Conhecer a Palavra de Deus e através dela, só dela, conhecer o Salvador Jesus Cristo é algo patente entre os cristãos evangélicos. A medida que o tempo passa, no que chamamos convencionalmente de "vida cristã", ( que nada mais parece ser que, o tempo em que você vive nessa terra, indo a igreja, lendo a Bíblia, orando, dando testemunho e procurando fazer o melhor para Deus segundo seu particular entendimento, e capacidade ) cada uma de nós, guardadas as proporções, sabe mais, com o tempo de conversão, acerca do que se crê. Penduricalhos eclesiásticos como hinos de um hinário denominacional, tipo de culto preferencial, tipo de lazer cristanamente permitido pela cultura denominacional, ou do país em que vive, tipo de evangelismo adotado, prioridades denominacionais, etc.
A vida cristã é portanto aquela forma que passamos a viver diferentemente da vida não cristã anteriormente vivida. Reflete em última instância o nosso encontro com a verdade, a nossa conversão. Todo convertido ao evangelho tem um testemunho, uma boa história que vale a pena, não só ser contada, como recordada. Aquele que não tem nada para contar de particular provavelmente não converteu de fato. Há um consenso entre os crentes que essa primeira experiência é a que marca a vida do cristão, do crente, é a melhor da vida cristã. Somos relembrados e exortados a voltarmos ao "primeiro amor", coisa que a própria Bíblia nos exorta a fazer. Aliás o próprio Senhor Jesus, no último livro da Bíblia, o livro do Apocalípse 2:5 Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras;
Certa vez disse, em conversa com outros professores, que em nenhum momento da história, mudanças foram introduzidas, para o bem ou para o mal, por pessoas completamente ignorantes. Ao contrário do que se ensina no mundo acadêmico e nas escolas em geral, que mudanças e revoluções venham das "bases",as grandes mudanças, incluindo as do plano de Deus, Ele o Senhor recorreu, preparou pessoas com capacidades intelectuais necessárias e suficientes para cumprir nelas os seus propósitos. Os exemplos não são poucos na Bíblia. Poderíamos começar com Moisés, passar por Lucas e citar o apóstolo Paulo. Os reformadores do século XVI eram pessoas, homens igualmente cultos, instruídos e preparados dentro de um ambiente idólatra e herético, que era o catolicismo, mas que lhes proporcionou a instrumentalização necessária para prestar o devido serviço que Deus exigiria para o cumprimento da Sua vontade no mundo daquela época, e não só para o seu tempo mas para os séculos vindouros, chegando inclusive até nós.
Para ser salvo, para crer na mensagem do evangelho, para ter um encontro com o Senhor não são necessários nenhuns pre-requisitos sejam eles, intelectual ou cultural. Para certas demandas necessárias ao Reino de Deus óbviamente sim. Fazer uma tradução da Bíblia, algo necessário, exige um longo e penoso estudo, treinamento e finalmente trabalho. Poderíamos citar outras áreas necesárias como a música. Minimamente deve-se conhecer música para escrever uma música, um hino que seja agradável como Arte e eficiente como meio de inspiração cristã. Entretanto nas minhas visitas a sites e blogs cristãos e particularmente evangélicos, tenho observado a sutil e aparentemente justificada, nova prerrogativa para uma "vida cristã", que chega a insinuar perigosamente a uma "nova classe de salvos" e naturalmente de perdidos. Sutilmente o evangelho parece ser algo que só pode ser assimilado, vivido e recebido se esse cristão, se esse novo crente entender profundamente as sutilezas da doutrina cristã. Naturalmente os que se ocupam na defesa quase inconsciente, e ou valorizam esse novo quesito desdenham confessadamente e não titubeiam em atirar farpas aos seus oponentes que não "alcançam" tais compreensões.
É bem verdade que os quatro evangelhos, cada um destinado a um público em sua época: Mateus aos judeus, Marcos aos romanos, Lucas aos gregos e João aos gentios; as cartas apóstólicas, a maioria de Paulo, mas também de Pedro, Judas, Tiago e João; mais o livro de Atos e a Revelação de São João; juntos tratam das profundidades da fé da Igreja, incluindo tudo o que devemos saber sobre ela e seu lugar no plano de Deus. E o que o Novo Testamento, prefiro chamar de Nova Aliança, contém, não é algo raso, rasteiro, sem profundidade, mas ao contrário, profundo e que demanda entendimento e revelação no seu devido tempo, como assevera várias passagens incluindo as do Apocalípse principalmente. Esse é um fato.
Outro fato é o da igreja e seus ministros gastarem boa parte de seu tempo incutindo nos novos conversos todo o entulho de discussões feitas no nível da teologia discutida ou ensinada nas graduações nos seminários. Em um seminário normalmente se vê os dois lados da moeda, as várias correntes de interpretação, os movimentos e tendências históricas e diga-se, a verdade em detrimento da compreensão simples que cada leitor da Bíblia deva ter na sua prática devocional diária. Os ministros academicamente mais preparados assumem posições de acordo com os teólogos e pregadores surgidos no decorrer de determinado registro eclesiástico e denominacional. Não haveria mal nisso se fosse apenas a título de conhecimento e informação, mas o fato é, e o é na prática, que reformadores, teólogos, pregadores, enfim distintos defuntos, ainda que cristãos, tem força e impacto na compreensão diária das escrituras. A tradição protestante passa a ter tanta força, fazendo-se um paralelo, com as tradições católicas. A igreja católica e o cristão católico não dialogam livremente com as escrituras, a Igreja Católica, através da sua tradição, doutores, concílios, e encíclicas, é que tem força na mente do fiel. No seio protestante uma classe de ministros está igualmente contaminada. As denominações que pagam os seus salários, que lhes dão moradia e suporte para terem uma vida privilegiada com tempo para estudo, lazer, desenvolvimento acadêmico, é alinhada com tais e tais posicionamentos. Livres ao crer no evangelho são agora escravos novamente. Se auto separam-se em posições teológicas, pró alguma coisa, contra outra coisa.
Esse tipo de crente, ao desejar saber sobre, por exemplo, a salvação, recorre a um livro que tenha algum capítulo sobre a "justificação do crente". Tenho alguma dúvida sobre uma passagem bíblica recorro a um livro que já contenha a interpretação daquela passagem ( não confundir com geografia Bíblica, antroplogia Bíblica, História Bíblica, etc.). Li em um blog, um pastor "explicando" que a unção dos doentes com óleo não é uma prática correta hoje em dia, pois Jesus mandou que os discípulos não levassem nada consigo, inclui-se aí, segundo a sua compreensão o óleo, e que tal recomendação encontrada nas cartas paulinas, é porque "era costume untar-se as feridas com óleo naquea época, por ter o óleo propiedades anti-inframatórias"(!!!). Esse mesmo irmão sutentou nas entre linhas uma defesa do "sexo anal", ( coitadas das esposas desses irmãos ...) reconhecendo o homossexualismo como pecado, mas afirmando contudo, que Sodoma e Gomorra não foram destruídas por causa da sua degradação comportamental relativa a uma prática sexual sodomita. Esse novo "salvo" é doutor em tantas coisas e discute detalhes do registro bíblico bem próximos daquelas que ficaram históricamente conhecidas como "conversas bizantinas". Quem não detém o mesmo nível de conhecimento ou "erra" em detrerminada interpretação, é tido como candidato "à perdição".
Muitos pastores de igrejas evangélicas respeitadas são dispencionalistas e outros não. Se você nunca estudou o assunto e nem sabe a que essa palavra se refere, não se preocupe. Sua mãe, sua esposa, seu filho, seu amigo, todos podem ser salvos sem ocuparem as suas mentes com essa discussão. Deus vai cumprir todos seus desígnos, a história humana irá se cumprir dentro da soberania divina mesmo a despeito da sua mais completa ignorância sobre o assunto, ou de seu amigo ou de seus parentes.
Você é a favor ou contra a "teologia da prosperidade", expressão que nem existe na Bíblia? Se você a conhece e é contra, provavelmente você tem uma vida dentro dos padrões aceitáveis socialmente. Nunca vi alguém "na pior" ser contra uma declaração de que Deus pode abençoá-lo economicamente mesmo sem saber que a isso se dá o nome de " teologia da prosperidade". "Cura divina"...você é a favor ou contra? é que você ainda não esteve doente. Não importa o nome, a polêmica. São contra, aqueles que podem pagar um bom plano de saúde e fazer exames preventivos. "Profecias"...como elas ocorrem na igreja, como não ocorrem, perigos, erros, se são para hoje, se não são mais para o presente tempo... Todos os terminantemente autoconfiantes sejam na sua cultura, conhecimento acadêmico, etc, são terminantemente contra. É possível entender a Bíblia sem o mínimo de suporte ( entenda-se alguém que lhe ensine, um curso, uma classe preparatória, etc.)? Uma pessoa simples pode responder que sim, outros que tenham a necessidade de estar alinhados com um grupo específico com compreensão específica, podem dizer certamente que não. Católicos Romanos, Testemunhas de Jeová, Adventistas, Mormons e denominações históricamente respeitáveis dizem certamente que não. Não se pode entender o que as Escrituras Sagradas declaram sem que alguém lhes diga o que elas, as Escrituras estão dizendo. Você pode não saber, mas é uma grande e importante discussão.
O mais interessante, tirando os paraprotestantes e católicos romanos, evangélicos autênticos já criaram uma novo nível de excelência para a conversão e vida cristã. Li, recentemente um livro evangélico, em que o autor demole literalmente o valor do apelo e da aceitação pública de Jesus como Senhor e Salvador, afirmando e demonstrando que é "um grande erro" da igreja evangélica em assim proceder e que está ela, igreja, a criar uma classe de cristãos de "segunda categoria" (??!!) Imagino que esse cidadão nunca aceitou Jesus publicamente ou se o fez, ele mesmo retira o valor dessa, ao meu ver, importante experiência.
Por essas e por outras, é que me alegro quando ouço ou leio o testemunho de alguém que ao aceitar Jesus "chorou por mais de uma hora", jogou o maço de cigarros no chão e pisou nele, deixou imediatamente as drogas, etc. Recentemente um preso parou em frente a penitenciária em sua cidade pedindo para ser preso novamente para terminar de cumprir a sua pena. Fugido a mais de três anos, aceitou a Jesus de alguma foma, em alguma igreja, e queria pagar a sua dívida com a lei cumprindo o resto da pena a ele imputada. Saiu em todos os jornais, está na web, deu nas rádios e nas televisões. Graças a Deus esse irmão não sabe nada de "calvinismo", "armianismo", "cessacionismo", "renovação carismática", "unção profética","dispencionalismo", "predestinação", "neocalvinismo", "teologia da prosperidade", "maldição hereditária", etc, etc. E espero sinceramente que continue sem saber. Desejo sim que ele e qualquer um consiga crer no que Deus declara na Sua Palavra a qual contém todas as bençãos possíveis, e a segurança necessária e perfeita para a nossa vida, e para a nossa morte. Pelo Senhor Jesus, nosso único e suficiente Salvador. Amém e amém.
por Helvecio S. Pereira
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