das igrejas tão diferentes na sua pregação. Vejo as diversas formas de pregação como um solene e alto brado de "Salvem-se!!" repetido todos os dias, vinte e quatro horas por dia, em todos os dias do ano. Quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça e que creia. Até certo ponto o conteúdo é absolutamente irrelevante nos seus detalhes, notem: como apelo a crença na salvação. 

Nesse quesito, o que mais me fascina, é o fato de milhões de crentes , independentemente dos detalhes  da teologia oficial da sua igreja, da sua própria teologia leiga, e até da teologia popular cristã-evangélica, orarem. Fico a imaginar milhões e milhões de crentes orando no domingo a noite em suas milhares de igrejas, pedindo para que Deus tenha misericórdia do Brasil, não abandone esse país a sua própria desgraça, que salve pessoas para o Seu Reino, que nos livre do mal, e detenha o mal acima de tudo em suas ações mais perniciosas. Aliás de fato, se Deus não ouve as nossas orações, de que adianta tudo do mais que fazemos? mas ele certamente ouve. Mas alguém pode dizer asseverando até apropriadamente: mas Deus não ouve Fulano, Sicrano, por causa de seus desvios teológicos, sua conduta, etc. Claro isso pode acontecer se o tal, Fulano , Sicrano e Beltrano, não inclui nas suas orações o perdão de seus próprios pecados. Se esse povo todo, pede esse tipo de perdão em suas orações, os demais pedidos são ouvidos e podem ser atendidos. Portanto igreja: ORE!

Por Helvécio S. Pereira