Na minha opinião não é impressindível o conhecimento, e até mesmo uma admiração por qualquer pregador ou líder cristão. Necessário é sim o conhecimento do que revelam as Escrituras, a Bíblia, a genuína e única Palavra de Deus. Contudo conhecendo-os, a sua fé, as sua luta em defesa do autêntico cristianismo, que finalmente legou-nos a construção de uma prática cristã baseada nas Escrituras é desejável e benéfico numa medida certa.
Para conhecimento dos detalhes e das principais controvérsias, que repetindo, legaram a nós as possibilidades concretas e praticas de nossa fé hoje, reproduzo e ajudo a divulgar mais o texto abaixo e outros a esse tema relacionados.
Por Dr. Vic Reasoner
Em um ensaio intitulado “O que é um arminiano?” John Wesley levantou esta questão, “Como pode saber o que Arminius defendia aquele que nunca leu uma página sequer de seus escritos?” Wesley prosseguiu para oferecer este conselho, “Que ninguém grite contra os arminianos, até que ele saiba o que o termo significa.”
Wesley disse que o Arminianismo foi usualmente acusado de cinco erros:
1. Eles negam o pecado original
2. Eles negam a justificação pela fé
3. Eles negam a predestinação absoluta
4. Eles negam que a graça de Deus seja irresistível
5. Eles afirmam que um crente pode cair da graça
Wesley disse que os arminianos contestaram que “não eram culpados” das duas primeiras acusações. De fato Wesley argumentou que a doutrina do pecado original era “o primeiro ponto principal e distinto entre o Paganismo e o Cristianismo” [“Original Sin,” Sermão 44, III.1]. Concernente à justificação ele também escreveu que ele pensava exatamente como o Sr. Calvino. “Em relação a isto eu não difiro dele nem um pouco” [Diário, 14 de maio de 1765]. Sobre a terceira acusação, todavia, há uma inegável diferença entre calvinistas e arminianos. Calvinistas crêem em predestinação absoluta; arminianos crêem em predestinação condicional. Wesley explicou que os calvinistas sustentam que Deus absolutamente decretou, desde toda a eternidade, salvar os eleitos e mais ninguém. Cristo morreu por estes e ninguém mais. Os arminianos, por outro lado, sustentam que Deus decretou, desde toda a eternidade, “Aquele que crer será salvo: Aquele que não crer será condenado.” A fim de tornar isto possível, “Cristo morreu por todos.”
Wesley disse que os últimos dois pontos são a conseqüência natural do terceiro. Os calvinistas sustentam que a graça salvadora de Deus é absolutamente irresistível; que ninguém é mais capaz de resisti-la do que de resistir ao relâmpago. Mas se a predestinação é condicional, então a graça não é irresistível. Muitos dos “mestres da Bíblia” populares de hoje aceitam a premissa de Arminius, mas a conclusão de Calvino.
Finalmente, os calvinistas sustentam que um crente genuíno em Cristo não pode possivelmente cair da graça. Os arminianos mantêm, entretanto, que um crente genuíno pode fazer naufrágio da fé e de uma boa consciência. Não apenas o homem pode cair em grave pecado, mas pode cair de modo a perecer eternamente.
Assim, Wesley concluiu, de fato as três questões finais dependem de uma, A predestinação é absoluta ou condicional? A objeção de Wesley ao Calvinismo é baseada sobre sua objeção à doutrina da predestinação deles.
John Wesley encerrou o ensaio no qual ele define um arminiano com uma advertência contra usar rótulos e apelidos. Ele disse que era dever de todo pregador arminiano nunca, em público ou privado, usar a palavra calvinistacomo um termo de censura. E é igualmente dever de todo pregador calvinista nunca, em público ou privado, usar a palavra arminiano como um termo de censura [Works, 10:359-61].
John Fletcher escreveu um panfleto intitulado, “A Reconciliação; ou, Um Método Fácil de Unir o Povo de Deus.” Este panfleto contém ensaios sobre o “Calvinismo Bíblico” e o “Arminianismo Bíblico.” Fletcher concluiu que a Igreja precisa do Calvinismo Bíblico para derrotar o Farisaísmo e ela precisa do Arminianismo Bíblico para derrotar o antinomianismo [Works, 2:283-363]. Enquanto Fletcher pode ter sido otimista demais sobre quão “fácil” seria alcançar esta unidade, ele todavia entendia a necessidade de equilíbrio.
Quando John Wesley, o arminiano, discursava no funeral de George Whitefield, o calvinista, ele disse que havia uma característica que Whitefield demonstrava que não era comum. Wesley disse que ele tinha um “espírito católico.” Ele amava todos, de qualquer opinião, modo de adoração ou denominação que tinha fé no Senhor Jesus, amava Deus e o homem, se deleitava em agradar a Deus e temia ofendê-lo, era cauteloso para se abster do mal e zeloso de boas obras [“On the Death of George Whitefield,” Sermão 53, III.7].
Wesley registrou em seu Diário para o dia 20 de dezembro de 1784 que ele teve a satisfação de encontrar Charles Simeon. Entretanto, foi Simeon que preservou o relato dessa conversa.
Eu sei que o senhor é chamado de arminiano; e eu tenho sido algumas vezes chamado de calvinista; e por isso suponho que devemos sacar nossas armas. Mas antes que eu consinta em iniciar o combate, permita-me fazer algumas perguntas... Por favor, o senhor se sente uma criatura depravada, tão depravada que nunca teria pensado em virar-se para Deus, se Deus não tivesse primeiro colocado esse pensamento em seu coração?
Sim, diz o veterano, de fato. E o senhor não tem qualquer esperança de recomendar-se a Deus por alguma coisa que o senhor possa fazer; e busca a salvação unicamente através do sangue e justiça de Cristo?
Sim, unicamente através de Cristo. Mas, supondo que o senhor fosse a princípio salvo por Cristo, o senhor de alguma forma não deve salvar-se posteriormente por suas próprias obras?
Não, eu devo ser salvo por Cristo do princípio ao fim. Admitindo, então, que o senhor foi primeiro transformado pela graça de Deus, o senhor de alguma forma não deve manter-se por sua própria força?
Não. Então o senhor deve ser sustentado toda hora e todo momento por Deus, tanto quanto uma criança nos braços de sua mãe?
Sim, completamente. E toda sua esperança está na graça e misericórdia de Deus para sustentar o senhor até Seu reino celestial?
Sim, eu não tenho esperança senão nele. Então, senhor, com sua licença, eu guardarei minha arma novamente; pois isto é todo meu Calvinismo; esta é minha eleição, minha justificação pela fé, minha perseverança final: essencialmente é tudo que eu acredito e conforme eu acredito; e por isso, se desejar, ao invés de buscar termos e frases para ser motivo de contenda entre nós, iremos cordialmente nos unir nas coisas que estamos de acordo.
Por todo seu ministério, tanto Arminius quanto Wesley pacientemente negavam que eram heréticos, mas confessavam acordo com o Cristianismo histórico e com os grandes concílios ecumênicos da igreja. Arminius declarou, “Se alguém indicar um erro nesta minha opinião, com prazer o reconhecerei: porque é possível que eu esteja errado, mas eu não estou disposto e ser um herético.” Wesley também publicou este apelo,
“Você está persuadido de que enxerga mais claramente que eu? Não é improvável que você possa. Então me trate como desejaria que fosse tratado, caso mudassem as circunstâncias. Me indique um melhor caminho do que eu já tenho conhecido. Me mostre que ele é assim, mediante prova clara da Escritura.” [“Preface” aos Sermões de Wesley, 9].
Estes homens não foram heréticos, mas reformadores. Sua autoridade era a Palavra de Deus. Como argumentamos em favor de sua doutrina, deixe-nos também exemplificar seu espírito com uma confiança tranqüila de que o Espírito da Verdade é capaz de convencer os homens. Mildred Wynkoop escreveu, “Uma das preocupações de Wesley era a certeza de que algo não caminhava biblicamente no calvinismo de sua época. Porém sua polêmica foi doutrinal; jamais foi pessoal. Era valente e enérgica, porém nunca amarga. Este rompimento com o calvinismo não foi uma ruptura da comunhão cristã, mas uma correção do que ele cria ser uma falsa maneira de interpretar as Escrituras.”
Hoje nós ainda compartilhamos a preocupação de Wesley de que a doutrina da predestinação absoluta “não é somente falsa, mas é uma doutrina muito perigosa, como temos visto milhares de vezes” [Letter to Lady (Maxwell), 30 de setembro de 1788]. Todavia não podemos legislar doutrina correta pela força. Nem venceremos o debate através de linguagem insultante e má representação. Nossa tarefa é estabelecer o padrão de interpretação bíblica consistente. Que Deus possa nos capacitar a ensinar as Escrituras com integridade - apesar dos termos pejorativos que somos chamados.
Tradução: Paulo Cesar Antunes
Fonte: http://www.arminianismo.com/
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